Quem sou eu

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- Não é a consciência do homem que determina o seu ser, mas, pelo contrário, o seu ser social é que determina a sua consciência.” *Kal Marx “os comunistas nunca devem perder de vista a unidade da organização sindical. (Isto porque) a única fonte de força dos escravos assalariados de nossa civilização, oprimidos, subjugados e abatidos pelo trabalho, é a sua união, sua organização e solidariedade” *Lenin
terça-feira, 28 de fevereiro de 2012
quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012
segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012
Altamiro Borges: Mídia reprova Gaviões da Fiel
Altamiro Borges: Mídia reprova Gaviões da Fiel: Por Altamiro Borges Pela transmissão da TV Globo e pelos comentários de alguns “calunistas”, a mídia reprovou a escola de samba Gaviões da...
sábado, 18 de fevereiro de 2012
domingo, 8 de janeiro de 2012
Desenvolvimento e socialismo
Desenvolvimento e socialismo
Revolução em xeque
A segunda era vocalizada por
setores da burguesia – cuja tradução política se dava através da maioria do
PMDB – e por uma parte do movimento social, especialmente pelos setores nos
quais o PCB tinha forte presença. Exigiam uma redefinição do papel do Estado,
que deveria retomar suas características de planejador e impulsionador do
desenvolvimento.
NOTAS
1. Prado Jr., Caio, A revolução brasileira, Editora Brasiliense, São
Paulo, 1987, pág. 11
2. Claudín, Fernando. A crise do movimento comunista: vol. 1. São
Paulo, Global, 1985. v.1. págs. 51-52
3. Furtado, Celso, Os desafios da nova geração, in Revista de Economia
Política, Vol 24, nº 4 (96), Out-Dez – 2004, pág. 484
Falar em socialismo deixou de ser
um despautério. A crise internacional desmoralizou os fanáticos do mercado. Mas
qualquer mudança social tem de ser pensada em meio a um projeto de desenvolvimento
viável e no bojo das disputas políticas reais da sociedade brasileira.
(Publicado na revista Margem Esquerda no. 17, Boitempo Editorial, 2011)
(Publicado na revista Margem Esquerda no. 17, Boitempo Editorial, 2011)
Introdução
A possibilidade concreta de se viabilizar uma transição ao socialismo está hoje fora da agenda da sociedade brasileira. A hegemonia burguesa consolidou-se, após um longo período de defensiva das idéias socialistas. Parte da esquerda formada a partir dos anos 1970-80 adaptou-se e ajudou a consolidar tal hegemonia, conferindo-lhe inédita legitimidade.
A possibilidade concreta de se viabilizar uma transição ao socialismo está hoje fora da agenda da sociedade brasileira. A hegemonia burguesa consolidou-se, após um longo período de defensiva das idéias socialistas. Parte da esquerda formada a partir dos anos 1970-80 adaptou-se e ajudou a consolidar tal hegemonia, conferindo-lhe inédita legitimidade.
Essa parcela significativa da esquerda
– que inclui lideranças políticas, sindicais e populares – dá nova qualidade ao
pacto de classes estabelecido no Brasil, após a eleição de Luís Inácio Lula da Silva
à presidência, em 2002. Estabeleceu-se uma aliança sólida entre tais setores e
o grande capital financeiro e industrial e o agronegócio, em torno de um
projeto de desenvolvimento. O detalhamento de tal pacto pode ser lido aqui.
Embora se percebam vários matizes
no interior desse grande acordo, a maior parte de seus agentes se unifica em
torno de algumas linhas-mestras: 1. Absoluta prioridade aos setores rentistas,
para os quais se destina cerca de 47% do orçamento federal, sob a rubrica de pagamento
dos serviços da dívida pública, baseados nos juros reais mais altos do mundo;
2. Manutenção de uma taxa de câmbio valorizada, que favorece o capital externo
e penaliza os setores industriais; 3. Livre circulação de capitais; 4. Expansão
do mercado interno, através da elevação do salário mínimo e de programas de
transferência de renda; 5. Diversificação dos parceiros comerciais do Brasil no
plano externo e 6. Manutenção de toda ordem jurídico-institucional criada para
a implantação do modelo neoliberal.
Neoliberalismo puro e duro
Não se trata mais do
neoliberalismo puro e duro dos anos 1990, quando aconteceram as privatizações em
massa e o grosso das reformas constitucionais que garantiram a nova ordem. Tudo
se deu ao custo de aumento do desemprego e de três crises consecutivas na
economia
brasileira. Esse viés mais radical do mercadismo perdeu legitimidade, mas permanece vivo nas páginas e telas da grande mídia e nos partidos de direita. Atualmente, mantidas suas características básicas, o modelo se arraigou na sociedade brasileira, gerando moderadas taxas de crescimento econômico, além de uma melhoria no padrão de vida dos assalariados e da adoção de políticas sociais focadas.
brasileira. Esse viés mais radical do mercadismo perdeu legitimidade, mas permanece vivo nas páginas e telas da grande mídia e nos partidos de direita. Atualmente, mantidas suas características básicas, o modelo se arraigou na sociedade brasileira, gerando moderadas taxas de crescimento econômico, além de uma melhoria no padrão de vida dos assalariados e da adoção de políticas sociais focadas.
Num plano muito minoritário em termos
de expressão política, existe um projeto à esquerda – que contempla também
várias nuances. Na verdade, não se conforma nitidamente como alternativa, mas
como ideário disperso em alguns setores sociais. Ele poderia, genericamente,
ser classificado como democrático-popular. Essa vertente envolve frações dos
trabalhadores, da pequena e média burguesia e mesmo partes minoritárias da
burguesia. Algumas dessas formações encontram-se abrigadas no pacto de classes
majoritário e, vez por outra, exibem
descontentamentos com os rumos da orientação geral.
descontentamentos com os rumos da orientação geral.
Como tratar a questão da transição
do capitalismo para o socialismo nessas balizas concretas? Como colocar o tema
no plano da tática – ou seja, da política – e não no terreno de uma estratégia
desvinculada da formação social e econômica e social atual do país?
Este pequeno texto não responde a
tais questões. Elas seguem em aberto nos dias que correm. Busca-se aqui tão
somente apontar a necessidade de articulação entre um projeto de
desenvolvimento democrático e popular nos marcos do capitalismo realmente
existente e a luta pelo socialismo.
Problema tático
Duas décadas depois da derrocada
dos regimes do socialismo real, que gerou uma aguda crise política e ideológica
na esquerda mundial, e quase uma década após a chegada ao poder de um partido
de origem popular no Brasil, o que significa exatamente advogar uma ruptura
socialista?
Um objetivo como esse não pode ser uma construção apenas doutrinária, desvinculada das lutas e condições da realidade política. Ruptura – ou revolução - e socialismo não são valores ou categorias morais. São, antes de tudo, objetivos políticos, inseridos na real disputa de
forças na sociedade. Isso implica estabelecer metas de curto, médio e longo prazo, examinar quem são os sujeitos políticos dessa empreitada, os aliados e os inimigos e traçar um programa mínimo e um programa máximo de ação. Em outras palavras, são partes da construção de uma tática e de uma estratégia política. Não se trata assim de tarefa acadêmica. Uma articulação desse tipo deve captar uma necessidade expressiva na sociedade, tendo como núcleo fundamental os trabalhadores, os setores pobres da cidade e do campo e parcelas da pequena burguesia. Outras frações de classe podem eventualmente se juntar nessa empreitada, dependendo das condições concretas da disputa política.
socialista?
Um objetivo como esse não pode ser uma construção apenas doutrinária, desvinculada das lutas e condições da realidade política. Ruptura – ou revolução - e socialismo não são valores ou categorias morais. São, antes de tudo, objetivos políticos, inseridos na real disputa de
forças na sociedade. Isso implica estabelecer metas de curto, médio e longo prazo, examinar quem são os sujeitos políticos dessa empreitada, os aliados e os inimigos e traçar um programa mínimo e um programa máximo de ação. Em outras palavras, são partes da construção de uma tática e de uma estratégia política. Não se trata assim de tarefa acadêmica. Uma articulação desse tipo deve captar uma necessidade expressiva na sociedade, tendo como núcleo fundamental os trabalhadores, os setores pobres da cidade e do campo e parcelas da pequena burguesia. Outras frações de classe podem eventualmente se juntar nessa empreitada, dependendo das condições concretas da disputa política.
Revolução em xeque
Ao longo das últimas duas décadas,
revolução passou a ser um conceito tido como obsoleto. A queda do muro de
Berlim, em 1989, a derrota eleitoral dos sandinistas na Nicarágua, em 1990, o
desmanche da União Soviética, em 1991, e a supremacia do modelo neoliberal em
quase todo o mundo, acuaram as forças que pregavam mudanças na ordem social. A própria
idéia de revolução, no sentido de uma transformação radical da realidade, foi
colocada em xeque. Ela voltou à baila primeiro pelas mãos do presidente
venezuelano, Hugo Chávez, que desde sua chegada ao poder, em 1998, alardeia
comandar uma revolução em seu país. Mais recentemente, as mobilizações populares
nos países árabes chegaram a ser chamadas de revolução. Independente da
exatidão ou não na utilização do termo, o certo é que ele saiu do limbo a que
foi relegado há duas décadas.
O que é uma revolução? As
definições sobre uma mudança de tal natureza foram sintetizadas por Caio Prado
Júnior (1907-1990):
Revolução, em seu sentido real e
profundo, significa o processo histórico assinalado por reformas e modificações
econômicas, sociais e políticas sucessivas que, concentradas em período
histórico relativamente curto, vão dar em transformações estruturais da sociedade,
e em especial das relações econômicas e do equilíbrio recíproco das diferentes
classes e categorias sociais. [1]
Fernando Claudín (1915-1990),
histórico dirigente comunista espanhol, destaca um traço fundamental nas
revoluções:
Toda revolução social, tanto
socialista como burguesa, compreende como momento necessário a revolução política,
a passagem do poder a uma nova classe. [2]
O debate sobre processos
revolucionários pode levar à discussão de outro conceito banido da agenda política:
o projeto socialista. Se, como dizia Marx, o socialismo representará o desenvolvimento
máximo das forças produtivas, com a disseminação do bem-estar e da qualidade de
vida, há que se superar o desenvolvimento capitalista, mudando sua qualidade, guardando
algumas de suas características, mas negando outras, essenciais, para a
construção de uma nova síntese que pode ser genericamente chamada de
desenvolvimento socialista.
A esquerda e o desenvolvimentismo
A esquerda e o desenvolvimentismo
Embora o desenvolvimento econômico
sob o capitalismo seja um projeto essencialmente burguês, é preciso levar em
conta algumas de suas características. No caso brasileiro recente, o aumento da
massa salarial, a expansão dos níveis de emprego e a disseminação do crédito acabam
por atrair largos setores dos trabalhadores para o pacto dominante. A melhoria
imediata dos padrões de vida, como acontece atualmente em vários países da
América Latina, após duas décadas de estagnação, consolidou a idéia que o desenvolvimento
é igualmente bom para todos.
Celso Furtado (1920-2004), o mais
radical e talentoso reformista burguês do Brasil, diferenciava desenvolvimento
de crescimento. Para ele, “O crescimento econômico, tal qual o conhecemos, vem
se fundando na preservação dos privilégios das elites que satisfazem seu afã de
modernização; já o desenvolvimento se caracteriza pelo seu projeto social
subjacente. Dispor de recursos para investir está longe de ser condição
suficiente para preparar um melhor futuro para a massa da população. Mas quando
o projeto social prioriza a efetiva melhoria das
condições de vida dessa população, o crescimento se metamorfoseia em desenvolvimento” [3].
Ou seja, trata-se de um processo de transformação social. Essa transformação será tão mais profunda quanto mais a esquerda socialista souber empreender uma luta política para fazer aliados e formular programas na luta por um desenvolvimento distributivista, democrático
e ecologicamente sustentável, que aponte para o socialismo. Não se coloca aqui em dúvida que a transformação almejada será socialista. Discute-se a tática a ser empreendida. Ela depende dos rumos a serem traçados, mas sobretudo da luta e das condições política concretas.
Para definir os atores sociais de uma empreitada dessa envergadura, é preciso apontar o que se quer e onde se deseja chegar. A estratégia de transformação conformará a frente de interesses e de interessados, deixando claro quais os beneficiados e quais os prejudicados com o processo.
condições de vida dessa população, o crescimento se metamorfoseia em desenvolvimento” [3].
Ou seja, trata-se de um processo de transformação social. Essa transformação será tão mais profunda quanto mais a esquerda socialista souber empreender uma luta política para fazer aliados e formular programas na luta por um desenvolvimento distributivista, democrático
e ecologicamente sustentável, que aponte para o socialismo. Não se coloca aqui em dúvida que a transformação almejada será socialista. Discute-se a tática a ser empreendida. Ela depende dos rumos a serem traçados, mas sobretudo da luta e das condições política concretas.
Para definir os atores sociais de uma empreitada dessa envergadura, é preciso apontar o que se quer e onde se deseja chegar. A estratégia de transformação conformará a frente de interesses e de interessados, deixando claro quais os beneficiados e quais os prejudicados com o processo.
O tal do reboquismo
Ao mesmo tempo, a esquerda não
pode permanecer como caudatária do desenvolvimentismo burguês. Isso aconteceu
de forma clara depois da divulgação da Declaração de Março de 1958, do Partido
Comunista Brasileiro (PCB). A íntegra do texto pode ser lida aqui.
Vale a pena estudar aquele documento. Ele é contraditório, mas extremamente interessante. O texto tem o mérito de produzir um giro na atuação partidária, que havia adotado concepções ultra-esquerdistas, estreitas e sectárias após a publicação dos manifestos de janeiro de 1948, de agosto de 1950 e das resoluções do IV Congresso, de 1954. Todos representam reações à colocação do partido na ilegalidade, em 1947. O resultado foi o isolamento do PCB das forças nacionalistas e progressistas.
Vale a pena estudar aquele documento. Ele é contraditório, mas extremamente interessante. O texto tem o mérito de produzir um giro na atuação partidária, que havia adotado concepções ultra-esquerdistas, estreitas e sectárias após a publicação dos manifestos de janeiro de 1948, de agosto de 1950 e das resoluções do IV Congresso, de 1954. Todos representam reações à colocação do partido na ilegalidade, em 1947. O resultado foi o isolamento do PCB das forças nacionalistas e progressistas.
Após o texto de 1958, a agremiação
adotou uma linha de participação no movimento nacionalista, assumiu a luta
democrática como bandeira e possibilitou a ela tocar as questões concretas do dia
a dia. Houve uma busca pela concretização de alianças, sem exigências irreais,
dogmáticas e apriorísticas de hegemonia, como acontecia no período anterior.
dogmáticas e apriorísticas de hegemonia, como acontecia no período anterior.
No entanto, a Declaração de Março
tem como questão principal um grave erro estratégico, fruto de uma análise
precária da composição de classes da sociedade brasileira. O texto atribui à
“burguesia nacional” um papel progressista. A dada altura, a Declaração diz o
seguinte:
seguinte:
O proletariado e a burguesia se
aliam em torno do objetivo comum de lutar por um desenvolvimento independente e
progressista contra o imperialismo norte-americano.
O resultado concreto foi que o Partido acabou por se colocar a reboque da “burguesia nacional” e de sua concepção política e econômica central, o nacional-desenvolvimentismo. A maior parte dessa burguesia aliou-se ao imperialismo no golpe de 1964, isolou e combateu os
comunistas e a esquerda em geral.
O resultado concreto foi que o Partido acabou por se colocar a reboque da “burguesia nacional” e de sua concepção política e econômica central, o nacional-desenvolvimentismo. A maior parte dessa burguesia aliou-se ao imperialismo no golpe de 1964, isolou e combateu os
comunistas e a esquerda em geral.
O período nacional-desenvolvimentista
não foi uniforme e suas características intrínsecas conheceram várias nuances.
Obteve-se, através dessas orientações, um modelo de modernização acelerado, que
não tocava nas estruturas arcaicas de concentração da renda e da propriedade.
Provocou um dos maiores deslocamentos
humanos da história contemporânea, através das migrações internas do campo para
a cidade, com vantagens e problemas daí advindos.
O desenvolvimentismo dos anos 1950 entrou em crise, no final daquela década, por conta da maciça e crescente necessidade de importação de bens de produção, o que passou a causar desequilíbrios estruturais no balanço de pagamentos. Some-se a isso, uma contradição inerente ao desenvolvimento, a formação de uma numerosa e disciplinada classe operária, que passou a reivindicar uma repartição maior das riquezas por ela produzida, colocando-se na prática contra um dos pilares do modelo, a super-exploração do trabalho.
O desenvolvimentismo dos anos 1950 entrou em crise, no final daquela década, por conta da maciça e crescente necessidade de importação de bens de produção, o que passou a causar desequilíbrios estruturais no balanço de pagamentos. Some-se a isso, uma contradição inerente ao desenvolvimento, a formação de uma numerosa e disciplinada classe operária, que passou a reivindicar uma repartição maior das riquezas por ela produzida, colocando-se na prática contra um dos pilares do modelo, a super-exploração do trabalho.
As raízes do golpe de 1964 estavam
principalmente em impedir que as classes sociais emergentes na cena política a
partir de 1930 – especialmente o operariado, os trabalhadores rurais e setores
das camadas médias – exigissem democratização da propriedade, da renda e
do poder político. Para seguir atraindo o capital externo, o país teria de domesticar as reivindicações trabalhistas e criar um ambiente politicamente estável.
do poder político. Para seguir atraindo o capital externo, o país teria de domesticar as reivindicações trabalhistas e criar um ambiente politicamente estável.
O golpe de 1964 é a maior expressão
histórica do equívoco de se submeter o movimento popular a uma diretriz própria
da burguesia. O exame criterioso desse exemplo deve nortear as ações táticas e estratégicas
da esquerda brasileira.
As vertentes da retomada Após duas
décadas de defensiva das camadas populares, a sociedade brasileira viveu novamente,
a partir dos anos 1980, um intenso período de disputas, no bojo das lutas políticas
pelo fim da ditadura. O debate tinha como pano de fundo a ofensiva do movimento
popular.
A percepção de que o modelo anterior
entrara em crise, gerando um acentuado desgaste político do regime suscitou um
grande debate nacional. Ele combinava reivindicações democráticas com
definições de rumos na economia. Havia três vertentes e várias nuances no
tabuleiro.
A primeira delas, liderada pelo grande capital, clamava por uma política de desestatização, identificando o propalado gigantismo do Estado como matriz da dinâmica recessiva e inflacionária que o país viveu a partir de 1982. A saída seria uma redução do papel do Estado, para liberar energias produtivas da iniciativa privada.
A primeira delas, liderada pelo grande capital, clamava por uma política de desestatização, identificando o propalado gigantismo do Estado como matriz da dinâmica recessiva e inflacionária que o país viveu a partir de 1982. A saída seria uma redução do papel do Estado, para liberar energias produtivas da iniciativa privada.
E a terceira vertente – formada pelas
lideranças do chamado “novo sindicalismo”, por egressos da luta armada dos anos
1960-70 e por facções progressistas da Igreja Católica – advogava, de maneira rudimentar,
uma ruptura com o capitalismo, sem mediações com a
burguesia brasileira. Eram os setores que convergiriam para a formação do Partido dos Trabalhadores. A agremiação nasceu e cresceu criticando a política de alianças de classe do PCB.
burguesia brasileira. Eram os setores que convergiriam para a formação do Partido dos Trabalhadores. A agremiação nasceu e cresceu criticando a política de alianças de classe do PCB.
Ao longo dos anos, a segunda e a terceira
vertente tiveram grande convergência. Ou seja, o PT paulatinamente passou a
adotar a aliança de classes que renegara no passado. E ao conquistar o poder de
Estado, aconteceu o que o economista Paul Singer notou em entrevista recente: A
“aliança com sistema financeiro e latifúndio deu ao PT tranqüilidade para
governar”.
Concretizou-se assim o pacto de
desenvolvimento mencionado no início. Uma conformação política dessa natureza
não é feita para se lutar pelo socialismo e muito menos para mudar
estruturalmente a sociedade. É neste cenário que o grande capital, o
agronegócio exportador e as velhas oligarquias seguem dominando, em aliança com
parcelas expressivas do movimento popular. Colocar na agenda É também neste
cenário que a esquerda socialista precisa alcançar legitimidade para colocar na
agenda política a alternativa de uma transformação social radical. Dois erros
devem ser evitados:
A) Ficar a reboque do
desenvolvimentismo. Os setores que o compõem são aliados em uma luta comum até determinado
ponto: romper com alguns constrangimentos impostos pelo capital financeiro, o
que não é pouca coisa;
B) O segundo equívoco é o oposto.
Seria incorrer num doutrinarismo estéril, sem disputar a base social do pacto
dominante, que envolve setores com várias contradições entre si. Seria ao mesmo
tempo incorreto eleger o desenvolvimentismo como obstáculo principal da luta
pelo socialismo No plano concreto, um programa tático poderia envolver, entre
outros, os seguintes pontos:
A) Uma política monetária e uma política
fiscal expansiva, que se traduza na quebra da dominação neoliberal. Concretamente
isso se traduz em juros baixos, fim do superávit primário e na adoção de controle
de capitais;
B) No âmbito do trabalho, redução
de jornada, aumento de direitos e do trabalho formal;
C)
Maior controle do sistema financeiro e reestatização das empresas privatizadas
nos últimos 20 anos;
D) Aumento do investimento estatal
nos serviços públicos
E) Auditoria da dívida pública;
F). Democratização das comunicações;
G) Reforma agrária;
H). Direitos iguais para homens, mulheres, negros e minorias;
I). Uma política de desenvolvimento ecologicamente sustentável.
A partir desses pontos – que contam com a concordância de amplas parcelas do campo popular, algumas hegemonizadas pelo pacto dominante – é que se pode avançar no plano concreto para a construção de uma estratégia socialista com força social.
E) Auditoria da dívida pública;
F). Democratização das comunicações;
G) Reforma agrária;
H). Direitos iguais para homens, mulheres, negros e minorias;
I). Uma política de desenvolvimento ecologicamente sustentável.
A partir desses pontos – que contam com a concordância de amplas parcelas do campo popular, algumas hegemonizadas pelo pacto dominante – é que se pode avançar no plano concreto para a construção de uma estratégia socialista com força social.
A luta pelo socialismo é um projeto coletivo e não-linear.
Depende das injunções históricas, do ambiente interno ao país, das condições da
economia mundial e de decisões na esfera política. Ela necessita da constituição
de uma frente popular e democrática, a partir das organizações existentes na
sociedade. Pressupõe a disputa das bases sociais do pacto dominante.
A luta pelo socialismo não interessa ao grande capital e nem àqueles que têm no terreno financeiro e na especulação a fonte principal de seus ganhos. Um projeto desse tipo, que passa por uma ruptura revolucionária, pressupõe a supremacia da política, com sociedade organizada, instituições democráticas e Estado e forte. E pela solidificação dos partidos de esquerda.
A luta pelo socialismo não interessa ao grande capital e nem àqueles que têm no terreno financeiro e na especulação a fonte principal de seus ganhos. Um projeto desse tipo, que passa por uma ruptura revolucionária, pressupõe a supremacia da política, com sociedade organizada, instituições democráticas e Estado e forte. E pela solidificação dos partidos de esquerda.
É algo a favor das maiorias e
contra as minorias privilegiadas. Um projeto desse tipo só é possível em um
embate anti-imperial de envergadura e de integração regional soberana.
(*) Agradeço a sugestões feitas em versões anteriores deste texto por Antonio Augusto, Duarte Pereira, Paulo Kliass e Valter Pomar. Naturalmente, eles não têm responsabilidade alguma sobre as linhas que seguem.
(*) Agradeço a sugestões feitas em versões anteriores deste texto por Antonio Augusto, Duarte Pereira, Paulo Kliass e Valter Pomar. Naturalmente, eles não têm responsabilidade alguma sobre as linhas que seguem.
Paulo, 1987, pág. 11
2. Claudín, Fernando. A crise do movimento comunista: vol. 1. São
Paulo, Global, 1985. v.1. págs. 51-52
3. Furtado, Celso, Os desafios da nova geração, in Revista de Economia
Política, Vol 24, nº 4 (96), Out-Dez – 2004, pág. 484
terça-feira, 20 de dezembro de 2011
domingo, 18 de dezembro de 2011
O QUE SIGNIFICA SER DIRIGENTE
O PAPEL DO DIRIGENTE SINDICA
O QUE SIGNIFICA SER DIRIGENTE?
O
PAPEL DO DIRIGENTE SINDICAL
1. O QUE SIGNIFICA SER DIRIGENTE
- Serem
escolhidos por sua organização
- Serem
representativos, ou seja, que saibam interpretar os membros do grupo
- Ter
vocação para estar à serviço da organização, ou seja, que o dirigente
esteja à serviço do grupo e não o grupo à seu serviço
- Ser
democrático no exercício de seu cargo, não impor seus pontos de vista e
não deixar de cumprir as decisões tomadas pela organização.
- Promover
o saber, o interesse por conhecer
- Enfrentar
educativamente os conflitos do grupo
- Demonstrar
uma atitude aberta e crítica.
- Foram
cumpridos os objetivos propostos?
- Como
se organizou o grupo para realizar a atividade?
- Quais
foram os custos?
- Pode-se
fazer uma avaliação grupal, em que se respondam perguntas em pequenos
grupos,
- Outra
modalidade consiste em se fazer entrevistas individuais ou em pequenos
grupos; isto ajuda a resgatar a opinião dos participantes com mais
profundidade.

Nos grupos (equipe
esportiva, um sindicato, comissão de moradores, comunidade de base)
é necessário diferenciar tarefas e responsabilidades para evitar que todos
façam as mesmas coisas. Assim, os grupos podem ser mais eficientes no seu
funcionamento e utilizar melhor as diferentes capacidades pessoais. Uma
dessas tarefas é a de ser dirigente.
Ser
dirigente significa orientar, dirigir uma organização. O dirigente deve
conduzir as atitudes da sua organização, ordenar e organizar o seu
funcionamento e representar o grupo diante de outros (por exemplo autoridades
ou outras organizações).
Como
se pode ver, o dirigente tem mais responsabilidades na organização do que o
restante de seus membros.
A
pessoas que é eleita para dirigir o grupo, geralmente possui um conjunto
de qualidades e capacidades que a torna apta a ser um bom dirigente.
Igualmente, essa pessoa precisa ter desejo e vontade de desempenhar um papel de
maior responsabilidade, o qual por vezes; requer sacrifícios.
Portanto,
ser dirigente não é tarefa fácil. Ao se colocar à frente do
grupo, se está mais exposto à crítica e se corre riscos de diversos
tipos. Por outro lado, se tem importantes gratificações, como a de se sentir
que se está dando o melhor de si, a serviço do grupo e do movimento
popular.
2. O QUE É NECESSÁRIO PARA SER DIRIGENTE
Acreditamos
ser importante que os dirigentes tenham certas condições que os tornem mais
aptos a exercer o seu trabalho. Entre essas condições, destacamos as seguintes:
Muitas
vezes se confunde ser dirigente com ser líder. Pra ser dirigente não tem
necessariamente que ser líder. A liderança está ligada a uma qualidade
pessoal; relativamente excepcional: o carisma, a capacidade de ser
especialmente atraente e influente sobre as pessoas. Os líderes não pertencem
necessariamente às organizações e frequentemente, surgem de maneira espontânea
durante certas situações (por exemplo, quando há uma emergência e ninguém sabe o
que fazer, ou em festas, etc)
3. QUATRO CONTRIBUIÇÕES IMPORTANTES DOS DIRIGENTES
Além
da contribuição que dão no dia-a-dia das suas organizações, os dirigentes
cumprem um papel fundamental para o movimento popular em seu conjunto. Talvez
as contribuições mais importantes por eles desenvolvidas são as de promover a
participação, organizar, mobilizar e educar.
a) O dirigente e a
participação
As
organizações populares são muito importantes para enfrentar os múltiplos
problemas dos trabalhadores. Nelas, se luta pelos direitos, se realizam
atividades solidárias e de substância.
O
dirigente deve facilitar a democracia e a participação no grupo. Nisto tem um
importante papel a cumprir. Algumas das habilidades que podem ajudá-lo a
promover a participação são: facilitar a comunicação entre seus integrantes e
tomar decisões coletivamente.
b) O dirigente como
organizador
A
única forma pela qual os setores populares podem melhorar suas condições de
vida é organizando-se. Pouco podem esperar os trabalhadores que não provenha de
si mesmos e de sua ação. A organização permite unir as capacidades e vontades
de diferentes pessoas que tem interesses comuns. Para que existam organizações,
a contribuição do dirigente é vital.
Às
vezes a contribuição dos dirigentes consiste em criar organizações. Tratam-se
de bons “construtores” de grupos, que sabem detectar o que interessa as pessoas
de certo setor e buscam formas eficientes para organizar-se. Assim, os
dirigentes contribuem para o fortalecimento dos setores populares.
Outras
vezes, conseguindo fazê-las funcionar melhor, incorporam mais gente e fazem com
que seus membros se desenvolvam através das atividades que realizam. Tratam-se
de bons “organizadores” que sabem enfrentar adequadamente os conflitos, que
ajudam a conseguir a unidade entre os membros do grupo, que criam uma mística
em torno das ações conjuntas e que tornam eficiente a prática da organização.
c) O Dirigente Como
Mobilizador
Os
dirigentes contribuem também na mobilização, ajudando a buscar caminhos para
solucionar problemas diversos, tais como, saúde, alimentação, trabalho,
justiça, que afetam os setores populares. É impossível pensar que esses
problemas sejam resolvidos sem mobilização, ou seja, sem que as organizações e
o povo lutem e reclamem por seus direitos.
Muitos
dirigentes são bons mobilizadores porque sabem estimular a participação das
pessoas. Isto se deve ao fato de terem sensibilidade para captar a disposição
de atuar das pessoas e o conhecimento dos seus problemas. Trata-se de
dirigentes que inspiram confiança e credibilidade na medida em que as pessoas
sabem que não estão sendo manipuladas ou enganadas e que as ações que realizam
conduzem a soluções, ainda que parciais, de seus problemas.
Os
dirigentes também devem saber negociar. Muitas vezes as mobilizações populares
terminam em uma negociação com as autoridades pertinentes. Nestas situações, um
dirigente deve saber resguardar sempre os interesses de seu representantes, de
modo que a mobilização signifique um avanço para a organização e não um
retrocesso.
d) Os dirigentes como
educadores
É
necessário que os dirigentes tenham também uma atitude educadora. Educar, em um
sentido amplo, significa transformar, mudar a realidade. Quando uma pessoa tem
acesso à educação, ela cresce, conhece novas coisas e olha a realidade de uma
maneira mais crítica. Por isso, é necessário que os dirigentes promovam
atividades educativas.
O
dirigente não educa somente quando promove a capacitação de sua organização em
um determinado tema, mas também o faz com seu exemplo. Com efeito, o
testemunho de vida de alguns dirigentes educou e formou muitas pessoas.
De
igual maneira, um dirigente educa quando cria opiniões em torno de diferentes
aspectos da realidade local e nacional, porque ajuda as pessoas a terem uma
atitude crítica.
Em
resumo, a contribuição dos dirigentes aponta na direção de promover a
organização e a participação dos setores populares, e sobretudo, a incentivar
sua mobilização na busca de solução para seus problemas básicos. Junto com
isso, o dirigente pode contribuir promovendo a educação popular, para ter um
conhecimento mais crítico e ter mais elementos para transformar a realidade.
Apesar
de cada dirigente dar sua contribuição em um nível local, regional ou nacional,
a contribuição de todos é importante no avanço da construção de uma sociedade
mais justa e democrática.
4. CAPACIDADES QUE DEVE TER UM DIRIGENTE.
Talvez
a função mais importante dos dirigentes seja a de recolher os interesses,
anseios e esperanças de seu povo e transformá-los em organização e mobilização
capazes de responder a essas inquietudes. Um dirigente não somente tem que ter
a sensibilidade para saber o que o povo quer e necessita, mas também, deve ser capaz
de ativar e empolgar os trabalhadores e perceber até onde estão dispostos a
atuar.
Queremos
assinalar aqui algumas capacidades que o dirigente deve possuir para contribuir
positivamente na ação organizativa:
a)
Ter a confiança de seus representados
Não
basta que um dirigente tenha consciência das injustiças que sofrem os
trabalhadores e da necessidade de mudar esta situação. Tampouco
é suficiente que os dirigentes sejam decididos e valentes. Para mobilizar
o sindicato de qualquer organização é muito importante que os dirigentes
estejam muito próximos de suas bases, que sejam legítimos e confiáveis, sendo
para isso fundamental a honestidade e o compromisso comas pessoas que
representam.
b)
Ter informação sobre a realidade
Junto
com essa capacidade de interpretar o povo, o dirigente deveria ter um grande
conhecimento sobre a realidade em que está inserido. Não é suficiente saber que
existem problemas de suma gravidade como o desemprego, a fome ou a falta de
moradia. É necessário que domine informação precisa sobre estes problemas,
tanto a nível de seu local de trabalho, da comunidade, como do conjunto do
país.
Dominar
informações supõe, ao menos, dois trabalhos bastante complexos: saber onde
buscá-la e como obtê-la; e ser capaz de interpretar tal informação de modo
crítico. Este conhecimento mais exato da realidade é muito importante para
poder levar suas reinvidicações de maneira mais fundamentada.
Complementando,
é necessário que os dirigentes tenham conhecimento do tipo jurídico (leis)
que possam ajudar-lhes a levar suas reinvidicações com maior embasamento e
possibilidades de obter respostas adequadas.
c)
Ter clareza com relação aos objetivos
A
ação sindical deve perseguir objetivos determinados. Qualquer ação que se
programe deve ter alguma saída que permita o crescimento e aprendizagem do
grupo e não a sua desarticulação, como acontece em muitos casos. Por isso, é
conveniente não propor-se apenas um objetivo. Também é importante valorizar
outros tipos de resultados, como o fortalecimento da organização, o crescimento
das pessoas e a articulação a ser alcançada com outros grupos.
d)
Saber enfrentar as autoridades
No
caso da ação reinvidicatória é indispensável que o dirigente seja capaz de
atuar com autoridade: deve defender os interesses dos trabalhadores diante das
autoridades e negociar quando for necessário.
Negociar
significa chegar a algum acordo que seja favorável, neste caso, para os
trabalhadores. Uma negociação requer que os dirigentes tenham posição clara,
dominem diversas alternativas e disponham de informações precisas sobre a
questão em pauta.
Evidentemente , uma negociação implica em concessões de ambas
as partes. O importante é que um dirigente tenha bem claro em que aspectos não
pode ceder e que isso tenha sido previamente discutido e decidido com suas
bases. Na medida em que os trabalhadores estão mobilizados e dispostos a atuar,
a negociação será mais favorável para eles. Pode haver momentos que, em virtude
do baixo nível de mobilização e organização não seja conveniente negociar. Vale
lembrar que, historicamente os trabalhadores e o povo em geral, só seguiram
resultados mais vantajosos nas negociações, graças à sua capacidade de luta e
organização.
e)
Promover a articulação das organizações
populares
Um
dos aspectos fundamentais da ação do movimento popular é a articulação das
diversas organizações. Aqui, a contribuição dos dirigentes é fundamental.
Trata-se de encontrar os pontos de convergência, mesmo quando existem
diversidade de interesses, de estilos e de pensamentos. Trata-se de encontrar
os pontos de unidade de dêem mais força as reinvidicações, a organização e,
portanto, maior poder de pressão.
Em
resumo, uma função importante dos dirigentes é recolher os interesses e
esperanças do povo e transformá-los em mobilização e organização para obter
respostas as suas múltiplas necessidades. Para isto o dirigente deverá:
· Ter
a confiança de suas bases e está junto com elas
· Ter
informação precisa sobre os problemas dos trabalhadores
· Programas
ações com objetivos claros e possíveis de serem alcançados
· Ser
capaz de enfrentar as autoridades sabendo negociar com elas, mas defendendo os interesses dos trabalhadores
· Promover
a articulação das organizações populares buscando pontos comuns.
5. O DIRIGENTE E A FORMAÇÃO
Como
já se afirmou, para transformar a situação da opressão em que vivem os
setores populares, também é necessária a educação. Ter um melhor conhecimento
da realidade e refletir sobre nossas ações, nos dá melhores ferramentas para
compreender a realidade e sobre tudo para transformá-la.
Através
da formação, os membros de um grupo melhoram sua capacidade de expressão,
começam a ter uma posição frente à realidade, tornam-se mais desenvoltos e
participativos.
Por
isso, os dirigentes devem preocupar-se também em incentivar a educação dentro
da organização e criar condições para o crescimento e desenvolvimento pessoal
de seus membros.
Não
se trata somente de organizar atividades educativas, mas
também é importante uma atitude educativa por parte do dirigente. Uma
atitude que valorize os aspectos positivos de cada pessoa procurando fazê-la
avançar ainda mais, a partir de seus interesses e capacidades.
Outros elementos que caracterizam a
atitude de um educador são:
a)
Promover O Saber
Isto
significa desenvolver uma habilidade para socializar conhecimentos, para
investigar a realidade, para despertar o interesse e a curiosidade do
conhecimento, de tal modo, que o grupo vá crescendo e, ao mesmo tempo,
enriquecendo os objetivos que mantém viva a organização.
O
dirigente deve estar atento às necessidades de formação dos integrantes de sua
organização. Para isto devem planejar atividades educativas, tendo em vista os
objetivos que se quer alcançar com esta atividade, as pessoas que serão
convidadas a participar dela, os recursos humanos e materiais que serão necessários,
etc.
b)
Enfrentar educativamente os conflitos do
grupo
O
dirigente deve facilitar que os problemas se expressem abertamente e que o
grupo, como coletivo, encontre soluções. Nem sempre se conseguirá chegar a
visões totalmente comuns, mas é importante poder explicitar os pontos de
concordância e seguir avançando, assumindo que haverá de se conviver com
algumas diferenças.
O
dirigente, em todo caso, pode ajudar os membros do grupo a diferenciarem o que
é secundário do que é central num problema e concentrar esforços para
solucionar o mais importante.
c)
Demonstrar uma atitude aberta e crítica
O
dirigente deve estar disposto a entrar em uma relação democrática e de diálogo:
escuta e facilita a expressão. Escutar não é só permitir que os demais falem mais
é saber animar com palavras e gestos, é fazer perguntas, etc.
Ter
uma atitude aberta significa também, reconhecer que frente a um problema
determinado, há muitas respostas possíveis, muitos caminhos válidos e
muitos pontos de vista. Por isso, o dirigente deve apresentar diversas
alternativas e alimentar com informações, a mais completa possível, que permita
ao grupo e formando seu próprio ponto de vista.
Deste
modo, ser incentivará entre os membros do grupo, um espírito crítico e de
iniciativa.
Para
realizar uma atividade educativa nem sempre é necessária a presença de um
especialista. Também se pode recorrer a membros do grupo ou a pessoas do setor
que tenham experiências e conhecimentos sobre o tema.
Também
deve-se cuidar da utilização de técnicas e materiais educativos que tornem
possível a participação ativa do grupo.
Além disso, se pode
recorrer, em caso de necessidade, a pessoas e instituições locais que tenham
experiência neste tipo de atividade.
Em resumo, a educação serve
aos setores populares para ter uma maiôs conhecimento da realidade e poder
transformar a situação de opressão em que estes vivem.
Através da formação, os
membros de uma organização melhoram sua capacidade de expressão começam a ter
opiniões frente a realidade e se tornem mais participativos.
Por isto os dirigentes devem
preocupar-se em incentivar a educação na sua organização e, sobretudo, devem
ter uma atitude educativa que ajude a fazer crescer as pessoas.
Algumas atitudes educativas são:
6. PAPEL DO DIRIGENTE
O
dirigente pode, em grande medida, contribuir para que as organizações funcionem
eficientemente. De início deverão ter a capacidade para ir recolhendo os
anseios e habilidades dos membros da sua organização e transformá-los em ações
concretas e possíveis de serem realizadas. O dirigente terá que ir preparando
ações e formas de organizar-se que permitam à sua organização cumprir as metas
propostas anteriormente.
Há pelo
menos dois fatores de grande importância para a organização e eficiência de um
grupo: o planejamento das atividades e a avaliação do trabalho.
a) O planejamento das atividades
Planejar
é pensar agora o que se vai fazer depois. Isto significa, programar dentro
do tempo, as atividades de uma pessoa ou de um grupo, deixando claro o que se
vai fazer, por que se fará, em que momento e com que recursos.
Planejar
as atividades de uma organização tem várias vantagens. Uma delas, é que obriga
o grupo a pensar porque serão realizadas determinadas ações e como estas se
relacionam com seus objetivos. Isto ajuda a não cair no “ativismo” que é,
justamente, realizar uma atividade atrás da outra, sem nenhuma coerência entre
elas e sem saber em que direção estão apontando.
Outra
vantagem do planejamento é que ele permite prever os resultados que se
quer obter com uma atividade determinada, o que permite avaliar com maior
facilidade.
Também
ajuda a organização a realizar suas atividades de modo mais ordenado e a saber,
de antemão, que recursos se necessitará e onde se pode consegui-lo
O
planejamento permite prever alguns obstáculos, aqueles que aparecem na execução
de uma atividade, o que nos permite tomar medidas para retificá-la e melhorá-la.
Uma
boa maneira de planejar, no caso das organizações, consiste em elaborar planos
e programas de trabalho onde apareçam as diferentes atividades que se pretende
realizar durante um período de tempo.
Agora
vejamos, quem deve realizar esse planejamento?
Se
queremos que a organização seja participativa, todo o grupo deve ser chamado a
dar idéias e opiniões. Mas caberá ao dirigente, apresentar as proposições
a serem discutidas e colocar no papel o planejamento resultantes da diferentes
contribuições do grupo. Ainda assim, deverá ir introduzindo momentos de
avaliação durante a execução das atividades e após a sua realização.
Há certas
perguntas importantes de se fazer ao realizar um planejamento:
Qual é o problema?
Qualquer
atividade se realiza para enfrentar algum problema. Têm causas que lhes dão
origem. Antes de planejar uma atividade determinada será necessário
perguntar-se a que problema se pretende responder e refletir sobre suas causas.
Isto é o diagnóstico.
O que queremos alcançar?
Já
dissemos que as atividades buscam dar soluções a problemas. Mas seguramente não
poderão resolvê-los completamente; por isto é necessário que nas atividades se
tenha claro o que se pretendem alcançar, ou seja, seus objetivos.
O que devemos fazer para alcançar os
objetivos?
Para
se alcançar os objetivos, deve-se realizar atividades. Podem haver diversos
tipos de atividades para se alcançar um mesmo objetivo. O importante
é escolher aquelas que o grupo possa realmente assumir. Ou seja, que tenha
capacidade, recursos e entusiasmo para levá-las até o fim.
Como vamos realizar as atividades?
Uma
vez definidas as atividades, haverá que distinguir quais são as tarefas
que se deve realizar. Para cada tarefa, o grupo deverá definir pessoas e
comissões encarregadas de cumpri-la. A distribuição das tarefas é um aspectos
importante da ação do dirigente e que ele precisa saber fazer. Impor quem deve
realizar as tarefas não se sentem comprometidas a realizá-las. O mais adequado
é que as tarefas sejam assumidas voluntariamente pelos membros do grupo de
acordo com seu interesse, ou quem o dirigente sugira responsáveis pelas tarefas
de acordo com suas habilidades.
Ao distribuírem-se
as tarefas, o grupo deverá fixar prazos para a realização de cada uma delas.
Nem todas as tarefas requerem o mesmo tempo e os membros do grupo devem ter
isso em conta ao assumirem a responsabilidade por elas.
Planificar
o tempo tem grande importância para que não ocorram atrasos, para que as
pessoas não se sobrecarreguem de tarefas que depois não poderão ser cumpridas e
para que se possa ter um certo ordenamento das tarefas.
O que necessitamos para realizar a atividade?
Qualquer
atividade que se faça, demanda certos recursos. Às vezes serão necessários
somente recursos humanos, ou sela, pessoas dispostas a trabalhar. Mas quando se
trata de atividades de maior envergadura, serão necessários também recursos
materiais e inclusive dinheiro.
Os
recursos são fundamentais em qualquer planejamento porque definem o que é e o
que não é possível realizar. Muitas vezes ocorre o fato de que por não se
pensar na questão dos recursos, a realização de uma atividade fica comprometida
no meio do caminho, produzindo frustração no grupo.
Um
aspecto muito importante é ver como conseguir os recursos. Nem sempre
há a necessidade de buscá-los fora do grupo. Também é possível
encontrá-los dentro do próprio grupo ou criá-los de forma coletiva. Por
exemplo, é bastante freqüente que as organizações façam rifas para obter
algum recurso.
b) A avaliação
Avaliar
significa rever a prática da organização e verificar seus avanços com relação
aos objetivos formulados.
A
avaliação poderá realizar-se, desde que a atividade ou o plano de trabalho
já tenham sido executados. Isto será útil porque nos permitirá analisar
até que ponto foram cumpridas as dificuldades encontradas e quais foram os
acertos e erros. Neste tipo de avaliação será conveniente que participem todas
aquelas pessoas que levaram adiante a atividade, incluindo outras pessoas que
de alguma forma tenham se beneficiado com tal iniciativa.
Mas
não devemos avaliar as atividades somente quando já se realizaram:
também é necessário avaliá-las ao longo de suas execuções para que se
possa introduzir mudanças e corrigir, em tempo, os erros que vão sendo
cometidos.
Ao
avaliar uma atividade ou um plano de trabalho é conveniente fazer-se
algumas perguntas que possam guiar o processo de avaliação:
Ø Que
dificuldades (pessoais, do grupo ou da população) se encontraram para alcançar
os objetivos?
Ø Que aspectos
contribuíram para que fossem atingidos os objetivos?
·
Foram cumpridos outros objetivos?
Ø As
atividades tiveram outros resultados positivos ou negativos não
esperados?
Ø O
grupo todo participou da execução das tarefas? Os responsáveis cumpriram com
suas tarefas? Foram cumpridos os prazos estabelecidos?
·
Como se utilizaram os recursos?
Ø Faltaram
recursos? Se esbanjaram recursos? Se buscaram os recursos próprios do
grupo?
Ø Valeu
a pena realizar a atividade?
Na
organização, não é suficiente avaliar somente as atividades. Podem
ocorrer problemas de funcionamento ou de relacionamento pessoal no grupo, que
se não são enfrentados no momento adequado, podem converter-se em conflitos difíceis
de serem resolvidos. Por isso, a avaliação permanente da organização é uma
tarefa necessária, sendo que cabe ao dirigente tornar-se seu principal
estimulador. A avaliação, assim entendida, pode converter-se em uma importância
ferramenta para a eficiência e em um espaço de participação para todos os
membros do grupo.
Existem
distintas formas de avaliar em uma organização:
·
Pode fazer-se individualmente, preenchendo
uma pauta de perguntas.
Outra
forma de avaliar, que pode ser de grande utilidade nas organizações, é a
auto-avaliação, isto quer dizer que cada membro do grupo avalia a si mesmo com
relação à sua participação nas tarefas da organização. A auto-avaliação
supõe ter uma grande capacidade autocrítica, saber reconhecer suas contribuições
e erros. Isto não é nada fácil, pois exige que opinemos sobre nós mesmos.
Por
exemplo, é muito comum encontrar-se atitudes defensivas, em que as pessoas
são incapazes de reconhecer seus erros, e acham que tudo que fazem está muito
bem. Mas também, por vezes, ocorre a atitude contrária, que acentua todos os
aspectos negativos, culpando-se por eles, sem reconhecer as contribuições
positivas que foram dadas ao grupo.
É
preciso entender a auto-avaliação como um dos componentes da avaliação, que
traz informação específica sobre os participantes do grupo: o que aprenderam,
que obstáculos encontraram e em que falharam. Esta informação, de caráter mais
pessoal, é muito importante para avaliar os resultados da atividade.;
Em
resumo, o dirigente tem grande importância para que a organização funcione de
maneira eficiente. Seu papel será de ir propondo atividades e formas de
organizar-se que permitam ao grupo cumprir suas metas. Pra isso, é necessário
planejar e avaliar aquilo que se faz. Planejar é pensar antes o que se vai fazer
em seguida. O
planejamento pode realizar-se respondendo a certas perguntas: qual é o problema
que se quer enfrentar? O que se quer alcançar? Como se vai realizar? O que é
necessário para fazê-lo?
Avaliar
significa rever as atividades que a organização realiza e analisar se foram
cumpridos os objetivos inicialmente propostos, se se alcançaram outros
objetivos que não haviam sido previstos e quais foram as dificuldades, os
acertos e os erros.
Tomado
de:
PIIE: programa interdisciplinario de investigaciones em
educacion
CIDE: centro de investigacion y desarrollo de la
educacion
(algumas partes do documento foram modificadas levemente,
para adaptá-las a nossa situação) – Equipe alforja
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