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Não é a consciência do homem que determina o seu ser, mas, pelo contrário, o seu ser social é que determina a sua consciência.” *Kal Marx “os comunistas nunca devem perder de vista a unidade da organização sindical. (Isto porque) a única fonte de força dos escravos assalariados de nossa civilização, oprimidos, subjugados e abatidos pelo trabalho, é a sua união, sua organização e solidariedade” *Lenin

domingo, 8 de janeiro de 2012

Desenvolvimento e socialismo

Desenvolvimento e socialismo

Falar em socialismo deixou de ser um despautério. A crise internacional desmoralizou os fanáticos do mercado. Mas qualquer mudança social tem de ser pensada em meio a um projeto de desenvolvimento viável e no bojo das disputas políticas reais da sociedade brasileira.

(Publicado na revista Margem Esquerda no. 17, Boitempo Editorial, 2011)

Introdução
A possibilidade concreta de se viabilizar uma transição ao socialismo está hoje fora da agenda da sociedade brasileira. A hegemonia burguesa consolidou-se, após um longo período de defensiva das idéias socialistas. Parte da esquerda formada a partir dos anos 1970-80 adaptou-se e ajudou a consolidar tal hegemonia, conferindo-lhe inédita legitimidade.

Essa parcela significativa da esquerda – que inclui lideranças políticas, sindicais e populares – dá nova qualidade ao pacto de classes estabelecido no Brasil, após a eleição de Luís Inácio Lula da Silva à presidência, em 2002. Estabeleceu-se uma aliança sólida entre tais setores e o grande capital financeiro e industrial e o agronegócio, em torno de um projeto de desenvolvimento. O detalhamento de tal pacto pode ser lido aqui.

Embora se percebam vários matizes no interior desse grande acordo, a maior parte de seus agentes se unifica em torno de algumas linhas-mestras: 1. Absoluta prioridade aos setores rentistas, para os quais se destina cerca de 47% do orçamento federal, sob a rubrica de pagamento dos serviços da dívida pública, baseados nos juros reais mais altos do mundo; 2. Manutenção de uma taxa de câmbio valorizada, que favorece o capital externo e penaliza os setores industriais; 3. Livre circulação de capitais; 4. Expansão do mercado interno, através da elevação do salário mínimo e de programas de transferência de renda; 5. Diversificação dos parceiros comerciais do Brasil no plano externo e 6. Manutenção de toda ordem jurídico-institucional criada para a implantação do modelo neoliberal.

Neoliberalismo puro e duro
Não se trata mais do neoliberalismo puro e duro dos anos 1990, quando aconteceram as privatizações em massa e o grosso das reformas constitucionais que garantiram a nova ordem. Tudo se deu ao custo de aumento do desemprego e de três crises consecutivas na economia
brasileira. Esse viés mais radical do mercadismo perdeu legitimidade, mas permanece vivo nas páginas e telas da grande mídia e nos partidos de direita. Atualmente, mantidas suas características básicas, o modelo se arraigou na sociedade brasileira, gerando moderadas taxas de crescimento econômico, além de uma melhoria no padrão de vida dos assalariados e da adoção de políticas sociais focadas.
Num plano muito minoritário em termos de expressão política, existe um projeto à esquerda – que contempla também várias nuances. Na verdade, não se conforma nitidamente como alternativa, mas como ideário disperso em alguns setores sociais. Ele poderia, genericamente, ser classificado como democrático-popular. Essa vertente envolve frações dos trabalhadores, da pequena e média burguesia e mesmo partes minoritárias da burguesia. Algumas dessas formações encontram-se abrigadas no pacto de classes majoritário e, vez por outra, exibem
descontentamentos com os rumos da orientação geral.
Como tratar a questão da transição do capitalismo para o socialismo nessas balizas concretas? Como colocar o tema no plano da tática – ou seja, da política – e não no terreno de uma estratégia desvinculada da formação social e econômica e social atual do país?
Este pequeno texto não responde a tais questões. Elas seguem em aberto nos dias que correm. Busca-se aqui tão somente apontar a necessidade de articulação entre um projeto de desenvolvimento democrático e popular nos marcos do capitalismo realmente existente e a luta pelo socialismo.

Problema tático
Duas décadas depois da derrocada dos regimes do socialismo real, que gerou uma aguda crise política e ideológica na esquerda mundial, e quase uma década após a chegada ao poder de um partido de origem popular no Brasil, o que significa exatamente advogar uma ruptura
socialista?

Um objetivo como esse não pode ser uma construção apenas doutrinária, desvinculada das lutas e condições da realidade política. Ruptura – ou revolução - e socialismo não são valores ou categorias morais. São, antes de tudo, objetivos políticos, inseridos na real disputa de
forças na sociedade. Isso implica estabelecer metas de curto, médio e longo prazo, examinar quem são os sujeitos políticos dessa empreitada, os aliados e os inimigos e traçar um programa mínimo e um programa máximo de ação. Em outras palavras, são partes da construção de uma tática e de uma estratégia política. Não se trata assim de tarefa acadêmica. Uma articulação desse tipo deve captar uma necessidade expressiva na sociedade, tendo como núcleo fundamental os trabalhadores, os setores pobres da cidade e do campo e parcelas da pequena burguesia. Outras frações de classe podem eventualmente se juntar nessa empreitada, dependendo das condições concretas da disputa política.

Revolução em xeque
Ao longo das últimas duas décadas, revolução passou a ser um conceito tido como obsoleto. A queda do muro de Berlim, em 1989, a derrota eleitoral dos sandinistas na Nicarágua, em 1990, o desmanche da União Soviética, em 1991, e a supremacia do modelo neoliberal em quase todo o mundo, acuaram as forças que pregavam mudanças na ordem social. A própria idéia de revolução, no sentido de uma transformação radical da realidade, foi colocada em xeque. Ela voltou à baila primeiro pelas mãos do presidente venezuelano, Hugo Chávez, que desde sua chegada ao poder, em 1998, alardeia comandar uma revolução em seu país. Mais recentemente, as mobilizações populares nos países árabes chegaram a ser chamadas de revolução. Independente da exatidão ou não na utilização do termo, o certo é que ele saiu do limbo a que foi relegado há duas décadas.
O que é uma revolução? As definições sobre uma mudança de tal natureza foram sintetizadas por Caio Prado Júnior (1907-1990):
Revolução, em seu sentido real e profundo, significa o processo histórico assinalado por reformas e modificações econômicas, sociais e políticas sucessivas que, concentradas em período histórico relativamente curto, vão dar em transformações estruturais da sociedade, e em especial das relações econômicas e do equilíbrio recíproco das diferentes classes e categorias sociais. [1]
Fernando Claudín (1915-1990), histórico dirigente comunista espanhol, destaca um traço fundamental nas revoluções:
Toda revolução social, tanto socialista como burguesa, compreende como momento necessário a revolução política, a passagem do poder a uma nova classe. [2]
O debate sobre processos revolucionários pode levar à discussão de outro conceito banido da agenda política: o projeto socialista. Se, como dizia Marx, o socialismo representará o desenvolvimento máximo das forças produtivas, com a disseminação do bem-estar e da qualidade de vida, há que se superar o desenvolvimento capitalista, mudando sua qualidade, guardando algumas de suas características, mas negando outras, essenciais, para a construção de uma nova síntese que pode ser genericamente chamada de desenvolvimento socialista.

A esquerda e o desenvolvimentismo
Embora o desenvolvimento econômico sob o capitalismo seja um projeto essencialmente burguês, é preciso levar em conta algumas de suas características. No caso brasileiro recente, o aumento da massa salarial, a expansão dos níveis de emprego e a disseminação do crédito acabam por atrair largos setores dos trabalhadores para o pacto dominante. A melhoria imediata dos padrões de vida, como acontece atualmente em vários países da América Latina, após duas décadas de estagnação, consolidou a idéia que o desenvolvimento é igualmente bom para todos.
Celso Furtado (1920-2004), o mais radical e talentoso reformista burguês do Brasil, diferenciava desenvolvimento de crescimento. Para ele, “O crescimento econômico, tal qual o conhecemos, vem se fundando na preservação dos privilégios das elites que satisfazem seu afã de modernização; já o desenvolvimento se caracteriza pelo seu projeto social subjacente. Dispor de recursos para investir está longe de ser condição suficiente para preparar um melhor futuro para a massa da população. Mas quando o projeto social prioriza a efetiva melhoria das
condições de vida dessa população, o crescimento se metamorfoseia em desenvolvimento” [3].

Ou seja, trata-se de um processo de transformação social. Essa transformação será tão mais profunda quanto mais a esquerda socialista souber empreender uma luta política para fazer aliados e formular programas na luta por um desenvolvimento distributivista, democrático
e ecologicamente sustentável, que aponte para o socialismo. Não se coloca aqui em dúvida que a transformação almejada será socialista. Discute-se a tática a ser empreendida. Ela depende dos rumos a serem traçados, mas sobretudo da luta e das condições política concretas.

Para definir os atores sociais de uma empreitada dessa envergadura, é preciso apontar o que se quer e onde se deseja chegar. A estratégia de transformação conformará a frente de interesses e de interessados, deixando claro quais os beneficiados e quais os prejudicados com o processo.
O tal do reboquismo
Ao mesmo tempo, a esquerda não pode permanecer como caudatária do desenvolvimentismo burguês. Isso aconteceu de forma clara depois da divulgação da Declaração de Março de 1958, do Partido Comunista Brasileiro (PCB). A íntegra do texto pode ser lida aqui.

Vale a pena estudar aquele documento. Ele é contraditório, mas extremamente interessante. O texto tem o mérito de produzir um giro na atuação partidária, que havia adotado concepções ultra-esquerdistas, estreitas e sectárias após a publicação dos manifestos de janeiro de 1948, de agosto de 1950 e das resoluções do IV Congresso, de 1954. Todos representam reações à colocação do partido na ilegalidade, em 1947. O resultado foi o isolamento do PCB das forças nacionalistas e progressistas.
Após o texto de 1958, a agremiação adotou uma linha de participação no movimento nacionalista, assumiu a luta democrática como bandeira e possibilitou a ela tocar as questões concretas do dia a dia. Houve uma busca pela concretização de alianças, sem exigências irreais,
dogmáticas e apriorísticas de hegemonia, como acontecia no período anterior.
No entanto, a Declaração de Março tem como questão principal um grave erro estratégico, fruto de uma análise precária da composição de classes da sociedade brasileira. O texto atribui à “burguesia nacional” um papel progressista. A dada altura, a Declaração diz o
seguinte:
O proletariado e a burguesia se aliam em torno do objetivo comum de lutar por um desenvolvimento independente e progressista contra o imperialismo norte-americano.

O resultado concreto foi que o Partido acabou por se colocar a reboque da “burguesia nacional” e de sua concepção política e econômica central, o nacional-desenvolvimentismo. A maior parte dessa burguesia aliou-se ao imperialismo no golpe de 1964, isolou e combateu os
comunistas e a esquerda em geral.
O período nacional-desenvolvimentista não foi uniforme e suas características intrínsecas conheceram várias nuances. Obteve-se, através dessas orientações, um modelo de modernização acelerado, que não tocava nas estruturas arcaicas de concentração da renda e da propriedade.
Provocou um dos maiores deslocamentos humanos da história contemporânea, através das migrações internas do campo para a cidade, com vantagens e problemas daí advindos.

O desenvolvimentismo dos anos 1950 entrou em crise, no final daquela década, por conta da maciça e crescente necessidade de importação de bens de produção, o que passou a causar desequilíbrios estruturais no balanço de pagamentos. Some-se a isso, uma contradição inerente ao desenvolvimento, a formação de uma numerosa e disciplinada classe operária, que passou a reivindicar uma repartição maior das riquezas por ela produzida, colocando-se na prática contra um dos pilares do modelo, a super-exploração do trabalho.
As raízes do golpe de 1964 estavam principalmente em impedir que as classes sociais emergentes na cena política a partir de 1930 – especialmente o operariado, os trabalhadores rurais e setores das camadas médias – exigissem democratização da propriedade, da renda e
do poder político. Para seguir atraindo o capital externo, o país teria de domesticar as reivindicações trabalhistas e criar um ambiente politicamente estável.

O golpe de 1964 é a maior expressão histórica do equívoco de se submeter o movimento popular a uma diretriz própria da burguesia. O exame criterioso desse exemplo deve nortear as ações táticas e estratégicas da esquerda brasileira.
As vertentes da retomada Após duas décadas de defensiva das camadas populares, a sociedade brasileira viveu novamente, a partir dos anos 1980, um intenso período de disputas, no bojo das lutas políticas pelo fim da ditadura. O debate tinha como pano de fundo a ofensiva do movimento popular.
A percepção de que o modelo anterior entrara em crise, gerando um acentuado desgaste político do regime suscitou um grande debate nacional. Ele combinava reivindicações democráticas com definições de rumos na economia. Havia três vertentes e várias nuances no tabuleiro.

A primeira delas, liderada pelo grande capital, clamava por uma política de desestatização, identificando o propalado gigantismo do Estado como matriz da dinâmica recessiva e inflacionária que o país viveu a partir de 1982. A saída seria uma redução do papel do Estado, para liberar energias produtivas da iniciativa privada.
 A segunda era vocalizada por setores da burguesia – cuja tradução política se dava através da maioria do PMDB – e por uma parte do movimento social, especialmente pelos setores nos quais o PCB tinha forte presença. Exigiam uma redefinição do papel do Estado, que deveria retomar suas características de planejador e impulsionador do desenvolvimento.
E a terceira vertente – formada pelas lideranças do chamado “novo sindicalismo”, por egressos da luta armada dos anos 1960-70 e por facções progressistas da Igreja Católica – advogava, de maneira rudimentar, uma ruptura com o capitalismo, sem mediações com a
burguesia brasileira. Eram os setores que convergiriam para a formação do Partido dos Trabalhadores. A agremiação nasceu e cresceu criticando a política de alianças de classe do PCB.
Ao longo dos anos, a segunda e a terceira vertente tiveram grande convergência. Ou seja, o PT paulatinamente passou a adotar a aliança de classes que renegara no passado. E ao conquistar o poder de Estado, aconteceu o que o economista Paul Singer notou em entrevista recente: A “aliança com sistema financeiro e latifúndio deu ao PT tranqüilidade para governar”.
Concretizou-se assim o pacto de desenvolvimento mencionado no início. Uma conformação política dessa natureza não é feita para se lutar pelo socialismo e muito menos para mudar estruturalmente a sociedade. É neste cenário que o grande capital, o agronegócio exportador e as velhas oligarquias seguem dominando, em aliança com parcelas expressivas do movimento popular. Colocar na agenda É também neste cenário que a esquerda socialista precisa alcançar legitimidade para colocar na agenda política a alternativa de uma transformação social radical. Dois erros devem ser evitados:
A) Ficar a reboque do desenvolvimentismo. Os setores que o compõem são aliados em uma luta comum até determinado ponto: romper com alguns constrangimentos impostos pelo capital financeiro, o que não é pouca coisa;
B) O segundo equívoco é o oposto. Seria incorrer num doutrinarismo estéril, sem disputar a base social do pacto dominante, que envolve setores com várias contradições entre si. Seria ao mesmo tempo incorreto eleger o desenvolvimentismo como obstáculo principal da luta pelo socialismo No plano concreto, um programa tático poderia envolver, entre outros, os seguintes pontos:
A) Uma política monetária e uma política fiscal expansiva, que se traduza na quebra da dominação neoliberal. Concretamente isso se traduz em juros baixos, fim do superávit primário e na adoção de controle de capitais;
B) No âmbito do trabalho, redução de jornada, aumento de direitos e do trabalho formal;
C) Maior controle do sistema financeiro e reestatização das empresas privatizadas nos últimos 20  anos;

D) Aumento do investimento estatal nos serviços públicos
E) Auditoria da dívida pública;
F). Democratização das comunicações;
G) Reforma agrária;
H). Direitos iguais para homens, mulheres, negros e minorias;
I). Uma política de desenvolvimento ecologicamente sustentável.

A partir desses pontos – que contam com a concordância de amplas parcelas do campo popular, algumas hegemonizadas pelo pacto dominante – é que se pode avançar no plano concreto para a construção de uma estratégia socialista com força social.
A luta pelo socialismo é um projeto coletivo e não-linear. Depende das injunções históricas, do ambiente interno ao país, das condições da economia mundial e de decisões na esfera política. Ela necessita da constituição de uma frente popular e democrática, a partir das organizações existentes na sociedade. Pressupõe a disputa das bases sociais do pacto dominante.

A luta pelo socialismo não interessa ao grande capital e nem àqueles que têm no terreno financeiro e na especulação a fonte principal de seus ganhos. Um projeto desse tipo, que passa por uma ruptura revolucionária, pressupõe a supremacia da política, com sociedade organizada, instituições democráticas e Estado e forte. E pela solidificação dos partidos de esquerda.
É algo a favor das maiorias e contra as minorias privilegiadas. Um projeto desse tipo só é possível em um embate anti-imperial de envergadura e de integração regional soberana.

(*) Agradeço a sugestões feitas em versões anteriores deste texto por Antonio Augusto, Duarte Pereira, Paulo Kliass e Valter Pomar. Naturalmente, eles não têm responsabilidade alguma sobre as linhas que seguem.
 NOTAS 1. Prado Jr., Caio, A revolução brasileira, Editora Brasiliense, São
Paulo, 1987, pág. 11
2. Claudín, Fernando. A crise do movimento comunista: vol. 1. São
Paulo, Global, 1985. v.1. págs. 51-52
3. Furtado, Celso, Os desafios da nova geração, in Revista de Economia
Política, Vol 24, nº 4 (96), Out-Dez – 2004, pág. 484

domingo, 18 de dezembro de 2011

O QUE SIGNIFICA SER DIRIGENTE


O PAPEL DO DIRIGENTE SINDICA


O QUE SIGNIFICA SER DIRIGENTE? 

O PAPEL DO DIRIGENTE SINDICAL

1.   O QUE SIGNIFICA SER DIRIGENTE
    Nos grupos (equipe esportiva, um sindicato, comissão de moradores, comunidade de base) é necessário diferenciar tarefas e responsabilidades para evitar que todos façam as mesmas coisas. Assim, os grupos podem ser mais eficientes no seu funcionamento e utilizar melhor as diferentes capacidades pessoais. Uma dessas tarefas é a de ser dirigente.
    Ser dirigente significa orientar, dirigir uma organização. O dirigente deve conduzir as atitudes da sua organização, ordenar e organizar o seu funcionamento e representar o grupo diante de outros (por exemplo autoridades ou outras organizações).
    Como se pode ver, o dirigente tem mais responsabilidades na organização do que o restante de seus membros.
    A pessoas que é eleita para dirigir o grupo, geralmente possui um conjunto de qualidades e capacidades que a torna apta a ser um bom dirigente. Igualmente, essa pessoa precisa ter desejo e vontade de desempenhar um papel de maior responsabilidade, o qual por vezes; requer sacrifícios.
    Portanto, ser dirigente não é tarefa fácil. Ao se colocar à  frente do grupo, se está mais exposto à crítica e se corre riscos de diversos tipos. Por outro lado, se tem importantes gratificações, como a de se sentir que se está dando o melhor de si, a serviço do grupo e do movimento popular. 

    2. O QUE É NECESSÁRIO PARA SER DIRIGENTE 
    Acreditamos ser importante que os dirigentes tenham certas condições que os tornem mais aptos a exercer o seu trabalho. Entre essas condições, destacamos as seguintes:
    • Serem escolhidos por sua organização
    • Serem representativos, ou seja, que saibam interpretar os membros do grupo
    • Ter vocação para estar à serviço da organização, ou seja, que o dirigente esteja à serviço do grupo e não o grupo à seu serviço
    • Ser democrático no exercício de seu cargo, não impor seus pontos de vista e não deixar de cumprir as decisões tomadas pela organização.
    Muitas vezes se confunde ser dirigente com ser líder. Pra ser dirigente não tem necessariamente que ser líder. A liderança está ligada a uma qualidade pessoal; relativamente excepcional: o carisma, a capacidade de ser especialmente atraente e influente sobre as pessoas. Os líderes não pertencem necessariamente às organizações e frequentemente, surgem de maneira espontânea durante certas situações (por exemplo, quando há uma emergência e ninguém sabe o que fazer, ou em festas, etc)

    3. QUATRO CONTRIBUIÇÕES IMPORTANTES DOS DIRIGENTES 
    Além da contribuição que dão no dia-a-dia das suas organizações, os dirigentes cumprem um papel fundamental para o movimento popular em seu conjunto. Talvez as contribuições mais importantes por eles desenvolvidas são as de promover a participação, organizar, mobilizar e educar. 

    a) O dirigente e a participação
    As organizações populares são muito importantes para enfrentar os múltiplos problemas dos trabalhadores. Nelas, se luta pelos direitos, se realizam atividades solidárias e de substância.
    O dirigente deve facilitar a democracia e a participação no grupo. Nisto tem um importante papel a cumprir. Algumas das habilidades que podem ajudá-lo a promover a participação são: facilitar a comunicação entre seus integrantes e tomar decisões coletivamente. 

    b) O dirigente como organizador
    A única forma pela qual os setores populares podem melhorar suas condições de vida é organizando-se. Pouco podem esperar os trabalhadores que não provenha de si mesmos e de sua ação. A organização permite unir as capacidades e vontades de diferentes pessoas que tem interesses comuns. Para que existam organizações, a contribuição do dirigente é vital.
    Às vezes a contribuição dos dirigentes consiste em criar organizações. Tratam-se de bons “construtores” de grupos, que sabem detectar o que interessa as pessoas de certo setor e buscam formas eficientes para organizar-se. Assim, os dirigentes contribuem para o fortalecimento dos setores populares.
    Outras vezes, conseguindo fazê-las funcionar melhor, incorporam mais gente e fazem com que seus membros se desenvolvam através das atividades que realizam. Tratam-se de bons “organizadores” que sabem enfrentar adequadamente os conflitos, que ajudam a conseguir a unidade entre os membros do grupo, que criam uma mística em torno das ações conjuntas e que tornam eficiente a prática da organização.  

    c) O Dirigente Como Mobilizador
    Os dirigentes contribuem também na mobilização, ajudando a buscar caminhos para solucionar problemas diversos, tais como, saúde, alimentação, trabalho, justiça, que afetam os setores populares. É impossível pensar que esses problemas sejam resolvidos sem mobilização, ou seja, sem que as organizações e o povo lutem e reclamem por seus direitos.
    Muitos dirigentes são bons mobilizadores porque sabem estimular a participação das pessoas. Isto se deve ao fato de terem sensibilidade para captar a disposição de atuar das pessoas e o conhecimento dos seus problemas. Trata-se de dirigentes que inspiram confiança e credibilidade na medida em que as pessoas sabem que não estão sendo manipuladas ou enganadas e que as ações que realizam conduzem a soluções, ainda que parciais, de seus problemas.
    Os dirigentes também devem saber negociar. Muitas vezes as mobilizações populares terminam em uma negociação com as autoridades pertinentes. Nestas situações, um dirigente deve saber resguardar sempre os interesses de seu representantes, de modo que a mobilização signifique um avanço para a organização e não um retrocesso. 

    d) Os dirigentes como educadores
     É necessário que os dirigentes tenham também uma atitude educadora. Educar, em um sentido amplo, significa transformar, mudar a realidade. Quando uma pessoa tem acesso à educação, ela cresce, conhece novas coisas e olha a realidade de uma maneira mais crítica. Por isso, é necessário que os dirigentes promovam atividades educativas.
    O dirigente não educa somente quando promove a capacitação de sua organização em um determinado tema, mas também o faz com seu exemplo. Com efeito, o testemunho de vida de alguns dirigentes educou e formou muitas pessoas.
    De igual maneira, um dirigente educa quando cria opiniões em torno de diferentes aspectos da realidade local e nacional, porque ajuda as pessoas a terem uma atitude crítica.
    Em resumo, a contribuição dos dirigentes aponta na direção de promover a organização e a participação dos setores populares, e sobretudo, a incentivar sua mobilização na busca de solução para seus problemas básicos. Junto com isso, o dirigente pode contribuir promovendo a educação popular, para ter um conhecimento mais crítico e ter mais elementos para transformar a realidade.
    Apesar de cada dirigente dar sua contribuição em um nível local, regional ou nacional, a contribuição de todos é importante no avanço da construção de uma sociedade mais justa e democrática. 

    4. CAPACIDADES QUE DEVE TER UM DIRIGENTE.
    Talvez a função mais importante dos dirigentes seja a de recolher os interesses, anseios e esperanças de seu povo e transformá-los em organização e mobilização capazes de responder a essas inquietudes. Um dirigente não somente tem que ter a sensibilidade para saber o que o povo quer e necessita, mas também, deve ser capaz de ativar e empolgar os trabalhadores e perceber até onde estão dispostos a atuar.
     Queremos assinalar aqui algumas capacidades que o dirigente deve possuir para contribuir positivamente na ação organizativa: 

    a)    Ter a confiança de seus representados
     Não basta que um dirigente tenha consciência das injustiças que sofrem os trabalhadores e da necessidade de mudar esta situação. Tampouco é suficiente que os dirigentes sejam decididos e valentes. Para mobilizar o sindicato de qualquer organização é muito importante que os dirigentes estejam muito próximos de suas bases, que sejam legítimos e confiáveis, sendo para isso fundamental a honestidade e o compromisso comas pessoas que representam. 

    b)    Ter informação sobre a realidade
    Junto com essa capacidade de interpretar o povo, o dirigente deveria ter um grande conhecimento sobre a realidade em que está inserido. Não é suficiente saber que existem problemas de suma gravidade como o desemprego, a fome ou a falta de moradia. É necessário que domine informação precisa sobre estes problemas, tanto a nível de seu local de trabalho, da comunidade, como do conjunto do país.
    Dominar informações supõe, ao menos, dois trabalhos bastante complexos: saber onde buscá-la e como obtê-la; e ser capaz de interpretar tal informação de modo crítico. Este conhecimento mais exato da realidade é muito importante para poder levar suas reinvidicações de maneira mais fundamentada.
    Complementando, é necessário que os dirigentes tenham conhecimento do tipo jurídico (leis) que possam ajudar-lhes a levar suas reinvidicações com maior embasamento e possibilidades de obter respostas adequadas. 

    c)    Ter clareza com relação aos objetivos
    A ação sindical deve perseguir objetivos determinados. Qualquer ação que se programe deve ter alguma saída que permita o crescimento e aprendizagem do grupo e não a sua desarticulação, como acontece em muitos casos. Por isso, é conveniente não propor-se apenas um objetivo. Também é importante valorizar outros tipos de resultados, como o fortalecimento da organização, o crescimento das pessoas e a articulação a ser alcançada com outros grupos. 
    d)    Saber enfrentar as autoridades
    No caso da ação reinvidicatória é indispensável que o dirigente seja capaz de atuar com autoridade: deve defender os interesses dos trabalhadores diante das autoridades e negociar quando for necessário.
    Negociar significa chegar a algum acordo que seja favorável, neste caso, para os trabalhadores. Uma negociação requer que os dirigentes tenham posição clara, dominem diversas alternativas e disponham de informações precisas sobre a questão em pauta. Evidentemente, uma negociação implica em concessões de ambas as partes. O importante é que um dirigente tenha bem claro em que aspectos não pode ceder e que isso tenha sido previamente discutido e decidido com suas bases. Na medida em que os trabalhadores estão mobilizados e dispostos a atuar, a negociação será mais favorável para eles. Pode haver momentos que, em virtude do baixo nível de mobilização e organização não seja conveniente negociar. Vale lembrar que, historicamente os trabalhadores e o povo em geral, só seguiram resultados mais vantajosos nas negociações, graças à sua capacidade de luta e organização. 

    e)    Promover a articulação das organizações populares
    Um dos aspectos fundamentais da ação do movimento popular é a articulação das diversas organizações. Aqui, a contribuição dos dirigentes é fundamental. Trata-se de encontrar os pontos de convergência, mesmo quando existem diversidade de interesses, de estilos e de pensamentos. Trata-se de encontrar os pontos de unidade de dêem mais força as reinvidicações, a organização e, portanto, maior poder de pressão.
    Em resumo, uma função importante dos dirigentes é recolher os interesses e esperanças do povo e transformá-los em mobilização e organização para obter respostas as suas múltiplas necessidades. Para isto o dirigente deverá:

    ·  Ter a confiança de suas bases e está junto com elas
    ·  Ter informação precisa sobre os problemas dos trabalhadores
    ·  Programas ações com objetivos claros e possíveis de serem alcançados
    ·  Ser capaz de enfrentar as autoridades sabendo negociar com elas, mas  defendendo os interesses dos trabalhadores
    ·  Promover a articulação das organizações populares buscando pontos comuns.

    5. O DIRIGENTE E A FORMAÇÃO
    Como já se afirmou, para transformar a situação da opressão em que vivem os setores populares, também é necessária a educação. Ter um melhor conhecimento da realidade e refletir sobre nossas ações, nos dá melhores ferramentas para compreender a realidade e sobre tudo para transformá-la.
    Através da formação, os membros de um grupo melhoram sua capacidade de expressão, começam a ter uma posição frente à realidade, tornam-se mais desenvoltos e participativos.
    Por isso, os dirigentes devem preocupar-se também em incentivar a educação dentro da organização e criar condições para o crescimento e desenvolvimento pessoal de seus membros.
    Não se trata somente de organizar atividades educativas, mas também é importante uma atitude educativa por parte do dirigente. Uma atitude que valorize os aspectos positivos de cada pessoa procurando fazê-la avançar ainda mais, a partir de seus interesses e capacidades.

    Outros elementos que caracterizam a atitude de um educador são:

    a)    Promover O Saber
    Isto significa desenvolver uma habilidade para socializar conhecimentos, para investigar a realidade, para despertar o interesse e a curiosidade do conhecimento, de tal modo, que o grupo vá crescendo e, ao mesmo tempo, enriquecendo os objetivos que mantém viva a organização.
    O dirigente deve estar atento às necessidades de formação dos integrantes de sua organização. Para isto devem planejar atividades educativas, tendo em vista os objetivos que se quer alcançar com esta atividade, as pessoas que serão convidadas a participar dela, os recursos humanos e materiais que serão necessários, etc.

    b)    Enfrentar educativamente os conflitos do grupo
    O dirigente deve facilitar que os problemas se expressem abertamente e que o grupo, como coletivo, encontre soluções. Nem sempre se conseguirá chegar a visões totalmente comuns, mas é importante poder explicitar os pontos de concordância e seguir avançando, assumindo que haverá de se conviver com algumas diferenças.
    O dirigente, em todo caso, pode ajudar os membros do grupo a diferenciarem o que é secundário do que é central num problema e concentrar esforços para solucionar o mais importante. 

    c)    Demonstrar uma atitude aberta e crítica
    O dirigente deve estar disposto a entrar em uma relação democrática e de diálogo: escuta e facilita a expressão. Escutar não é só permitir que os demais falem mais é saber animar com palavras e gestos, é fazer perguntas, etc.
    Ter uma atitude aberta significa também, reconhecer que frente a um problema determinado, há muitas respostas possíveis, muitos caminhos válidos e muitos pontos de vista. Por isso, o dirigente deve apresentar diversas alternativas e alimentar com informações, a mais completa possível, que permita ao grupo e formando seu próprio ponto de vista.
     Deste modo, ser incentivará entre os membros do grupo, um espírito crítico e de iniciativa.
    Para realizar uma atividade educativa nem sempre é necessária a presença de um especialista. Também se pode recorrer a membros do grupo ou a pessoas do setor que tenham experiências e conhecimentos sobre o tema.
    Também deve-se cuidar da utilização de técnicas e materiais educativos que tornem possível a participação ativa do grupo.
    Além disso, se pode recorrer, em caso de necessidade, a pessoas e instituições locais que tenham experiência neste tipo de atividade.
    Em resumo, a educação serve aos setores populares para ter uma maiôs conhecimento da realidade e poder transformar a situação de opressão em que estes vivem.
    Através da formação, os membros de uma organização melhoram sua capacidade de expressão começam a ter opiniões frente a realidade e se tornem mais participativos.
    Por isto os dirigentes devem preocupar-se em incentivar a educação na sua organização e, sobretudo, devem ter uma atitude educativa que ajude a fazer crescer as pessoas.

                Algumas atitudes educativas são:
    • Promover o saber, o interesse por conhecer
    • Enfrentar educativamente os conflitos do grupo
    • Demonstrar uma atitude aberta e crítica.

    6. PAPEL DO DIRIGENTE
    O dirigente pode, em grande medida, contribuir para que as organizações funcionem eficientemente. De início deverão ter a capacidade para ir recolhendo os anseios e habilidades dos membros da sua organização e transformá-los em ações concretas e possíveis de serem realizadas. O dirigente terá que ir preparando ações e formas de organizar-se que permitam à sua organização cumprir as metas propostas anteriormente.
    Há pelo menos dois fatores de grande importância para a organização e eficiência de um grupo: o planejamento das atividades e a avaliação do trabalho. 

    a) O planejamento das atividades
    Planejar é pensar agora o que se vai fazer depois. Isto significa, programar dentro do tempo, as atividades de uma pessoa ou de um grupo, deixando claro o que se vai fazer, por que se fará, em que momento e com que recursos.
    Planejar as atividades de uma organização tem várias vantagens. Uma delas, é que obriga o grupo a pensar porque serão realizadas determinadas ações e como estas se relacionam com seus objetivos. Isto ajuda a não cair no “ativismo” que é, justamente, realizar uma atividade atrás da outra, sem nenhuma coerência entre elas e sem saber em que direção estão apontando.
    Outra vantagem do planejamento é que ele permite prever os resultados que se quer obter com uma atividade determinada, o que permite avaliar com maior facilidade.
    Também ajuda a organização a realizar suas atividades de modo mais ordenado e a saber, de antemão, que recursos se necessitará e onde se pode consegui-lo
    O planejamento permite prever alguns obstáculos, aqueles que aparecem na execução de uma atividade, o que nos permite tomar medidas para retificá-la e melhorá-la.
    Uma boa maneira de planejar, no caso das organizações, consiste em elaborar planos e programas de trabalho onde apareçam as diferentes atividades que se pretende realizar durante um período de tempo.
    Agora vejamos, quem deve realizar esse planejamento?
    Se queremos que a organização seja participativa, todo o grupo deve ser chamado a dar idéias e opiniões. Mas caberá  ao dirigente, apresentar as proposições a serem discutidas e colocar no papel o planejamento resultantes da diferentes contribuições do grupo. Ainda assim, deverá ir introduzindo momentos de avaliação durante a execução das atividades e após a sua realização.
    Há certas perguntas importantes de se fazer ao realizar um planejamento: 

    Qual é o problema? 
    Qualquer atividade se realiza para enfrentar algum problema. Têm causas que lhes dão origem. Antes de planejar uma atividade determinada será necessário perguntar-se a que problema se pretende responder e refletir sobre suas causas. Isto é o diagnóstico.

    O que queremos alcançar? 
    Já dissemos que as atividades buscam dar soluções a problemas. Mas seguramente não poderão resolvê-los completamente; por isto é necessário que nas atividades se tenha claro o que se pretendem alcançar, ou seja, seus objetivos. 

    O que devemos fazer para alcançar os objetivos?
    Para se alcançar os objetivos, deve-se realizar atividades. Podem haver diversos tipos de atividades para se alcançar um mesmo objetivo. O importante é escolher aquelas que o grupo possa realmente assumir. Ou seja, que tenha capacidade, recursos e entusiasmo para levá-las até o fim. 

    Como vamos realizar as atividades? 
    Uma vez definidas as atividades, haverá  que distinguir quais são as tarefas que se deve realizar. Para cada tarefa, o grupo deverá definir pessoas e comissões encarregadas de cumpri-la. A distribuição das tarefas é um aspectos importante da ação do dirigente e que ele precisa saber fazer. Impor quem deve realizar as tarefas não se sentem comprometidas a realizá-las. O mais adequado é que as tarefas sejam assumidas voluntariamente pelos membros do grupo de acordo com seu interesse, ou quem o dirigente sugira responsáveis pelas tarefas de acordo com suas habilidades.
    Ao distribuírem-se as tarefas, o grupo deverá fixar prazos para a realização de cada uma delas. Nem todas as tarefas requerem o mesmo tempo e os membros do grupo devem ter isso em conta ao assumirem a responsabilidade por elas.
    Planificar o tempo tem grande importância para que não ocorram atrasos, para que as pessoas não se sobrecarreguem de tarefas que depois não poderão ser cumpridas e para que se possa ter um certo ordenamento das tarefas. 

    O que necessitamos para realizar a atividade? 
    Qualquer atividade que se faça, demanda certos recursos. Às vezes serão necessários somente recursos humanos, ou sela, pessoas dispostas a trabalhar. Mas quando se trata de atividades de maior envergadura, serão necessários também recursos materiais e inclusive dinheiro.
    Os recursos são fundamentais em qualquer planejamento porque definem o que é e o que não é possível realizar. Muitas vezes ocorre o fato de que por não se pensar na questão dos recursos, a realização de uma atividade fica comprometida no meio do caminho, produzindo frustração no grupo.
    Um aspecto muito importante é ver como conseguir os recursos. Nem sempre há a necessidade de buscá-los fora do grupo. Também é possível encontrá-los dentro do próprio grupo ou criá-los de forma coletiva. Por exemplo, é  bastante freqüente que as organizações façam rifas para obter algum recurso. 

    b) A avaliação 
    Avaliar significa rever a prática da organização e verificar seus avanços com relação aos objetivos formulados.
    A avaliação poderá realizar-se, desde que a atividade ou o plano de trabalho já tenham sido executados. Isto será útil porque nos permitirá analisar até que ponto foram cumpridas as dificuldades encontradas e quais foram os acertos e erros. Neste tipo de avaliação será conveniente que participem todas aquelas pessoas que levaram adiante a atividade, incluindo outras pessoas que de alguma forma tenham se beneficiado com tal iniciativa.
    Mas não devemos avaliar as atividades somente quando já se realizaram: também é necessário avaliá-las ao longo de suas execuções para que se possa introduzir mudanças e corrigir, em tempo, os erros que vão sendo cometidos.
    Ao avaliar uma atividade ou um plano de trabalho é conveniente fazer-se algumas perguntas que possam guiar o processo de avaliação:

    • Foram cumpridos os objetivos propostos?
    Ø  Que dificuldades (pessoais, do grupo ou da população) se encontraram para alcançar os objetivos?
    Ø  Que aspectos contribuíram para que fossem atingidos os objetivos? 
    ·        Foram cumpridos outros objetivos?
    Ø  As atividades tiveram outros resultados positivos ou negativos não esperados? 
    • Como se organizou o grupo para realizar a atividade?
    Ø  O grupo todo participou da execução das tarefas? Os responsáveis cumpriram com suas tarefas? Foram cumpridos os prazos estabelecidos? 
    ·        Como se utilizaram os recursos?
    Ø  Faltaram recursos? Se esbanjaram recursos? Se buscaram os recursos próprios do grupo? 
    • Quais foram os custos?
    Ø  Valeu a pena realizar a atividade? 
    Na organização, não é suficiente avaliar somente as atividades. Podem ocorrer problemas de funcionamento ou de relacionamento pessoal no grupo, que se não são enfrentados no momento adequado, podem converter-se em conflitos difíceis de serem resolvidos. Por isso, a avaliação permanente da organização é uma tarefa necessária, sendo que cabe ao dirigente tornar-se seu principal estimulador. A avaliação, assim entendida, pode converter-se em uma importância ferramenta para a eficiência e em um espaço de participação para todos os membros do grupo.

                Existem distintas formas de avaliar em uma organização:
    ·        Pode fazer-se individualmente, preenchendo uma pauta de perguntas.
    • Pode-se fazer uma avaliação grupal, em que se respondam perguntas em pequenos grupos,
    • Outra modalidade consiste em se fazer entrevistas individuais ou em pequenos grupos; isto ajuda a resgatar a opinião dos participantes com mais profundidade.
    Outra forma de avaliar, que pode ser de grande utilidade nas organizações, é a auto-avaliação, isto quer dizer que cada membro do grupo avalia a si mesmo com relação à  sua participação nas tarefas da organização. A auto-avaliação supõe ter uma grande capacidade autocrítica, saber reconhecer suas contribuições e erros. Isto não é nada fácil, pois exige que opinemos sobre nós mesmos.
    Por exemplo, é muito comum encontrar-se atitudes defensivas, em que as pessoas são incapazes de reconhecer seus erros, e acham que tudo que fazem está muito bem. Mas também, por vezes, ocorre a atitude contrária, que acentua todos os aspectos negativos, culpando-se por eles, sem reconhecer as contribuições positivas que foram dadas ao grupo.
    É preciso entender a auto-avaliação como um dos componentes da avaliação, que traz informação específica sobre os participantes do grupo: o que aprenderam, que obstáculos encontraram e em que falharam. Esta informação, de caráter mais pessoal, é muito importante para avaliar os resultados da atividade.;
    Em resumo, o dirigente tem grande importância para que a organização funcione de maneira eficiente. Seu papel será  de ir propondo atividades e formas de organizar-se que permitam ao grupo cumprir suas metas. Pra isso, é necessário planejar e avaliar aquilo que se faz. Planejar é pensar antes o que se vai fazer em seguida. O planejamento pode realizar-se respondendo a certas perguntas: qual é o problema que se quer enfrentar? O que se quer alcançar? Como se vai realizar? O que é necessário para fazê-lo?
    Avaliar significa rever as atividades que a organização realiza e analisar se foram cumpridos os objetivos inicialmente propostos, se se alcançaram outros objetivos que não haviam sido previstos e quais foram as dificuldades, os acertos e os erros.

    Tomado de:
    PIIE: programa interdisciplinario de investigaciones em educacion
    CIDE: centro de investigacion y desarrollo de la educacion
    (algumas partes do documento foram modificadas levemente, para adaptá-las a nossa situação) – Equipe alforja
     

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