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Não é a consciência do homem que determina o seu ser, mas, pelo contrário, o seu ser social é que determina a sua consciência.” *Kal Marx “os comunistas nunca devem perder de vista a unidade da organização sindical. (Isto porque) a única fonte de força dos escravos assalariados de nossa civilização, oprimidos, subjugados e abatidos pelo trabalho, é a sua união, sua organização e solidariedade” *Lenin

segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

A Contracs/CUT participou da II Jornada Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora, no período de 04 a 06 de dezembro de 2018, Brasília – DF.

A Contracs/CUT participou da 2ª Jornada Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora, no período de 04 a 06 de dezembro de 2018, Brasília – DF.
O Ministério da Saúde por meio da Coordenação-Geral de Saúde do Trabalhador do Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador (CGST/DSAST/SVS/MS, realizou a 2ª Jornada Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora a 2ª Jornada é um espaço participativo e democrático de troca de experiências e discussão sobre temas estratégicos para o fortalecimento da Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador (Renast), com mais 300 (trezentos) participantes de diversos ministérios, órgão e entidades da sociedade civil organizada e usuários do SUS – Sistema Único de Saúde.  
Participação efetiva de Gestores da Renast, Coordenadores dos Centros de Referências em Saúde do Trabalhador (Cerest) – estaduais e regionais e Coordenadores Estaduais e Municipais de Saúde do Trabalhador, Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS/MS), Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), Fundação Oswaldo Cruz, Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS), Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS), Conselho Nacional de Saúde (CNS), Conselhos Estaduais de Saúde (CES), Departamento de Gestão da Vigilância em Saúde (DEGEVS/SVS/MS), Departamento de Atenção Básica (DAB/SAS/MS) e demais áreas do Ministério da Saúde.
Atores intersetoriais: Ministro do Trabalho (MTb), Fundação Jorge Duprat e Figueiredo (FUNDACENTRO), Secretaria de Previdência Social, Ministério Público do Trabalho (MPT), Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (CEBES), Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada Anvisa (IPEA), Associação Nacional de Medicina do Trabalho (ANAMT), Hospital de Câncer de Barretos e Instituto Nacional do Câncer.

Universidades: Federais de Minas Gerais (UFMG), Mato Grosso (UFMT), Rio de Janeiro (UFRJ), Bahia (UFBA), São Paulo (USP) e Brasília (UnB), Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), UNICAMP-Campinas, UNESP-Botucatu.
Contou ainda com a participação das Centrais Sindicais, do Departamento Intersindical de Estudos e Pesquisas de Saúde e dos Ambientes de Trabalho (DIESAT) e do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos.
A Jornada teve início com o Painel: Os Desafios das Mudanças no Mundo do Trabalho para Saúde do Trabalhador.
Abordou a Saúde do Trabalhador na Atenção Básica; Vigilância e Estratégias de Enfrentamento do Câncer relacionado ao Trabalho; Vigilância em Saúde do Trabalhador do Campo, da Floresta e Águas; Informação em Saúde do Trabalhador como Ferramenta Transformadora; Saúde Mental relacionado ao Trabalho; Informalidade e Microempreendorismo; Indústria 4.0 e Populações Vulneráveis. 
Apresentou o processo de revisão da Lista Relacionado ao Trabalhado, do resultado da Câmara Técnica de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora na perspectiva (Re)Estruturação dos Centros de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest) dentro da Renast e organização da 16ª Conferência Nacional De Saúde (8ª+8): Democracia e Saúde”: Saúde como Direito, Consolidação dos Princípios do Sistema Único De Saúde (SUS) e Financiamento do SUS.

O último ponto, justamente aquele apontado como essencial e que traz grande preocupação e necessidade de debate na visão do representante da Contracs, o secretario nacional de Saúde e Segurança do Trabalhador, Domingos Braga Mota.


“Discutir a revolução industrial 4.0 é urgente para que possamos tratar da inclusão daqueles que estão pejotizados, como o pessoal do UBER, os MEIs (microempresários), porque não deixam de ser assalariados, vendem mão-de-obra para precarização”, destacou.
Alem do Lançamento do Atlas do Câncer Relacionado ao Trabalho.
Domingos Braga Mota 
Secretario Nacional de Saúde e Segurança do Trabalhador e da Trabalhadora da Contracs/CUT.

terça-feira, 13 de novembro de 2018

No estado exceção vai se a democracia

Diante de estado exceção, com o golpe de estado empresarial e judicial, contra uma presidente eleita democraticamente com 54.501.118 votos (51,64%) contra o do tucano, 51.041.155 votos (48,36%).

Essas eleições transcorreram num estado de exceção, constituído desde o golpe do impeachment de 2016, com a principal liderança popular da nação, o ex-presidente Lula, condenado sem provas e preso político para impedir sua candidatura à presidência que aparecia com favoritismo nas pesquisas. 
No cinquentenário da Pedagogia do Oprimido escrito por Paulo Freire no exílio, acontece nestes tempos sombrios, quando se tenta subjugar o pensamento crítico, com proposições de políticas de silenciamento, cerceamento das nossas liberdades, como as da escola sem partido e da ideologia de gênero.

A opressão que vem do opressor nos angustia e nos atormenta a cada minuto, nestas eleições presidenciais de 2018, com a vitória eleitoral em 2º turno do candidato de extrema-direita Jair Bolsonaro (39% do eleitorado e 55% dos votos válidos), trazem sérias ameaças à democracia e aos direitos conquistados com muita luta da classe trabalhadora. Lutamos como bons lutadores para reverter o quadro político econômico e social a favor da classe trabalhadora, Houve sérios indícios de manipulação e fraude, (como o crime de caixa 2 do disparo de notícias falsas via WhapsApp), o capital opressor coagindo trabalhadores a votar em Bolsonaro, um atentado nebuloso e mal explicado ao candidato extremista, sem que tivesse havido reação dos poderes instituídos, particularmente o judiciário (STE e STF), em mais uma manifestação de cumplicidade com as forças conservadoras, cujos interesses em última instância preservam. Tudo isso se deu sob o pano de fundo do “antipetismo” destilado pela mídia conservadora e corrupta nacional, e pelo estado com dominação tomado pelo fascismo.   

segunda-feira, 17 de setembro de 2018

Em ato, Contracs pressiona governo colombiano pelo fim do assassinato de dirigentes sindicais

14/09/2018
Após manifestação, consulado aceita receber carta protocolado por organizações sindicais brasileiras
Uma comitiva de dirigentes da Contracs (Confederação dos Trabalhadores do Comércio e Serviços) promoveu um ato ao lado de sindicatos da UGT e da Força Sindical nesta sexta-feira (14), diante do consulado da Colômbia, na zona sul de São Paulo.
Foto: Luiz 
Da mesma forma que ocorreu no México, Chile e Peru, também no Brasil os dirigentes pressionam para que o governo daquele país atue contra a perseguição e assassinato de lideranças sindicais e de movimentos sociais.

Segundo informações da UNI Américas, representação regional da UNI Sindicato Global, que representa mais de 22 milhões de trabalhadores no setor de serviços em 160 países de todos os continentes, apenas neste ano, 315 dirigentes sindicais e lideranças de movimentos sociais foram perseguidas ou mortas.

De acordo com o próprio governo da Colômbia, entre 2016 e 2017, houve 144 assassinatos de defensores dos direitos humanos. Os números da Defensoria Pública local, porém, são muito mais alarmantes e apontam para 282 assassinatos de pessoas que se dedicavam à defesa dos direitos trabalhistas ou direitos humanos.

Em 2017, de acordo com números oficiais da Organização das Nações Unidos (ONU), foram 441 ataques contra líderes sociais e comunitários, 41 tentativas de assassinatos contra essas pessoas e 213 ameaças, o que faz do país um berço da impunidade para quem quer calar as organizações sindicais

Inicialmente, a equipe do consultado não queria receber o documento protocolado por Uni União Global, CSA (Confederação Sindical dos Trabalhadores e Trabalhadoras das Américas), REL-UIT (União Internacional dos Trabalhadores da Alimentação, Agricultura, Hotelaria, Restaurantes, Tabaco e Afins), ISP (Internacional dos Serviços Públicos), ICM (Internacional de Trabalhadores da Construção e Madeira), IndustriaALL União Global e ITF-Américas (Federação Internacional dos Trabalhadores do Transporte). Mas acabou por ceder após a pressão das organizações sindicais.

Documento protocolado no Consultado da Colômbia

Conforme apontou o presidente da Contracs, Alci Matos, a classe trabalhadora é internacional e a defesa da dignidade e do direito à livre organização tem de ser também uma luta global.

“Mostramos que estamos preocupados e cobraremos do presidente da Colômbia para aponte leis e garantias de vida aos companheiros e companheiras que defendem os direitos da classe trabalhadora e os direitos humanos naquele país. E ouvimos que haverá comprometimento do consulado para encaminhar essa reivindicação ao governo de Iván Duque”, apontou.

Alci lembrou ainda que representantes das mesmas entidades que assinam o documento têm audiência marcada também nesta sexta-feira no Ministério do Trabalho de Duque para cobrar medidas protetivas às lideranças.

No país do Nobel, falta paz
Apesar de premiado com o Nobel da Paz em 2016 pelo acordo de paz com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), o ex-presidente Juan Manuel Santos, não foi capaz de garantir a segurança para a atuação democrática dos sindicatos. Uma situação que não pode mais ser admitida no país, conforme destacou o secretário de Relações Internacionais da Contracs, Eliezer Gomes.
“Precisamos que se amplie o diálogo com os movimentos naquele país e se tomem providências significativas, porque é uma vergonha, em pleno século 21, temos trabalhadores mortos por lutarem por seus direitos”, disse.

Para o secretário de Saúde e Segurança do Trabalhador, Domingos Mota, é preciso tomar cuidado para que o mesmo cenário não ocorra no Brasil. “Por lá vemos atuar impunemente pistoleiros pagos por multinacionais para frear a luta sindical. Mas não vamos nos esquecer de que temos um candidato à presidência aqui que tem a mesma prática, de querer tratar na bala trabalhador, homossexuais, quilombolas e qualquer grupo que lute por seus direitos”, alertou.
Na visão do secretário-geral da Contracs, Antônio Almeida, o que unifica a luta de todas as categorias pelo mundo é o direito à expressão. “Não podemos aceitar que a defesa da classe trabalhadora seja alvo de mortes em qualquer país do mundo por meio de repressão e mortes”, criticou.
Dois pesos, duas medidas – No encerramento, o secretário-geral da Uni Global, Marcio Monzane, mandou um recado ao governo colombiano e disse que não é possível haver país onde não há liberdade.

“Tivemos mais de 315 assassinados de líderes de movimentos sociais sem investigação num momento em que se discutia a paz. E é difícil que o trabalhador colombiano compreende que há realmente um processo de paz quando está vendo vários companheiros sendo assassinados. Por isso, entregamos essa carta aqui hoje, mas também à OIT (Organização Internacional do Trabalho) e às Nações Unidas pedindo intervenção. Não podemos ficar de braços cruzados enquanto isso acontece com nossos irmãos colombianos, é preciso que o governo se responsabilize por isso e respeite os direitos de livre organização, trabalhista e humanos”, definiu.

sexta-feira, 14 de setembro de 2018

Contracs participa de encontro para qualificar trabalhadores a controle social do SUS

Confederação ressalta importância de ter como prioridade as condições dignas no local de trabalho.
Foto: DIEESAT
Aconteceu entre os dias 4 e 9 de setembro, em Brasília, a 99ª Reunião da Comissão Intersetorial de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora (CISTT), que conta com a participação da Confederação dos Trabalhadores no Comércio e Serviços.

A Comissão Intersetorial em Saúde do Trabalhador (CIST), é uma comissão estabelecida no Art. 12 da Lei Orgânica da Saúde 8.080/90, subordinada ao Conselho Nacional de Saúde, integradas pelos Ministérios e órgãos competentes e por entidades representativas da sociedade civil. No Parágrafo único coloca que esta comissão tem a finalidade de articular políticas e programas de interesse para a saúde, cuja execução envolva áreas não compreendidas no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).
Ainda amplia no Art. 13 tendo como objetivo a articulação das políticas e programas, a cargo das comissões intersetoriais, abrangerá, em especial, as seguintes atividades: VI - saúde do trabalhador.
A CIST no âmbito nacional, subordinada ao Conselho Nacional de Saúde, foi instituída pela Resolução CNS nº 011, de 31 de outubro de 1991. Posteriormente, houve a reestruturação em sua composição por meio da Resolução CNS nº 185, de 08 de maio de 1996, e da Resolução CNS nº 296, de 02 de setembro de 1999. Atualmente, a sua composição está definida na Resolução CNS nº 387, de 14 de junho de 2007. São 17 membros titulares e seus respectivos suplentes, mais o coordenador e coordenador adjunto, que são conselheiros nacionais. Esta composição inclui a articulação Intersetorial necessária para o acompanhamento das ações em Saúde do Trabalhador.
Foto: CISTT
Secretário de Saúde e Segurança do Trabalhador, Domingos Mota, representa a confederação que leva para a atividade o cenário que as categorias têm enfrentado após a aprovação da reforma trabalhista.

Durante os encontros, foram discutidos temas como o assédio moral e as conseqüências para a classe trabalhadora, além da organização do controle social sobre políticas voltadas à saúde no ambiente laboral.
Dentro desses pontos estão as eleições do conselho de gestão de Saúde no período 2019-201, a 16ª Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador, o 9º Encontro Nacional de Comissões de Saúde do Trabalhador e a 2ª Jornada de Saúde do Trabalho da Câmara Técnica, que acontece em Brasília no final de novembro.

Nesta quarta (5), o encontro promoveu o curso de formação em controle social de saúde do trabalhador com o objetivo de qualifica todos os conselheiros da CISTT.
Para Domingos Mota, a qualificação e troca de informações permite que o controle social, algo tão combatido pelas empresas privadas do setor de saúde, seja mantido e ampliado. 

“É fundamental que os trabalhadores estejam aptos a avaliar o planejamento do SUS (Sistema Único de Saúde) no sentido de aplicarmos na prática o controle social da saúde do trabalhadora. Nossa função é acompanhar esse controle e as políticas dos Cerest (Centros de Referência de Saúde do Trabalhador) regionais e municipais, bem como apoiar a criação das CISTT onde não há. Onde houver o Cerest tem de ser criado o  Cist para acompanhar a implementação execução de orçamento do Cerest e a política de transversalidade do SUS”, apontou o dirigente.

De acordo com o dirigente, cada vez mais as condições dignas no local de trabalho devem ser prioridade para todos aqueles que enxergam no trabalhador um cidadão de direito.

“Temos batido na tecla de que a saúde do trabalhador virou questão de direitos humanos, porque nós, num setor que já é bastante precarizado, temos lidado diariamente com situações que beiram a escravidão, baixos vencimentos e uma exploração abusiva da mão de obra”, aponta o dirigente.

quarta-feira, 5 de setembro de 2018

V Congresso Internacional de Ciências do Trabalho, Meio Ambiente, Direito e Saúde: acidentes, adoecimentos e sofrimentos do mundo do trabalho

CARTA 2018             


Promoveu-se o congelamento de gastos públicos por 20 anos, o SUS está cada vez mais precário e sob ataque, fez-se a reforma trabalhista e o Supremo Tribunal Federal, por 7 a 4, acaba de aprovar a terceirização irrestrita. Isso quer dizer que a precarização do trabalho vem de todos os lados, atingindo setores públicos e privados, e grande parte dos brasileiros não conseguirá chegar à aposentadoria, não conseguirá receber auxílio-doença quando precisar e qualquer política de prevenção de acidentes e doenças do trabalho e responsabilização das empresas serão de mais difícil implementação.

Para jogar a pá de cal no sistema de seguridade social e no direito ao trabalho digno duramente conquistados na letra da Constituição Federal, está na agenda do segundo semestre a reforma da Previdência Social, que sequer tem um ministério. Também o Ministério do Trabalho poderá ser extinto, segundo a declaração de alguns candidatos à Presidência da República, assim como estão ameaçados o Ministério Público e a Justiça do Trabalho.

Com um papel decisivo do judiciário e da grande mídia, os representantes do capital financeiro têm disseminado a ideia de que essas medidas, que atingem duramente os trabalhadores, são necessárias. Ao mesmo tempo, promove-se um aumento dos privilégios do sistema econômico voltado à especulação. Dissemina-se a ideia de que há um déficit nas contas. Mais uma falácia. Segundo levantamento da Auditoria Cidadã da Dívida, em 2017 o orçamento federal gasto foi de R$ 2,483 trilhões, quando o previsto era de R$ 3,415 trilhões. Essa diferença tem que ser investigada. Além disso, pergunta-se: em que foi gasto? Espantosamente quase 50% foram para o sistema financeiro, isto é, para pagar juros e amortizações da dívida pública interna e não para beneficiar o povo.

Estancar a sangria do nosso dinheiro, que está indo para os bancos e especulação, é urgente e não pode esperar nem um pouco.

A coordenação nacional da auditoria cidadã da dívida elaborou uma carta aberta aos brasileiros (disponível no sítio eletrônico da Auditoria Cidadã da Dívida - https://auditoriacidada.org.br/ ), sobre a qual os candidatos à 2 Presidência da República estão respondendo. São 12 medidas concretas, das quais elencamos alguns aspectos, a seguir:

1. Realizar a auditoria da dívida pública, prevista na Constituição Federal e nunca realizada, de forma transparente.
2. Investigar os escoadouros de dinheiro entre o orçamento previsto e o executado.
3. Após essa auditoria, com a participação da sociedade, tomar decisões da política econômica para que os investimentos sociais tenham prioridade, revertendo a situação atual de comprometer quase 50% do total do orçamento com o pagamento dos juros e amortizações da dívida.
4. Deixar de submeter os interesses de nosso povo aos ditames do FMI e do Banco Mundial, como tem ocorrido desde os anos 80 no Brasil.
5. Trabalhar para revogar a Emenda Constitucional nº 95/2016, que estabeleceu teto rebaixado por 20 anos para todos os gastos e investimentos sociais, deixando fora do teto e sem controle ou limite as maiores despesas do orçamento da União, ou seja, os juros e as amortizações da dívida pública. Convidamos todos, assim, a ler e divulgar a citada Carta aberta à população na íntegra. Também defendemos a revogação da Lei 13.467, de 13/07/2017, que definiu a Reforma Trabalhista.

São Paulo, 31 de agosto de 2018.

A comissão organizadora


terça-feira, 4 de setembro de 2018

Discutir a condição do trabalho hoje no Brasil é falar sobre direitos humanos, aponta dirigente da Contracs

31/08/2018

Entidade é uma das apoiadoras do 5º Congresso Internacional de Ciências do Trabalho, Meio Ambiente, Direito e Saúde, promovido pela Fundacentro

Escrito por: Contracs - Luiz Carvalho

Domingos Braga Mota
Secretario de Saúde da Contracs/CUT
Termina nesta sexta-feira (31) o 5º Congresso Internacional de Ciências do Trabalho, Meio Ambiente, Direito e Saúde promovido pela Fundacentro. Com o tema “Acidentes, adoecimentos e sofrimentos do mundo do trabalho”, a atividade acontece no Salão Nobre da Faculdade de Direito da USP e teve a Contracs (Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio e Serviços) como uma das apoiadoras.

Durante cinco dias, sociólogos, jornalistas, psiquiatras, psicólogos, desembargadores, economistas, cineasta, procuradores, juízes, advogados, professores e representantes de movimento social e sindical discutiram políticas para um ambiente de trabalho mais saudável e debateram as formas de adoecimento. Além de tratar de temas como a resistência ao ataque da mídia aos trabalhadores e a conquistas como a Previdência Social.

Para o secretário de Saúde e Segurança do Trabalhador da Contracs, Domingos Mota, encontros como esse dão ao movimento sindical uma base para tratar a elaboração das pautas e negociação, além de unificar correntes para reverter o atual estágio de rebaixamento das condições laborais.

“A existência ou ausência de direitos afetam diretamente a saúde do trabalhador e vemos isso claramente com a implementação do trabalho intermitente, essa modalidade terrível que veio junto com a reforma trabalhista e deixa quem está empregado numa situação degradante, desenvolvendo, inclusive doenças como depressão por conta dos péssimos ganhos e da expectativa sobre quando será chamado para exercer a atividade. Já vemos pessoas trocando sua força de trabalho por comida e moradia e debater hoje a realidade da classe trabalhadora tornou-se algo ligado aos direitos humanos”, apontou o dirigente.

Com a reforma trabalhista em foco e sua repercussão sobre a vida e a saúde dos trabalhadores, como ressaltou Domingos Mota, o encontro trouxe novos elementos para o embate.

Médica do trabalho e coordenadora do congresso, Maria Maeno, apontou que não há saída isolada para o atual cenário e por isso é fundamental juntar forças para gerar unidade.

“Organizamos este congresso neste momento porque existe um projeto determinado de retirada de direitos em todos os âmbitos: trabalho, Previdência Social e saúde que estão na Constituição Federal. Não é só de pesquisadores, mas também gente de universidade, sindicalista, estudante, instituto de pesquisa, justiça do trabalho para encontrar saídas conjuntas e integradas”, falou.

Mesmo princípio defendeu a médica sanitarista do Cerest (Centro de Referência em Saúde do Trabalhador) de Campinas (SP), Miriam Silvestre. 

“É o mais importante de todos os congressos que realizamos por conta crise profunda que vivemos nesse contexto de golpe. A saída para nos reencontrarmos é a articulação. Precisamos juntar quem atua no SUS, Cerest, atenção básica, direito do trabalho, ministério público do trabalho para chegar à população e não falarmos só nós para nós mesmos. Esse encontro permite ampliar a capacidade de argumentação para além do conhecimento diário e trazer para a prática diária”, definiu.

Acompanhe a atividade ao vivo neste link da Faculdade de Direito da USP.

Com apoio da Contracs, Fundacentro promove congresso internacional sobre trabalho, meio-ambiente, direito e saúde

Evento gratuito ocorre na cidade de São Paulo na última semana de agosto e está com as inscrições abertas
Escrito por: Fundacentro

O V Congresso Internacional de Ciências do Trabalho, Meio Ambiente, Direito e Saúde, de 27 a 31 de agosto, será transmitido pelo YouTube no canal FDUSP SEMPRE. O evento ocorre no Salão Nobre da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo – USP e é realizado pela Fundacentro, pelo Departamento de Direito do Trabalho e da Seguridade Social da FDUSP e pela Associação Brasileira de Advogadas e Advogados Sindicais – Abras.

Os debates possibilitarão a integração dos diversos movimentos em defesa dos direitos humanos e sociais com atuação em diferentes frentes e áreas. Consulte a programação e se inscreva pelo portal da Fundacentro para participar. Entre os palestrantes, há sociólogos, jornalistas, psiquiatra e psicóloga, desembargadores, economistas, cineasta, procuradores, juízes, advogados, professores e representantes de movimento social e sindical.
No primeiro dia, será realizada a abertura “A arte de viver, resistir e lutar agora”, que homenagerá o advogado Luiz Salvador, o médico falecido David Capistrano e a vereadora assassinada Marielle Franco, e o debate “O mundo atual, as acelerações na vida e no trabalho, as contradições, a saúde, os direitos e as lutas sociais”. No segundo, as discussões abordarão os temas “América Latina resiste: o mundo do trabalho no contexto da crise do capital” e “A situação do emprego, o mundo do trabalho, o empobrecimento e endividamento dos trabalhadores e suas famílias no Brasil”.

As mesas de 29 de agosto discutirão “A Reforma Trabalhista Brasileira e as repercussões sobre a vida e a saúde dos trabalhadores” e “Resistência, arte e o poder dos meios de comunicação”. Nessa data, também será exibido o filme “Dedo na Ferida”, com a presença do diretor Silvio Tendler. No dia seguinte, serão retratadas as temáticas “A Previdência Social que queremos” e “O pulso ainda pulsa: a luta das Américas na resistência contra a precarização”. Por fim, o último dia do evento trará o debate “Estratégias de enfrentamento e de resgate dos direitos sociais”. A palestra de encerramento será dada pela ministra do Tribunal Superior do Trabalho (TST), Delaíde Alves Miranda Arantes.
São esperados profissionais, militantes, ativistas e estudantes das áreas do Direito, da Saúde, do Trabalho, da Sociologia, da Economia, do Meio Ambiente e das Comunicações. Na visão da Comissão Organizadora, “a articulação e formação de redes de profissionais, estudantes e ativistas com diferentes inserções sociais são essenciais para que os saberes e ações se somem e se entrelacem em prol da saúde e da vida dos trabalhadores e suas famílias”. A última edição do Congresso Internacional de Ciências do Trabalho, Meio Ambiente, Direito e Saúde ocorreu em 2016 e pode ser conferida no YouTube da Fundacentro.
Entre os apoiadores, estão Associação Brasileira de Advogados Trabalhistas – Abrat, Asociación Latinoamericana de Abogados Laboralistas – Alal, Le Monde Diplomatique, Ministério Público do Trabalho – MPT, Allvio – Ambiente Laboral Libre de Violência, Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio e Serviços – Contracs, Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros – Fisenge, Instituto Macuco, Rádio Brasil Atual, TVT, Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região, Le Monde Diplomatique, Sindicato dos Trabalhadores do Judiciário Federal no Estado de São Paulo – Sintrajud, Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região e Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Radiodifusão e Televisão no Estado de São Paulo.
Saiba mais
V Congresso Internacional de Ciências do Trabalho, Meio Ambiente, Direito e Saúde: acidentes, adoecimentos e sofrimentos do mundo do trabalho.
Data: 27 a 31 de agosto de 2018.
Local: Salão Nobre da Faculdade de Direito da USP – Largo São Francisco, 95 – Centro – São Paulo/SP – Brasil. São Paulo/SP.

segunda-feira, 23 de julho de 2018

Unir sindicalização com politização é o caminho para derrotar o golpe

Em reunião da direção da Contracs, José Genoíno aponta que não pode haver governo progressista sem que movimentos sociais governem juntos.

Escrito por: Luiz Carvalho Contracs/CUT

Cearense nascido em Quixeramobim, o ex-presidente do Partido dos Trabalhadores José Genoíno se define como um otimista com os pés no chão. E é com eles firmes na terra que o ex-deputado federal por São Paulo durante 25 anos defende politizar o processo de sindicalização como uma saída para que o Brasil possa retomar o caminho progressista.

Dirigentes da Contracs discutiram rumos do movimento sindical participação das entidades nas eleições

“Temos de fazer um trabalho de conscientização, voltar ao local de trabalho, um processo coletivo e de mobilização, que dialogue com o povo. O movimento sindical, se não fizer isso, se liquida. O capitalismo não quer negociar, só negociará se perceber que os sindicatos têm força”, definiu.
O ex-parlamentar esteve nesta sexta-feira (20) em Mongaguá (SP) para participar da reunião da direção da Contracs (Confederação do Trabalhadores no Comércio e Serviços) em sua análise da conjuntura brasileira, demonstrou enxergar um aspecto positivo no formato do golpe, que teve como objetivo colocar o PT nas cordas.
“Esse processo criou politização da população porque perceberam que só o PT apanha. E é por isso que Lula está preso. Lula é a representação simbólica do anti-golpe, se soltá-lo ele se elege ou elege quem apoiar. Com a prisão dele, o que está em jogo é completar o processo de aumento da subordinação do Brasil ao sistema financeiro internacional, completar a privatização de Caixa Econômica, Banco do Brasil, fazer reforma da Previdência”, apontou.
Onde errou
Um dos parlamentares presentes no processo de elaboração da Constituição Federal de 1988, ele lembrou que o PT, apesar de assinar a carta, criticou em voto simbólico cinco pontos. Ao abordar esse tema, ressaltou ainda que foram temas não aprofundados durante os governos petistas, mas que precisam ser tratados em uma futura gestão.

São eles a relação com a propriedade, a reforma do Poder Judiciário, a reforma do Conselho de Segurança Pública, fazer da tortura crime contra a humanidade e a regulação da comunicação.
Em relação ao último ponto, a mídia hegemônica, Genoíno aponta o papel dela para apontar direções e determinar valores, por isso a importância de estabelecer regras para seu funcionamento, combater o monopólio e garantir o contraponto em temas, como por exemplo, a defesa da soberania nacional.
“Temos a entrega da base de Alcântara, da Embraer e se privatizarem também o projeto de submarino nuclear, a soberania estará entregue. Para dizer sim ou não numa negociação com atores internacionais, é preciso ter força, algo que o Brasil está perdendo”, falou Genoíno.
Ao retomar o tema da sindicalização com politização, ele apontou os prejuízos que não executar ambos os processos causam.
“Uma das coisas mais difíceis da esquerda é mexer com corações e mentes. Nosso erro foi fazer ProUni, Bolsa Família, Pronaf e não mexer com corações e mentes. Mostrar que só um governo popular e progressista pode tocar projetos assim. É o mesmo que fazer a luta sindical e não mostrar que sem sindicato não se garante conquistas. Você perde a disputa consciencial.”

Lula como ideia – Ao final, ele tratou do apoio a Lula e falou que o grande apoio ao ex-presidente se traduz em defender seus valores como princípios para a luta.

“A maior solidariedade a Lula é ser capaz de transformar o exemplo dele em ideia e é uma ideia. O que aprendemos no governo e que temos de usar como princípio é que sem mobilização popular a gente não garante conquistas e não faz transformações. Temos que apostar na mobilização, na resistência popular e na unidade das forças de esquerda e Lula também defendia isso”, determinou.

sexta-feira, 11 de maio de 2018

PORQUE SER SINDICALISTA?

ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE NOSSAS POSTURAS
ÉTICO-POLÍTICAS E PRÁTICAS SINDICAIS (*)


Estes apontamentos, críticas e sugestões foram sendo construídos a partir de minha vivência profissional e de minha militância entre os dirigentes sindicais. Nestes quase 15 anos de atividade como trabalhador em sindicatos e para sindicatos e movimentos sociais (e consta de minha memória política e trajetória profissional ter trabalhado, e estou cotidianamente trabalhando, para centenas de sindicatos, quase milhares de dirigentes e militantes sindicais, dentro e fora do Estado do Rio)
Como militante, como formador sindical, educador de projetos educacionais desenvolvidos por sindicatos, e de professor, venho me indagando se os dirigentes sindicais entendem realmente quais são suas tarefas e suas funções dentro de uma entidade sindical.
São reflexões de críticas e autocríticas, agudas, duras, fortes, mas fraternas e solidárias, não dirigidas especificamente a nenhum dirigente sindical, mas como contribuição para que o movimento sindical reencontre os caminhos pensados por seus generosos fundadores.
Alguns traços são comuns em grande parte dos sindicatos, de diferentes categorias, setores produtivos, ramos, regiões. Traços de uma antropologia sindical,ou de uma psico-sociologia do dirigente sindical. Resolvi tornar públicas estas reflexões, depois de socializar este texto em cursos, reuniões, conversar e ler, com alunos (as) da universidade, colegas, companheiros (as) e amigos (as) militantes, trabalhadores (as) dirigentes sindicais e de movimentos sociais.
A porta de entrada para o sindicato, para a maioria dos dirigentes, é a prática, a experiência da luta direta, dos enfrentamentos. A partir dela muitos trabalhadores e trabalhadoras saem de seus locais de trabalho e assumem um cargo ou uma função no aparelho sindical, como dirigente.
Ao chegar à estrutura, muitas vezes desconhecendo seus processos internos de funcionamento, sua cultura interna, seu emaranhado burocrático e as microrelações de disputas de poder, de costumes, enfim, precisam tomar decisões, fazer “as coisas andarem, responder ao que a categoria cobra” e vão se movimentando na máquina e no movimento, mesmo sem conhecer o terreno onde estão pisando.
Outros dirigentes sindicais passam anos, mandatos após mandatos dentro do sindicato sem saber qual o seu verdadeiro papel, para que foram criados, e a que serve. É bem verdade que a “culpa” não cabe apenas a ele, mas, principalmente, ao próprio sindicato não lhe possibilita qualquer tipo de formação, não o qualifica política e ideologicamente para entender o sindicato como instrumento de transformação social e defesa dos direitos. Muitos não têm a extensão da importância histórica e política deste instrumento de classe. São tomados de uma vontade de acertar, de fazer, que se confunde com um desorganizado voluntarismo militante.
O próprio dirigente, em geral, também se preocupa muito pouco com isto e, na falta de uma política de formação, acaba saindo da diretoria do sindicato do mesmo modo que entrou. Muita tem menosprezo pela formação, acham-na de menor importância. Assumem um praticismo sem reflexão, vazio de estudo, carregado de palavras de ordem, parecem latas barulhentas às vezes se movendo na superfície da política, cheios de preconceitos, de preguiça teórica, e com pouco ou nenhum conhecimento político e de teoria.
Às vezes constroem um pequeno latifúndio político em área de domínio, onde se sente dono, todo poderoso, chefe, mini monarca, aprendiz de déspota. Uma miniatura de sua visão de poder, do que faria se tivesse em mãos o aparelho de Estado, o governo, o orçamento e a máquina pública (carros, telefones, computadores, subalternos). Ou é um simulacro de empresário, com DNA de capitalista circulando nas veias, coração e mente.
Muitos assumem postura e práticas mandonistas, arrogantes, burocratizantes, etc. Sem projeto estratégico, sem metas coletivas definidas, vão se movendo ao formato das ondas, seguindo o rumo da maré. Quem não tem caminho definido, caminha sem rumo, qualquer caminho serve, e sem ter certeza onde quer chegar, fica fazendo as mesmas coisas ao longo do tempo, caem na rotina, na monotonia, no automatismo das “tarefas cotidianas”, fazendo diariamente tudo quase sempre igual, do amanhecer ao fim da noite, colocando a vida sindical numa espécie de piloto automático.
Para certos sindicalistas basta ir à escola, à empresa, ao banco, à loja, ao canteiro de obras, à fábrica (dependendo do ramo onde atua), falar no carro de som, distribuir um jornal de vez em quando, fazer uma visita burocrática “à base” e pronto, está com a “consciência tranqüila do dever cumprido”.
Eis, então o protótipo do dirigente sindical. São poucos aqueles que lêem jornal diariamente, discutem os conteúdos do que leram, refletem e comparam, criticam, discutem, analisam a conjuntura para além das aparências descritas pelas manchetes ou pelas opiniões dos colunistas. Muitas vezes saem repetindo uma informação pela metade, uma versão deformada do fato em si. Ouvem pouco, na verdade detestam ouvir, não têm paciência com os argumentos dos outros.
Poucos se interessam pelo estudo e aprofundamento de economia, de política internacional, de políticas públicas, de educação, de meio ambiente, de direitos humanos, de preconceitos, de ideologia, de cultura, enfim. Nas reuniões de diretoria há pouca prioridade para o debate de conjuntura, de estratégias políticas de longo prazo, de reflexão crítica e autocrítica sobre sua própria prática.
Confundem a análise da conjuntura e da correlação de forças na luta de classes com meros informes, repasses de decisões de reuniões, relatos de plenários, ou agendamento de tarefas e planos de lutas. Poucos sindicatos pautam análise de conjuntura em suas reuniões, quando muitos elas se reduzem a confrontação de posições das tendências ou marcação de posição sobre “a verdades que temos”, contra “os equívocos e erros que outros carregam”. Sempre estamos certos, os outros é que não têm a certeza que temos. Errados são os outros!
A maior parte do tempo se discute administração, questões internas, burocracia da máquina, cobrança ou vigilância sobre a prática ou o que pensa ou faz o outro colega de gestão, da outra corrente, ou da outra empresa, ou da outra fábrica. Quando se tem correntes diferentes na mesma direção, a demarcação de posição e a luta por hegemonia interna ficam mais evidentes. Controlar a tesouraria, o talão de cheques, a conta bancária, as chaves dos carros, e ter domínio pleno da secretaria geral é o que mais causa disputa na conformação da hegemonia interna da entidade. As montagens das chapas, a disputa pelos cargos, as negociações dos congressos, os arranjos das plenárias, a “contagem de garrafinhas” faz desperdiçar enormes energias políticas e esgarçam os tecidos éticos e políticos das vanguardas e às vezes a troco de tudo se esvaziar alguns meses depois de assumir o mandato. A correlação de forças, quando não bloqueia, emperra, tornam verdadeiros fantasmas a amedrontar o sono dos vivos, que assumiram o mandato e estão trabalhando! Um dia os fantasmas voltam, para recompor a correlação estática, inerte e burocrática.
Como cuidam apenas de suas tarefas individuais, de seu micro espaço de poder, são poucos os que lêem contratos coletivos, os textos dos dissídios das outras empresas, fábricas, fazendas, bancos, lojas ou orgãos que não sejam o seu. São sindicalistas de uma empresa só, de seu local de trabalho só, de sua base, de seu “feudo”, que não pode ser “abandonado” senão os piratas entram e desapropriam seu trunfo de pode. 
O corporativismo fica evidente, minha empresa ou meu orgão primeiro. Negam na prática, de forma consciente ou não, a solidariedade, a visão de classe, a luta geral, a emancipação coletiva, que originou a árvore do sindicalismo, e deu frutos duradouros, do internacionalismo proletário, da unidade dos trabalhadores contra o capital e o Estado burguês. Reduzem tudo ao sindicalismo de conquistas pontuais, de campanhas salariais, de defesa do assalariamento, de negociação do valor da venda da força de trabalho.
Quantos lêem pelo menos dois livros por ano? Há muitos sindicatos que possuem bibliotecas, que o departamento de formação compra livros, centros de memórias, centro de vídeos, mas poucos gastam seu precioso tempo lendo, consultando, escrevendo. Muitos sindicalistas acham desnecessário existir departamento de formação, ou o tratam com desdém, com menosprezo, quase sempre sem recursos.
Na hora de montar as chapas, escolhem os “cargos que tem poder”. E a formação, a cultura, as políticas sociais? ficam para na repartição das sobras. Gênero? Entrega para alguma mulher da chapa! Quando possuem essa secretaria. Raça? Entrega para algum negro ou negra, para garantir que respeita a diversidade! Essa política está matando o sindicalismo combativo, classista e anticapitalista! Formação é visto como gasto, como custo, como excedente, não como investimento político, como produção de novos militantes, como instrumento para renovar e reinventar a ação sindical.
Poucos sindicalistas, ainda bem que existem muitos, carregam nas pastas, ou nas suas estantes, livros de análise social, ética, de filosofia política, de direito do trabalho, de inovações tecnológicas, de ideologia e alienação, de história de seu país, de cultura, de destruição do meio ambiente, de raça-gênero-classe, de revoltas populares e movimentos sociais rurais, por exemplo. Enfim, de formação intelectual mais ampla que o corre-corre do cotidiano?? Um sindicalismo que não discute estratégia só fica na tática! Um movimento que não se alimenta de utopias, vive escravo do pragmatismo, submisso à mordaça do possível!
Quantos, depois que entram na máquina, se afundem na micro física do poder se preocupam em voltar a estudar? Em fazer uma graduação ou uma pós graduação, ir a uma palestra, um evento científico, uma conferência de um tema fora de seu âmbito profissional ou de atuação política, a um bom teatro, uma exposição num museu, a um bom filme. Umas vezes a desculpa é falta de dinheiro, noutras, a falta de tempo, o excesso de “tarefas” sindicais. Sempre se tem uma boa desculpa a justificar.
O dirigente – como o próprio nome já diz – é para dirigir, formular, apontar caminhos, ocupar-se da busca de alternativas. Mas formular e dirigir o que? Mas quantos têm realmente postura de dirigente? Tolerância? Paciência? Argumentação? Compromisso ético? Conteúdo político? e capacidade de negociar e dialogar em situações adversas? em que se exige uma atitude de dirigente? A ponto de assim ser reconhecido pelos colegas de trabalho, a base?
Uma das tarefas do dirigente sindical é organizar o movimento, movimento se produz de teoria e prática (Lênin, líder da Revolução Russa, dizia que só existe movimento revolucionário se existir teoria revolucionária, e prática revolucionária! Ta bom, se não quiser usar o termo “revolucionário”, que se use o termo “crítico”, ou “anticapitalista”. A verdade é que teoria-prática-movimento é produto de um processo inseparável, que se retroalimentam. 
O papel de direção é fundamentalmente o de canalizar e potencializar as energias dos trabalhadores, sentir as necessidade de sua base, viver com ela, dialogar com ela, sem arrogância, sem pedantismo, sem se sentir dono da verdade, sem autoritarismo, buscando sempre convencer e trazer para o lado do sindicato, a construção da consciência é um caminho longo, tortuoso, contraditório, mas só com consciência e organização coletiva se muda o mundo!
Estar constantemente em contato com base é um requisito essencial para que se tenha representatividade, legitimidade, não só para passar informações, mas para ouvir, sentir o que ela está sentido, pensar o que ela está pensando, pulsar com ela, sentir o pulso dela, ser intérprete dela, para fazer avançar, evoluir a organização, dar um agir coletivo à nossa herança capitalista de competir e resolver tudo sozinho.
Só a partir do que sente e pensa a base é que o dirigente pode transformar em propostas objetivas e viáveis o que a categoria quer. Só conhecendo as demandas concretas é que podemos politizá-las, dando um sentido político mais amplo a uma luta isolada e corporativa, e dessa forma dar conta das demandas, desejos e inquietações dela.
Alguns dirigentes ouvem pouco a base, se afastam do mundo real, elaboram propostas sem levar em conta a correlação de forças, sem verificar cautelosamente quem são os aliados táticos e estratégicos, os aliados imediatos e os históricos, sem conhecer a força e a fraqueza do inimigo de classe e dos aliados destes. Tomam decisões radicais na forma, mas impotentes no conteúdo, sem medir prós e contras de uma determinada conjuntura, que armas possuímos, como disse, radicalizam na forma, muitas vezes impotentes no conteúdo.
Existe uma dialética na prática e na teoria dos movimentos, das pessoas, enfim, do processo educativo, que diz que devemos elaborar mobilizando e mobilizar elaborando. Gramsci, um militante comunista italiano, chama isso de Práxis, uma síntese entre teoria e prática. Que se arma da luta prática e do estudo aprofundado. Alguns dirigentes querem prescindir da base e passam a elaborar apenas abstrações. Dirigente que se preza não mobiliza ninguém no abstrato ou só porque está com raiva do patrão, desilusão com o governo, ódio do inimigo, possuído por uma obsessão sem racionalidade política.
Muitos não ultrapassam o senso comum, não superam seus preconceitos, olham e tratam os outros com desprezo, olhando de cima, dando ordens para a categoria e para os que o cercam, muitas vezes abusando de uma autoridade conferida pelo mandato sindical para assediar moralmente funcionários sindicais e mesmo sendo intransigente. Mal disfarçam seu papel de dedicado aprendiz de patrão!
Para ser um bom dirigente é preciso construir uma cultura de respeito e de valorização pelo que o outro faz. Ensinar significa transferir o que de bom você possui. Educar para a solidariedade, para a tolerância, para a vida em coletivo, para a troca e a parceria.
Outra tarefa importante do dirigente é praticar a democracia. É contraditório falar em democracia e atropelar a base, usá-la como massa de manobra, tendo a base por ignorante e equivocada, atrasada e burra! É contraditório falar em democracia e encaminhar diferente do que a maioria decidiu, ou interpretar o seu modo o que foi aprovado com o melhor para o coletivo. Mesmo que os trabalhadores não saibam verbalizar ou escrever suas reivindicações, eles darão sinais, pistas, caminhos, se soubermos ouvir, que serão fundamentais para a vitória destas. O dirigente, como disse anteriormente, e nunca é demais reafirmar, tem que ouvir, ouvir mais do que falar.
O dirigente sindical tem que democratizar o espaço sindical, fazendo com que ela seja de total liberdade para as grandes discussões e propostas da categoria. O sindicalista deve criar formas e mecanismos que permitam à categoria opinar e discutir.
O sindicato deve se posicionar sobre vários temas da atualidade e da vida do trabalhador, para isso deve estimular a existência de plebiscitos, exercício da democracia direta, consultas, coletivos temáticos, grupos de trabalho, reuniões, assembléias, debates, seminários, oficinas, congressos.
Quantos sindicatos menosprezam o planejamento estratégico? Atuam como bombeiros, sempre correndo para apagar os incêndios, ou fazendo a “política do cachorro louco”, que ficam correndo atrás do próprio rabo, sem entender que a doença está na cabeça, e se manifesta no rabo. Erro de diagnóstico, erro de tratamento!
O bom dirigente sindical deve ser planejador, ter governabilidade sobre o que planeja, executar o que planeja, planejar o que executa! Não viver apenas em função do dia a dia. Tem que pensar sua ação no sindicato tendo a dimensão do curto, do médio e do longo prazo. Entender o que tático, provisório, passageiro, do que é estratégico, permanente, princípio, meta.
Um dirigente qualificado tem que estudar as grandes transformações sócio econômicas e política para buscar entender o que tudo isso repercute no cotidiano do trabalhador, o desanima, o aliena, o fragiliza, o desespera, enfim. Buscar compreender o que estas mudanças produziram nas condições de vida e de trabalho de nossa classe. Entender o todo para agir no específico.
Estudar a história de nossa classe, como tudo começou e porque começou. O que mudou, porque mudou e como mudou. As concepções e práticas das gerações de sindicalistas anteriores a nós, e ver o que herdamos, o que rompemos e o que precisamos alterar, para melhor agir nos tempos de hoje. Por falar nisso, você planejou seu dia de hoje? Já estudou hoje?
O dirigente combativo e consciente não deve ficar aprisionado ao corporativismo, preso aos interesses imediatos do cotidiano que o cerca, mas buscar traze-los para os interesses mais amplos da categoria e da classe.Tem dirigente que fica 10 anos no sindicato e continua corporativismo, só vai ao seu local de trabalho. Não evoluem. Não compartilham os problemas dos outros setores, parecem defender um latifúndio, avesso a fazer uma reforma agrária do terreno onde influem politicamente. Permanecem presos na rotina, na zona de conforto, na mesmice
O dirigente deve ter uma relação familiar normal, ter tempo para lazer, convier com os amigos, com os filhos, ir ao jogo de seu time, curtir as manhas de sol de domingo, passear, há tanta cultura e história para se conhecer e viver na sua cidade, nas cachoeiras, nas praias. Promover festas, reunir os amigos, lazer, confraternização, bate papo, cantoria, um pelada de futebol, sem a primazia da competição, mas pela alegria da comunhão coletiva, do aprendizado de classe.
Alguns estouram a vida por causa do sindicato, do partido. Carregam sentimentos de culpas. Muitos dirigentes usam o sindicato e o mandato com mecanismo de fuga, como gangorra afetiva, bastidor de frustrações, como terapia ocupacional, como desaguadouro da defasagem profissional.
Tem dirigente sindical mal humorado, carrancudo, sempre armado, com resposta pronta, que desconfia de tudo e de todos, infeliz, angustiado, extressado, cuida pouco de si.. Sua ideologia deve te fazer acreditar na vida e num futuro melhor, é para isso que lutamos. Portando, um futuro que nos torne mais felizes, num presente de lutas menos sofridas, porque lutar não é sinônimo de cumprir penitência.
Reafirmo: Uma desgraça que nos assola: Muitos, nos momentos de disputa eleitoral, brigam ferozmente por um cargo na chapa, uma vaga na próximadiretoria. Noites e noites de debates para montar o quebra-cabeça dos cargos. Após a eleição, a posse festiva e tantas promessas e declarações de princípios, depois desaparecem, quando muito vêm nas reuniões, e são especialistas em criticar. Quando lhe interessa, assume o crachá de dirigente, quando não lhe interessa, se esconde e faz de conta que não é com ele.
Dirigente que se preza faz avaliações constantes de seu desempenho. O que estou fazendo? Porque estou no sindicato? Cresci? Produzi? Ajudei o grupo a crescer? Fui menos vaidoso hoje? Pratiquei a tolerância no trato político? Cumprimentei os funcionários? Minhas críticas foram construtivas? O movimento cresceu? O sindicato se fortaleceu? Quantas pessoas eu trouxe para o sindicato com minhas atitudes? Fiz relatórios aos colegas daquilo que fiz?
A avaliação não deve ser uma forma de punir, mas como método de crescimento, processual, mediadora, construtora de laços e de projetos. Aceitar críticas da base. Alguns dirigentes se dizem apolíticos, estufam o peito, fazem questão de se dizer apartidários, apolíticos, não entendem que as grandes lutas por transformações sociais que interessaram os trabalhadores foram dirigidas por partidos políticos operários e que o sindicato é um instrumento político fundamental para que a classe trabalhadora conquiste o poder. Misturam a má política, as vaidades, as deformações e erros humanos com o verdadeiro sentido da política, que é a busca do bem comum.
Muitos assumem os discursos das elites e menosprezam a atividade política, despolitizam as lutas, esvaziam-nas de conteúdos críticos, ficam aprisionados no corporativismo imediatista, burocratizando e administrando micro poderes e recusando a fazer política, e sendo levado pela política dos patrões, dos verdadeiros inimigos de classe: Os capitalistas.
Outros buscam o sindicato como forma de estabilidade e ter menos cobranças. Deve se perguntar sobre como está o trabalho do sindicato na categoria, mobilizar as delegacias, comissões de base ou organização no local de trabalho para se integrar numa política de frente única e lutar pelos interesses econômicos e políticos dos trabalhadores.
Respeitar a autonomia dos grupos que se organizam no local de trabalho, mas dialogar sempre com eles. Muitos dirigentes não convocam a base, com medo que ela cresça e se politize, ameaçando o poder do dirigente nas futuras eleições sindicais e nas negociações das campanhas salariais.Enfim, ser um sujeito histórico, estudar, ler, refletir, e lutar para que os trabalhadores superem suas injustas cadeias de opressão, exploração, e se tornem também sujeitos históricos.
Marx, aquele pensador alemão, referência para o movimento operário, para o internacionalismo socialista e os movimentos revolucionários, que muitos recusam, o neoliberalismo odeia, mas que continua vivo política e teoricamente, principalmente na análise do capitalismo contemporâneo e na busca de uma alternativa socialista para os trabalhadores, tem uma frase que nos deve fazer pensar, hoje: A emancipação dos trabalhadores será obra dos próprios trabalhadores. Somos sujeitos históricos de nossa própria história. Vamos revolucionar nossa prática e teoria sindical, na concepção e na gestão sindical??
(*) - Helder Molina
Historiador
Mestre em Educação
Professor da Faculdade de educação da UERJ
Educador Sindical
Assessor de Formação do Sindpd/RJ 
Helder Molina
Professor de História
Educador Sindical

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