Em reunião da direção da Contracs, José Genoíno aponta que não pode haver governo progressista sem que movimentos sociais governem juntos.
Escrito por: Luiz Carvalho Contracs/CUT
Cearense nascido em Quixeramobim, o
ex-presidente do Partido dos Trabalhadores José Genoíno se define como um
otimista com os pés no chão. E é com eles firmes na terra que o ex-deputado
federal por São Paulo durante 25 anos defende politizar o processo de
sindicalização como uma saída para que o Brasil possa retomar o caminho
progressista.
Dirigentes
da Contracs discutiram rumos do movimento sindical e participação das entidades
nas eleições
“Temos de fazer um trabalho de conscientização, voltar ao local de trabalho, um
processo coletivo e de mobilização, que dialogue com o povo. O movimento
sindical, se não fizer isso, se liquida. O capitalismo não quer negociar, só
negociará se perceber que os sindicatos têm força”, definiu.
O ex-parlamentar esteve nesta sexta-feira (20) em Mongaguá (SP) para
participar da reunião da direção da Contracs (Confederação do Trabalhadores no
Comércio e Serviços) em sua análise da conjuntura brasileira, demonstrou
enxergar um aspecto positivo no formato do golpe, que teve como objetivo
colocar o PT nas cordas.
“Esse processo criou politização da população porque perceberam que só o
PT apanha. E é por isso que Lula está preso. Lula é a representação simbólica
do anti-golpe, se soltá-lo ele se elege ou elege quem apoiar. Com a prisão
dele, o que está em jogo é completar o processo de aumento da subordinação do
Brasil ao sistema financeiro internacional, completar a privatização de Caixa
Econômica, Banco do Brasil, fazer reforma da Previdência”, apontou.
Onde errou
Um dos parlamentares presentes no processo de elaboração da Constituição
Federal de 1988, ele lembrou que o PT, apesar de assinar a carta, criticou em
voto simbólico cinco pontos. Ao abordar esse tema, ressaltou ainda que foram
temas não aprofundados durante os governos petistas, mas que precisam ser
tratados em uma futura gestão.
São eles a relação com a propriedade, a reforma do Poder Judiciário, a reforma do Conselho de Segurança Pública, fazer da tortura crime contra a humanidade e a regulação da comunicação.
São eles a relação com a propriedade, a reforma do Poder Judiciário, a reforma do Conselho de Segurança Pública, fazer da tortura crime contra a humanidade e a regulação da comunicação.
Em relação ao último ponto, a mídia hegemônica, Genoíno aponta o papel
dela para apontar direções e determinar valores, por isso a importância de
estabelecer regras para seu funcionamento, combater o monopólio e garantir o
contraponto em temas, como por exemplo, a defesa da soberania nacional.
“Temos a entrega da base de Alcântara, da Embraer e se privatizarem
também o projeto de submarino nuclear, a soberania estará entregue. Para dizer
sim ou não numa negociação com atores internacionais, é preciso ter força, algo
que o Brasil está perdendo”, falou Genoíno.
Ao retomar o tema da sindicalização com politização, ele apontou os
prejuízos que não executar ambos os processos causam.
“Uma das coisas mais difíceis da esquerda é mexer com corações e mentes.
Nosso erro foi fazer ProUni, Bolsa Família, Pronaf e não mexer com corações e
mentes. Mostrar que só um governo popular e progressista pode tocar projetos
assim. É o mesmo que fazer a luta sindical e não mostrar que sem sindicato não
se garante conquistas. Você perde a disputa consciencial.”
Lula como ideia – Ao final, ele tratou do apoio a Lula e falou que o grande apoio ao ex-presidente se traduz em defender seus valores como princípios para a luta.
“A maior solidariedade a Lula é ser capaz de transformar o exemplo dele em
ideia e é uma ideia. O que aprendemos no governo e que temos de usar como
princípio é que sem mobilização popular a gente não garante conquistas e não
faz transformações. Temos que apostar na mobilização, na resistência popular e
na unidade das forças de esquerda e Lula também defendia isso”, determinou.