Durante o 1º de Maio da CUT, presidenta apontou que, ao contrário dos golpistas, governo irá ampliar inclusão social
Diante
de 100 mil pessoas que participam do 1º de Maio da CUT, no Vale do Anhangabaú,
em São Paulo, a presidenta Dilma Rousseff anunciou a elevação de recursos para
programas sociais e garantiu que novas conquistas virão se os golpistas não
tomarem o poder.
O
pacote da presidenta inclui o reajuste do programa Bolsa Família que deve
elevar o benefício em 9% e lembrou que a proposta já estava prevista desde
agosto de 2015.
Dilma
anunciou também a correção da tabela do Imposto de Renda para pessoa física em
5%, a partir do ano que vem, uma história reivindicação da CUT, de outras
centrais e movimentos sociais.
A
presidenta também divulgou a contratação de mais 25 mil moradias para o
programa Minha Casa Minha Vida - Entidades, a criação de um conselho nacional
tripartite do trabalho, que incluirá organizações sindicais, e a ampliação da
licença-paternidade, de cinco para 20 dias, aos servidores públicos federais.
“Essa
é uma forma de incentivar os homens a ajudarem as mulheres no cuidado com os
filhos”, disse, a explicar a medida.
Dilma
afirmou ainda que na terça-feira (3) lançará o 3º Plano Safra da Agricultura
Familiar, que garante o financiamento à produção e à aquisição de alimentos.
Quem
julga Dilma?
Com
um “meus queridos e minhas queridas”, a presidenta explicou porque o
impeachment é golpe e tratou de se diferenciar de grande parte dos
parlamentares que julgam seu mandato ao lembrar que não cometeu crime de
responsabilidade.
“Como
eu não tenho conta no exterior, como eu jamais utilizei recurso público em
causa própria, nunca embolsei dinheiro do povo brasileiro, não recebi propina e
nunca fui acusada de corrupção, eles tiveram que inventar um crime. Como estava
muito difícil achar um crime, eles começaram dizendo que eram os seis
decretos”, referindo-se às chamadas pedaladas fiscais, para logo em seguida
lembrar que foram 101, em 2001, no governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
Segundo
Dilma, o golpe não fere apenas seu mandato, mas atinge a democracia e o próprio
processo eleitoral. “Eles tiram os meus 54 milhões de votos. Mas não é só isso.
Naquela eleição, em 2014, votaram 110 milhões de brasileiros e brasileiras. Não
são apenas os meus votos que eles praticamente roubam. São os votos daqueles
que não votaram em mim, mas que acreditam na democracia e no processo
eleitoral.”
Ao
lembrar a reação dos perdedores das últimas eleições, Dilma destacou que antes
mesmo do impeachment, tentaram levar no tapetão ao pedir (e perder) a
recontagem dos votos, auditoria das urnas e pedir que não fosse empossada sob a
alegação de problemas nas contas da campanha que foram aprovadas pelo TSE
(Tribunal Superior Eleitoral).
Donos
da crise
Dilma
lembrou que, após o PT negar-se a votar contra a cassação do presidente da
Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RS), o governo virou vítima da
política do quanto pior, melhor.
“Não
aprovavam nenhuma das reformas que nós propúnhamos. Não aprovavam os
necessários aumentos de receita para que a gente pudesse continuar impedindo
que a crise se aprofundasse. Apostaram sempre contra o povo brasileiro. São
responsáveis pelo fato de a economia brasileira estar passando por uma grave
crise e são responsáveis pelo aumento do desemprego. O próprio autor do
processo de impeachment, ex-ministro do Fernando Henrique Cardozo, chamou a
fala do Eduardo Cunha de chantagem explícita. É mais do que chantagem, é usar o
seu cargo para garantir impunidade”, criticou.
Trabalhador
é o próximo
A
agenda perdedora das últimas eleições, lembrou Dilma, quer o fim da política de
valorização do salário mínimo, do vínculo das aposentadorias com essas medidas
e a transformação da CLT em letra morta.
“Eles
propõem que o negociado possa viger sobre a lei, que o negociado possa ser
menos que a lei. Nós acreditamos, porém, que o negociado pode prevalecer desde
que ele seja mais do que a lei. Eles querem menos, nós, mais.”
Além
disso, a proposta de Michel Temer (atual vice-presidente e um dos articuladores
do golpe) inclui uma ampla esfera de privatizações.
“Eles
estão falando em reolhar, rever, revisitar o Pronatec, o Minha Casa, Minha
Vida. Nós temos uma situação que os programas sociais são olhados como
responsáveis pelo desequilíbrio do país. É mentira. O desequilíbrio do país é a
necessária reforma tributária.”
Dilma
falou também dos riscos ao programa Bolsa Família: “Quando o programa deles diz
que vai concentrar os projetos sociais sobre os 5% mais pobres da população,
eles estão falando de 10 milhões de pessoas. E sabem quantos milhões recebem o
Bolsa Família hoje? 46 milhões. Ou seja, vão retirar 36 milhões e largá-los ao
mercado”, disse Dilma.
Mesmo
diante dos ataques, a presidenta alertou que não fugirá ao compromisso com a
população e seus eleitores.
“Eu quero dizer para vocês que eu vou resistir e lutar até o
fim. O 1º de Maio é historicamente um dia de luta em defesa dos direitos e a
favor das conquistas sociais e hoje também é dia de defesa da democracia e de
muito mais conquistas. O que querem impor hoje não é o projeto vencedor. Se
quiserem esse projeto, vão às urnas em 2018 e se coloquem sob o crivo do povo
brasileiro.”