* O percentual da população preta ou parda que trabalhava como ambulante no 3º trimestre de 2017 era de 2,5% (e não de 25,2%, conforme divulgado anteriormente).
De acordo com a
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgada
hoje pelo IBGE, no terceiro trimestre de 2017, dos 13 milhões de brasileiros
desocupados, 8,3 milhões eram pretos ou pardos (63,7%). Com isso, a taxa de
desocupação dessa parcela da população ficou em 14,6%, valor superior à
apresentada entre os trabalhadores brancos (9,9%).
A taxa de subutilização
- indicador que agrega a taxa de desocupação, de subocupação por
insuficiência de horas (menos de 40 horas semanais) e a força de trabalho
potencial - teve comportamento semelhante. Para o total de trabalhadores
brasileiros, ela foi de 23,9%, enquanto que para pretos ou pardos ficou em
28,3%, e para brancos em 18,5%. Das 26,8 milhões de pessoas subutilizadas no
Brasil, 17,6 milhões (65,8%) eram pretas ou pardas.
66% dos
trabalhadores domésticos no país são pretos ou pardos
No terceiro
trimestre de 2017, pretos ou pardos representavam 54,9% da população brasileira
de 14 anos ou mais e eram 53% dos trabalhadores ocupados do país. Mas, apesar
de serem a maioria, a proporção de pretos ou pardos ocupados (52,3%) era
inferior à da população branca (56,5%). Além disso, o rendimento dos
trabalhadores pretos e pardos foi de R$1.531, enquanto o dos brancos era de
R$2.757.
O percentual de
empregados pretos ou pardos do setor privado com carteira assinada (71,3%) era
mais baixo do que o observado no total do setor (75,3%). Dos 23,2 milhões de
empregados pretos ou pardos do setor privado, 16,6 milhões tinham carteira de
trabalho assinada.
Quando observada a
distribuição da população ocupada por grupo de atividades, é possível perceber
que a participação dos trabalhadores pretos e pardos era superior à dos brancos
na agropecuária, na construção, em alojamento e alimentação e, principalmente,
nos serviços domésticos. Os pretos e pardos representavam 66% dos trabalhadores
domésticos no País.
2,5% dos
trabalhadores pretos ou pardos atuam como ambulantes
A PNAD Contínua
mostrou, ainda, que, no Brasil, somente 33% dos empregadores eram pretos ou
pardos. Já entre os trabalhadores por conta própria, essa população
representava 55,1% do total. Mais de um milhão de trabalhadores pretos ou
pardos atuavam como ambulante, totalizando 66,7% dessa ocupação. No terceiro
trimestre de 2017, 2,5% dos trabalhadores pretos ou pardos atuavam como
ambulantes, em 2014 esse percentual era de 1,9%.
Para o coordenador
de trabalho e rendimento do IBGE, Cimar Azeredo, indicadores como esses revelam
quão desigual é o mercado de trabalho brasileiro. “Entre os diversos fatores
estão a falta de experiência, de escolarização e de formação de grande parte da
população de cor preta ou parda. Isso é um processo histórico, que vem desde a
época da colonização. Claro que se avançou muito, mais ainda tem que se avançar
bastante, no sentido de dar a população de cor preta ou parda igualdade em
relação ao que temos hoje na população de cor branca”, destaca.
Texto: Mônica Marli
Arte: Helena Pontes
Imagem: Arquivo IBGE
Arte: Helena Pontes
Imagem: Arquivo IBGE