Quem sou eu

Minha foto
Não é a consciência do homem que determina o seu ser, mas, pelo contrário, o seu ser social é que determina a sua consciência.” *Kal Marx “os comunistas nunca devem perder de vista a unidade da organização sindical. (Isto porque) a única fonte de força dos escravos assalariados de nossa civilização, oprimidos, subjugados e abatidos pelo trabalho, é a sua união, sua organização e solidariedade” *Lenin

sábado, 24 de setembro de 2011

FORMAÇÃO SINDICAL - ANARQUISMO

ANARQUISMO  
Diferente da concepção tradeunionista, que surge e ganha fôlego nos países mais desenvolvidos, a corrente anarquista terá maior destaque nas nações em que o processo de industrialização foi mais lento. O atraso dessas economias dará impulso à concepção anarquista, que expressa a revolta dos antigos artesão e oficiais. Estes, com o avanço da industrialização, foram despojados de seus instrumentos de trabalho  e tiveram que ingressar no trabalho fabril, proletarizando-se. Nos países mais atrasados, como a França, a Itália e a Espanha do final do século passado, as burguesias locais não possuíam capital acumulado o suficiente para uma rápida expansão. As indústrias eram frágeis, dispersas. Para acumular capital e impulsionar a industrialização, a burguesia se utilizava de mecanismos mais bárbaros de exploração - o que gerava, como conseqüência, violentas explosões de revoltas dos operários , que trabalhavam em fábricas dispersas e pequenas, sem qualquer concentração. Essas condições econômicas criaram um terreno fértil para o crescimento da concepção anarquista.

A palavra anarquia tem sua origem do vocabulário grego - an significa negação, ausência, e arquia, poder, governo. O anarquismo preconizava a abolição total do estado, com o fim das leis, dos partidos, da religião, etc. “O poder exerce, por sua própria natureza, uma influência perniciosa”, afirmou o inglês Willian Godwin (1756-1836), um dos primeiros formuladores dessa doutrina social.

Pierre Joseph Proughon (1809-1865) foi o grande ideólogo e divulgador dessa doutrina. Em sua clássica definição do capitalismo, afirma que “a propriedade é um roubo”. Defende uma nova  sociedade, autogestionária, formada por produtores livre da cidade e do campo. Estes se reuniriam em cooperativas e comunas e faziam a gestão da economia de forma autárquica. Apesar de aparente radicalidade de sua proposta, Proudhon adotará uma estratégia reacionária para atingi-la. Diz que a sociedade autogestionária será alcançada através da ajuda da própria burguesia, que, via “bancos populares” e o crédito gratuito, financiaria as iniciativas dos trabalhadores com vistas a se tornarem produtores livres.

Proudhon será radicalmente contra as greves e ficará criticando às jovens organizações sindicais de trabalhadores. Na sua obra mais conhecida, “Filosofia da Miséria”, será enfático: “A greve dos operários é ilegal, e não só o Código Penal que o diz: é o sistema econômico, é a necessidade da ordem estabelecida... Que cada operário, individualmente, goze da livre disposição da sua pessoa e dos seus braços, é a coisa que se pode tolerar. Mas que os operários procurem, por meio de associações, violentar a liberdade e o direito dos patrões, é o que a sociedade não pode permitir. Aplicar a força contra os patrões, desorganizar as oficinas, paralisar o trabalho, pôr sob ameaça o capital, significa conspirar uma ruína geral. As autoridades que mandam assassinar os grevistas de River-de-Giex sentiram-se profundamente infelizes. mas atuaram como o antigo Brutus, que se viu obrigado a escolher entre o amor ao pai e o dever ao cônsul. Impunha-se sacrificar os seus filhos, para salvar a república.

Em outro texto, dá sua opinião sobre os sindicatos. “A lei que autoriza associações é fundamental antijurídica, antieconômica e contrária a todo o regime social e a toda ordem... Repudio, em especial, a nova lei, porque a associação, com o propósito de aumentar  ou diminuir os salários, é absolutamente igual à associação com o propósito de aumentar ou diminuir os preços dos víveres e da mercadorias”, Para se contrapor às idéias de Proudhon, que “seduziam e corrompiam a juventude dourada e depois os operários, principalmente de Paris”, Karl Marx, ideólogo do Comunismo, escreverá  o livro “Miséria da Filosofia”.

O russo Michael Bakunin (1814-1876), de origem aristocrática, é quem dará um novo impulso ao anarquismo. Dizendo-se discípulo de Proudhon, negará a sua formula reacionária e utópica para atingir a sociedade autogestionária. Ele se dá conta das aberrações produzidas por seu mestre. “Proudhon, apesar de todos os esforços para se colocar no plano da realidade, continuou sendo idealista e metafísico”, raciocina. Afirmando total descrença diante da burguesia, defenderá uma postura de combate dos trabalhadores contra o capital. Essa concepção passa a ser conhecida como anarco-sindicalista. Ela prega a intensificação da luta de classes contra o capital. Para Bakunin, “a greve é tudo” e os sindicatos “são os únicos instrumentos de guerra verdadeiramente eficaz”. Ele também prega o uso da sabotagem, do boicote e da ocupação das fábricas como formas de luta dos trabalhadores. o ponto alto desse combate global seria a greve geral, que inviabilizaria o sistema e possibilitaria o surgimento da sociedade acrata. As entidades sindicais inclusive seriam os embriões da nova sociedade autogestionária.
Com as idéias de Bakunin, o anarquismo ganha base no meio operário. Em países de economia frágil, onde impera a super-exploração da mão de obra, a sua proposta de radicalização das lutas encontra ressonância. Para essa concepção, o importante é a chamada “ação direta” - o desenvolvimento ininterrupto dos confrontos de classe. Nesse processo, os anarquistas têm noção de que encontrarão barreiras diante do atraso da consciência operária e das dificuldades da correlação de forças. procurando superá-las, eles defendem o papel da “minoria ativa”, como foco que galvanizaria as atenções dos trabalhadores, atraindo-os para a luta. Daí o anarquismo ser taxado de vanguardista, por se afastar do nível de organização dos trabalhadores, pregando uma radicalização artificial da luta de classes. No mesmo sentido, rotula-se essa concepção de voluntarista. já que coloca a sua vontade subjetiva acima das condições concretas de luta existente, sem analisar a correlação de forças.
Outra característica fundamental da concepção anarquista será a negação de qualquer ação política por parte dos trabalhadores Partindo da compreensão de que toda a superação emana da infra-estrutura capitalista, os anarquistas condenam a participação dos operários nas eleições institucionais, são contrários a atividade parlamentar e menosprezam as leis. Pelo seu projeto de sociedade futura, essa concepção prega o fim do Estado - com todas as instituições e regras, como as leis e a justiça. Exatamente por isso, os anarquistas - tendo a frente Proudhon e, posteriormente Bakunin - polemizarão com os marxistas - que defendem a luta do proletariado pela conquista do poder, com a constituição da ditadura do proletariado como forma transitória para o fim do estado. Para os anarquistas, nada deve se colocar no caminho da “ação direta”, do confronto cotidiano. Esse traço dará aos anarquistas uma certa marca economicista.
Com o desenvolvimento do capitalismo, que leva a uma maior concentrações de capital e da produção, a concepção anarquista vai perdendo terreno nos movimentos sociais. Além do aspecto econômico, da superação da fase artesanal e manufatureira, há também o político. A complexidade da nova sociedade desarma os anarquistas. Algumas correntes chegam inclusive a defender o lupen-proletariado ( os mendigos e marginalizados) como a nova classe revolucionária, já que, segundo afirmam, o proletariado industrial teria se tornando reacionário com os avanços da industrialização. Ao negarem a luta política e a utilização de outras formas de luta pelos trabalhadores, os anarquistas caem no isolamento. Com a primeira revolução proletária, na Rússia de 17, onde se afirmam a necessidade da luta política e da organização do partido revolucionário, o anarquismo declina no mundo. As inúmeras tendências anarquistas, desde os adeptos do terrorismo, até os defensores do pacifismo, passando pelo chamado anarquismo espiritual de Spindel, entram em crise.





Nenhum comentário:

Postar um comentário

Postagem em destaque

Março das Mulheres | Conheça a verdadeira história do 8 de março

  O 8 de março a LUTA das mulheres como identidade de classe e muitos sentimentos de pertencimento. Como afirma que a origem da data foi pro...