CARTA 2018
Para jogar a pá de cal no sistema de seguridade
social e no direito ao trabalho digno duramente conquistados na letra da
Constituição Federal, está na agenda do segundo semestre a reforma da
Previdência Social, que sequer tem um ministério. Também o Ministério do
Trabalho poderá ser extinto, segundo a declaração de alguns candidatos à
Presidência da República, assim como estão ameaçados o Ministério Público e a
Justiça do Trabalho.
Com um papel decisivo do judiciário e da grande
mídia, os representantes do capital financeiro têm disseminado a ideia de que
essas medidas, que atingem duramente os trabalhadores, são necessárias. Ao
mesmo tempo, promove-se um aumento dos privilégios do sistema econômico voltado
à especulação. Dissemina-se a ideia de que há um déficit nas contas. Mais uma
falácia. Segundo levantamento da Auditoria Cidadã da Dívida, em 2017 o
orçamento federal gasto foi de R$ 2,483 trilhões, quando o previsto era de R$
3,415 trilhões. Essa diferença tem que ser investigada. Além disso,
pergunta-se: em que foi gasto? Espantosamente quase 50% foram para o sistema
financeiro, isto é, para pagar juros e amortizações da dívida pública interna e
não para beneficiar o povo.
Estancar a sangria do nosso dinheiro, que está indo
para os bancos e especulação, é urgente e não pode esperar nem um pouco.
A coordenação nacional da auditoria cidadã da dívida
elaborou uma carta aberta aos brasileiros (disponível no sítio eletrônico da
Auditoria Cidadã da Dívida - https://auditoriacidada.org.br/ ), sobre a qual os
candidatos à 2 Presidência da República estão respondendo. São 12 medidas
concretas, das quais elencamos alguns aspectos, a seguir:
1. Realizar a auditoria da dívida pública, prevista
na Constituição Federal e nunca realizada, de forma transparente.
2. Investigar os escoadouros de dinheiro entre o
orçamento previsto e o executado.
3. Após essa auditoria, com a participação da
sociedade, tomar decisões da política econômica para que os investimentos
sociais tenham prioridade, revertendo a situação atual de comprometer quase 50%
do total do orçamento com o pagamento dos juros e amortizações da dívida.
4. Deixar de submeter os interesses de nosso povo aos
ditames do FMI e do Banco Mundial, como tem ocorrido desde os anos 80 no
Brasil.
5. Trabalhar para revogar a Emenda Constitucional nº
95/2016, que estabeleceu teto rebaixado por 20 anos para todos os gastos e
investimentos sociais, deixando fora do teto e sem controle ou limite as
maiores despesas do orçamento da União, ou seja, os juros e as amortizações da
dívida pública. Convidamos todos, assim, a ler e divulgar a citada Carta aberta
à população na íntegra. Também defendemos a revogação da Lei 13.467, de
13/07/2017, que definiu a Reforma Trabalhista.
São Paulo, 31 de agosto de 2018.
A comissão organizadora