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Não é a consciência do homem que determina o seu ser, mas, pelo contrário, o seu ser social é que determina a sua consciência.” *Kal Marx “os comunistas nunca devem perder de vista a unidade da organização sindical. (Isto porque) a única fonte de força dos escravos assalariados de nossa civilização, oprimidos, subjugados e abatidos pelo trabalho, é a sua união, sua organização e solidariedade” *Lenin

terça-feira, 3 de maio de 2016

3º. Congresso reforça a sua CSA condução mais democracia, mais direitos para mais e melhores empregos


3º. Congresso reforça a sua CSA condução mais democracia, mais direitos para mais e melhores empregos.


Com a intervenção do Presidente Hassan Yussuff reeleito e aclamação da / os Congresso, foi fechado no terceiro. Congresso CSA, em São Paulo, em 29 de abril. Hassan Yussuff, presidente CLC do Canadá, agradeceu aos sindicatos das Américas pela confiança depositada nele e no resto da Secretaria, para liderar os destinos da CSA para os próximos 4 anos.
Pouco antes de o director-geral da OIT, Guy Ryder, ele tinha feito o seu discurso, reconhecendo o processo de consolidação importante realizado pela CSA durante os últimos 8 anos, o que permite que ele seja um dos mais importantes organizações sindicais regionais. Recordando dois líderes sindicais proeminentes das Américas, Samuel Gompers, EUA, e José Pepe D'Elia, do Uruguai, como valores de referência do sindicalismo, Ryder afirmou que "a OIT continuará a trabalhar com o CSA para fortalecimento do sindicalismo das Américas ".

No último dia da terceira sessão. Congresso aprovou 17 resoluções que irão orientar a acção política e sindical da CSA no período 2016-2020. As resoluções referem-se a diversidade das questões que estruturam as 4 Prioridades Estratégicas para a Ação: Desenvolvimento Sustentável; Trabalho Decente e liberdade de associação; organização sindical e de auto-reforma e Paz, Democracia e os Direitos Humanos. Além disso, foram aprovados pelo voto da maioria da / os Congresso, movimentos em apoio à democracia no Brasil e contra o golpe parlamentar, o movimento em solidariedade com a presidente Dilma Rousseff, moção de apoio à paz na Colômbia, movimento On políticas neoliberais do governo argentino e o movimento sobre Pessoas de ascendência Africano: reconhecimento, justiça e desenvolvimento.
Foi apresentado o relatório final da Comissão de Credenciais. No total, foram 291 delegados registrados do 55 central nacional creditado no 3º. Congresso, sendo 155 mulheres (51,55%) e 141 homens (48,45%), com a participação de 48 jovens, representando 16,49% do / Delegada as / os. No total, o terceiro. Congresso reuniu 560 participantes, incluindo delegados / os, Observer / s, convidado / os, imprensa e outros.
Da mesma forma, o Comité Eleitoral apresentou o seu relatório sobre os resultados do processo de escolha do Secretariado Executivo, Diretoria Executiva e Conselho Fiscal. Com O processo foi conduzido normalmente, garantindo uma votação secreta de organizações e com os auditores externos, que certificaram a arrumação do processo. Foi apresentada uma lista, encabeçada por Hassan Yussuff e Victor Baez.
Cinquenta e cinco (55) os sindicatos foram credenciados para participar do Congresso, representando 30,092,363 trabalhadores / as contribuidores para o CSA. Quarenta e cinco (45) plantas foram qualificados para votar no processo eleitoral, representando 26,180,259 trabalhadores / as, o equivalente a 87% do total. Dez (10) plantas foram criadas para não votar no processo eleitoral, representando 3,912,104 trabalhadores / as, o equivalente a 13% do total. Um (1) central abstiveram-se, o que representa 2.507 trabalhadores / como, equivalente a 0,01% do total. Dois (2) Central votaram em branco, representando 95.000 trabalhadores / equivalente a 0,4% do ace total. Dois (2) Central votaram não, o que representa 636.000 trabalhadores / as, o equivalente a 2,4% do total. Quarenta (40) central, votou a favor de Hassan-Victor List, representando 25,446,752 trabalhadores / as, o equivalente a 84,5 %% do total, sendo declarado o vencedor.
Em sessões específicas de sua Comissão Delegada das Mulheres Trabalhadoras das Américas (CMTA) elegeu como seu presidente Eulogio Família, CNUS República Dominicana e vice-presidente para Regina Pessoti, UGT Brasil. Enquanto isso, o Delegados / os / os Jovens de trabalho do Comité da Juventude das Américas (CJTA), eleitos como presidente para o período - 2016-2018 - Viviana Osorio, corte Colômbia, e para o período - 2018-2020 - para Edjane Rodrigues, CUT Brasil. Vice-presidências para CJTA Matias Zalduendo, CTA-Trabalhadores-Argentina - 2016-2018 - e Jordan Urena, CNTD República Dominicana, 2018-2020. De acordo com o Estatuto do CSA, o presidente e vice-presidente da CMTA eo presidente da CJTA fazem parte do Conselho Executivo.
O novo Secretariado Executivo foi composta por:
Presidente Hassan Yussuff (Canadá), Vice-Presidente , Altagracia Jimenez (República Dominicana) Vice-Presidente , Toni Moore (Barbados) Secretário-Geral , Victor Baez Mosqueira (Paraguai) Secretário de Política Econômica e Desenvolvimento Sustentável , Rafael Freire Neto (Brasil) Secretário A política da União e da Educação , Amanda Villatoro Claribel (El Salvador)Secretário da política social , Laerte Teixeira da Costa (Brasil)

O novo Secretariado Executivo assumiu o cargo com o compromisso de trabalhar ainda mais em linhas estratégicas definidas pelo Congresso e pelo fortalecimento e unidade interna do CSA

sexta-feira, 29 de abril de 2016

Uma verdadeira rebelião de deputadas e deputados


Uma verdadeira rebelião de deputadas Socialistas e feministas, enfrenta o gangster Eduardo Cunha. 


Uma verdadeira rebelião de deputados e deputadas, principalmente por parte das parlamentares, levou à suspensão da sessão plenária desta quarta-feira 27), com muitos protestos contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). A confusão teve início quando Cunha não acatou pedidos de verificação nominal de um projeto de resolução e declarou rejeitado o requerimento de retirada de pauta da matéria. A proposição cria comissões permanentes, reunindo no colegiado destinado às mulheres outras categorias sem relação direta com o propósito original. Diante da postura de Cunha, que não deu ouvidos aos apelos das deputadas, um grupo de parlamentares ocupou a Mesa Diretora e as duas tribunas diametralmente opostas do plenário. Dessa maneira, impediu-se que o deputado João Campos (PSDB-GO), aliado de Cunha, pudesse usar um dos microfones e dar continuidade à sessão – o peemedebista se mantinha decidido a manter aprovação da matéria...

quinta-feira, 28 de abril de 2016

Qual a tua concepção sobre as relações sociais de gênero na categoria?


Qual a tua concepção sobre as relações sociais de gênero na categoria?


Nossa concepção é baseada em conceitos e na visão critica da contradição do capital X Trabalho. Falar em concepção é não deixar de lado a divisão entre Homem e Mulher no trabalho que está na base social da opressão e da desigualdade. Em primeiro lugar, é preciso destacar que ela é histórica, ou seja, foi sendo constituída, não é imutável. Mas tem princípios que permanecem; o que modificam são as modalidades. Isso nos ajuda a pensar sobre a permanência dessa desigualdade. Consideramos que há dois princípios organizadores das relações sociais de gênero da nossa categoria e divisão sexual do trabalho. Um deles é a separação, essa ideia que separa o que é trabalho de homens e de mulheres. Outro é a hierarquia, que considera que o trabalho dos homens vale mais do que o das mulheres. Precisamos superar essa hierarquia que nasce no seio do capital, que é opressão e desigualdade.
Uma das principais justificativas ideológicas para a divisão sexual do trabalho é a naturalização da desigualdade, que empurra para as relações sociais as práticas de homens e mulheres. Ou seja, atribui a uma essência social como parte da natureza, a construção do masculino e do feminino. Mas é preciso materializar nossa concepção de classe, e a ideologia, a reprodução simbólica, com a existência de uma base material.
Neste sentido, é importante chamar atenção para o fato de que, muitas vezes, o conceito de divisão de gênero do trabalho fica reduzido às estatísticas sobre as diferenças de inserção no mercado de trabalho de homens e mulheres.
Isso não dá conta da complexidade deste conceito, que faz parte de um processo da luta e da organização feminista, e que busca justamente entender como se transforma em desigualdade o trabalho entre homens e mulheres.
A emergência do conceito da divisão sexual do trabalho teve um papel muito importante para questionar o que era a definição clássica de trabalho. As feministas que discutiram a divisão sexual do trabalho estavam no campo do marxismo. Elas problematizaram que o debate de classe não explicava e não dava conta do conjunto da realidade do trabalho. Num primeiro momento, parecia haver uma destinação dos homens ao trabalho chamado produtivo e uma destinação prioritária das mulheres ao trabalho reprodutivo. Mas o que se viu foi muito mais do que isso. As, mulheres, estão simultaneamente nas duas esferas: no trabalho produtivo e no trabalho reprodutivo.
No capitalismo, é considerado produtivo só aquilo que gera troca no mercado, ou seja, aquilo que pode se “mercantilizar”. E aí o trabalho reprodutivo deixa de ser trabalho porque não se troca no mercado.
Ao mesmo tempo, o trabalho mercantil depende do trabalho doméstico e de cuidados, que é feito na casa, realizado pelas mulheres, onde o  machismo é predominante. A abordagem da economia feminista consolidou um enfoque de economia mais amplo, que considera o trabalho de reprodução e outras atividades não monetárias como parte da economia.
Divisão internacional e sexual do trabalho
Um desafio colocado para as mulheres é pensar a nova reconfiguração da divisão internacional e sexual do trabalho e em como uma nova forma da divisão sexual do trabalho estrutura a divisão internacional do trabalho. Por exemplo, em todos os setores “transnacionalizados” que precisam de mão-de-obra intensiva, quem está ali são as mulheres.
O capitalismo se utiliza da mesma forma do trabalho intensivo das mulheres, como foi no final do século XIX, início do século XX, mas agora sobre outras modalidades, como a migração. Em vários países, inclusive na América Latina, as mulheres Paraguaias, Uruguaias, Equatorianas, mais ainda as Bolivianas veem ao nosso país e são submetida ao trabalho degradante, análogo à escravidão nas Indústrias do vestuário que está entre principais envolvidas nos casos de trabalho análogo a escravidão. E, produzem as marcas de confecções vendidas para as grandes redes multinacionais como a C&A, M.Officer e ZARA. E redes locais como a As lojas Marisa, denunciadas em ações fiscais do MTE-Ministério do Trabalho Emprego, MPT-Ministério Público do Trabalho e PF-Policia federal.
Um olhar sobre o conjunto
O conceito de equidade e igualdade. E, de fato, se não pensamos na transformação global da sociedade, no conjunto das relações, muitas vezes o que chamamos de igualdade fica no terreno da equidade ou da equiparação. Por exemplo, em termos de renda, escolaridade, propriedade entre homens e mulheres, quando falamos de igualdade estamos tratando de uma transformação geral de como a sociedade se
organiza e de um questionamento a todas as formas de desigualdade e hierarquia. Isso traz, por exemplo, um outro olhar para a relação reprodução, para o conceito de trabalho, para a dimensão étnico-racial.
A lógica do mercado prevê que as pessoas devem estar o tempo todo disponíveis para o seu trabalho mercantil, enquanto a lógica do cuidado exige acompanhar os ciclos da vida.
Hoje essa sociedade do mercado, no mundo inteiro, se sustenta na utilização do tempo e do trabalho como fontes inesgotáveis e como variáveis de ajuste para manter este modelo funcionando. Em Fortaleza, uma empregada doméstica sai de casa às 6h e volta pra casa às 20h. O que sempre estica é o tempo e o trabalho das mulheres. É visível: em períodos de desemprego na família, as mulheres trabalham mais, fazem um bico, produzem mais bens e serviços dentro de casa, onde exercem a tripla jornada de Trabalho.
Todos esses elementos têm que vir para nossa agenda, até pra gente olhar para uma campanha especifica. Na campanha Igualdade de Oportunidades, por exemplo, o trabalho de cuidados tem que estar posto no debate.
É racional continuar com essas lutas, mas sempre com o objetivo de incidir sobre o maior número possível de mulheres. Ao mesmo tempo, temos que continuar insistindo e colocando no debate essa compreensão do trabalho num sentido mais amplo, não só como assalariadas, mas também a reprodução social, pensando a economia de uma forma ampliada. A economia não está desvinculada do social e do cultural. Temos que repensar nossa sociedade e reconstruir alguns  paradigmas, mexendo nos elementos em geral naturalizados.

E  como você ver a percepção de outros companheiros?

Faltam em boa parte deles, e delas, em especial a elas, acumulo ideológico, conceito e, visão critica, dessa compreensão de gênero e divisão sexual do trabalho.

Domingos Braga Mota
Coordenador de mobilização e ação sindical
Sindicato dos empregados no comercio de Fortaleza
 Secretário nacional de saúde e segurança do trabalhador da CONTRCAS/CUT


Acidentes de Trabalho, somos todos atingidos...

Acidentes de Trabalho, somos todos atingidos...

Mariana MG, acidente ambiental ou acidente de Trabalho ampliado?

Uma tragédia anunciada?

Foi um crime ambiental, com nexo-causal acidente de trabalho ampliado, associado a uma tragédia ambiental nunca vista antes em nosso país e com consequências ainda não assimiladas até agora.

O dia Mundial em Memória das Vítimas de Acidentes de Trabalho  surgiu no Canadá por iniciativa do movimento sindical e logo se espalharam por diversos países, organizado por sindicatos, federações, confederações locais e internacionais.
A data foi escolhida em razão de um acidente que matou 78 trabalhadores em uma mina no estado da Virgínia, nos Estados Unidos, no ano de 1969. A Organização Internacional do Trabalho (OIT), desde 2003, consagra a data à reflexão sobre a segurança e saúde do trabalhador. Desde maio de 2005, o dia 28 foi instituído no Brasil por meio da Lei nº 11.121.
No Brasil as estatísticas oficiais do Ministério da Previdência mostram que entre 2012 e 2014, ocorreram mais de 2 milhões de acidentes do trabalho. Ficaram inválidos 47.910 trabalhadores e 8.392 morreram. No setor extrativo foram contabilizados 21.057 acidentes de trabalho. Esses dados mostram a dimensão da irresponsabilidade do capital na busca incessante de lucro fácil. Negligenciam as normas de proteção à saúde dos trabalhadores e as colocam para o estado, para toda a sociedade e, em especial para o movimento sindical e popular que têm um enorme desafio a ser enfrentados em defesa da vida e dos direitos humanos. Uma vez que defender a vida é defender direitos humanos da classe trabalhadora.
A OIT estima que no mundo ocorra 170 milhões de acidentes e doenças do trabalho por ano, dos quais 2,34 milhões geram mortes. Além de aproximadamente 160 milhões de casos de doenças ocupacionais. Essas ocorrências chegam a comprometer 4% do PIB mundial. Cada acidente ou doença representa, em média, a perda de quatro dias de trabalho. Dos trabalhadores mortos 22 mil são crianças, vítimas do trabalho infantil. Ainda segundo a OIT, todos os dias morrem em média cinco mil trabalhadores devido a acidentes ou doenças relacionadas ao trabalho.
Queremos denunciar o último acidente de trabalho ampliado, ocorrido no dia 5 de novembro de 2015, um dia que nunca será esquecido, e dedicar nossa solidariedade às vítimas do acidente de trabalho ampliado de Minas Gerais no município de Mariana, na localidade de fundão, na unidade de exploração mineral de Germano. Denunciar este crime ambiental combinado com assassinatos de trabalhadores e vítimas da negligência patronal em busca de lucro fácil.
O crime da Samarco, VALE e BHP Billiton,  empresas que cometeram crimes hediondos contra a vida. Crime que vitimou 18 pessoas, duas eram crianças e 16 trabalhadores, dos quais, 12 eram terceirizados, um empregado da Samarco e três moradores de Bento Rodrigues. Ainda há uma pessoa desaparecida.
A destruição da natureza, já provocou prejuízos calculados em bilhões de dólares, Somente na recuperação ambiental serão necessários 5 bilhões. Além das mortes, muito sofrimento psíquico-social e adoecimento de trabalhadores, crianças, jovens, adultos e de pessoas idosas. Centenas de pessoas perderam seus lares, 10 mil postos de trabalho foram fechados, milhares de agricultores, comerciantes e pescadores estão sem trabalho e mais de um milhão de pessoas foram atingidas por esse acidente do trabalho ampliado. A destruição da bacia do rio doce com mais de 10 milhões de rejeitos da ganancia capitalista já matou toda uma vida rio abaixo até o oceano atlântico.  

Escrito po: Domingos Braga Mota, Secretario de Saúde e Segurança do Trabalho da Contracs/CUT

28/04/2016

Não haveria tristeza
Hoje vendo o mesmo rio
Dá-me aquele desgosto
O que fizeram com ele?
Pergunto já indisposto

Arrasaram suas margens
Restando só o capim
Encheram-no de lixo
E de esgoto até o fim

É ambição e ignorância
Desrespeito com a Criação
Fizeram o que quiseram
Sem prestar bem atenção

Mas ainda resta tempo
De rever o então feito
Reviver o nosso rio
Tornando-o como perfeito

Só basta ter a vontade
Alguma determinação
Sair do velho reclame
E partir para a ação.
Poema de: Benedito Gomes Rodrigues

Saúde coletiva é ameaçada por doenças transmitidas por vetores

Saúde coletiva é ameaçada por doenças transmitidas por vetores


O Dia Mundial da Saúde é celebrado anualmente em 7 de abril. A data celebra também, a criação da Organização Mundial de Saúde (OMS), fundada em 1948, e a cada ano, um tema de saúde pública é escolhido para ser amplamente debatido.

Esta data fornece uma oportunidade para as pessoas de todas as comunidades se organizarem em atividades que podem levar a melhorias das condições de saúde coletiva. E quero abordar aqui, neste espaço, um tema que ameaça a saúde coletiva: os riscos das doenças transmitidas por vetores (mosquitos, moscas e/ou carrapatos).

Desde 2013 estamos passando por um aprofundamento crítico na saúde mundial, no qual, a cada dia uma nova epidemia causada por vetores é anunciada. As doenças são mais comuns em áreas tropicais e locais, onde o acesso à água potável e ao saneamento básico são mais precários.

As arboviroses, doenças virais transmitidas ao homem por picada de mosquito, têm representado um grande desafio à saúde pública. Atualmente, as arboviroses que mais comprometem a saúde humana envolvem a Dengue, a Chikungunya e a Zika, que são transmitidas pelo mosquito Aedes Aegypti.

Sabe-se que as doenças transmitidas por vetores causam sérios problemas de saúde aos indivíduos infectados, suas famílias e comunidades. Isso ocorre especialmente nos países pobres que levam a falta a escola ou ao trabalho, à piora no estado de pobreza, o que impacta negativamente na economia e produtividade, gera altos custos no tratamento e sobrecarrega o sistema de saúde publica.

De todos os problemas de saúde citados acima, a consequência de maior impacto é a microcefalia. A principal suspeita é que a Zika esteja causando microcefalia. Já foram encontrados vírus no líquido amniótico que envolve o bebê durante a gravidez e também no líquido cefalorraquidiano (presente no sistema nervoso central) dos bebês que já nasceram e foram diagnosticados com microcefalia. 

Por isso, a nossa Confederação,em conjunto com os nossos sindicatos de todo o país, está em campanha junto à Secretaria de Meio Ambiente, contra o mosquito no ambiente de trabalho e arredores. A campanha impacta diretamente na saúde dos trabalhadores e reafirma o conceito do sindicato-cidadão, que estende suas preocupações para além da temática trabalhista com foco no bem-estar do trabalhador/a e sua vida, em todos os aspectos.
Agua é vida não é lugar de mosquito!!

sábado, 29 de agosto de 2015

Ladislau Dowbor fala sobre a 'CRISE'



Para economista, país viveu doze anos de avanços, mas processo atingiu seu limite – e hesitação do governo frustrou mudanças estruturais indispensáveis
Ladislau Dowbor, entrevistado por Maria Inês Nassif*
O Brasil andou muito nas últimas duas décadas. Obteve um avanço social histórico desde o governo Lula, mas entrou no “ciclo travado”, a partir do qual sobram apenas duas alternativas: ou a coragem para fazer reformas estruturais, eternamente adiadas, ou o recuo. Jamais ficar no mesmo lugar.
O raciocínio é do incansável economista Ladislau Dowbor, da PUC de São Paulo. Do alto de um invejável currículo acadêmico – graduação em Lausanne, doutorado em Varsóvia, professor em Coimbra – e profissional, Dowbor carrega consigo uma vocação de eterno militante. Era um dos 40 presos políticos que, nos primeiros dias de 1971, foram trocados pelo embaixador suiço Giovanni Bucher, numa operação comandada por Carlos Lamarca.
Hoje brinca que a ditadura incentivou muito o “intercâmbio” daqueles jovens brasileiros que vagaram pelo mundo – os banidos do Brasil que ficaram preferencialmente pela Europa, depois de terem sido trocados por embaixadores sequestrados em ações da guerrilha urbana.
No centro de seu pensamento está a constatação de que o rentismo impôs uma ciranda de juros elevados para rolagem da dívida pública e alto custo do crédito para pessoas físicas e jurídicas. E essa realidade se traduziu, na prática, em um severo limite ao ciclo de crescimento baseado no mercado interno, iniciado no governo Lula.É com alma de militante que Dowbor tem participado de todas as intermináveis reuniões que acontecem em São Paulo desde o início do ano entre intelectuais, e professa uma “oposição” que se traduza numa unidade de forças progressistas capazes de empurrar o governo para a esquerda, garantir os avanços conquistados de direitos civis, políticos e sociais desde a Constituinte de 1988 e romper com o que ele chama de “ciclo travado”, ou seja, as limitações impostas por uma elite financeira ao desenvolvimento pleno do país.
A partir de agora, ou o país banca reformas estruturais, inclusive uma reforma financeira, ou retrocederá de um período de quase três décadas de avanços contínuos – sociais, econômicos e políticos. Ladislau Dowbor concedeu esta entrevista, em São Paulo, logo depois de uma rodada de debates sobre o futuro do Brasil entre os integrantes do chamado “Fórum Brasil 21”, que tem por objetivo definir uma agenda política comum para as forças progressistas do país. A seguir, os principais trechos da entrevista que concedeu à jornalista Maria Inês Nassif.
(Entrevista publicada originalmente em “Engenharia em Revista”)
150807-Ladislau
Ladislau Dowbor
Um acumulado de impasses
O Brasil hoje vive vários impasses. Um deles tem dimensão internacional e sofre o impacto de movimentos especulativos, sobretudo no mercado de commodities. Nos últimos 12 meses, o minério de ferro, por exemplo, que tem um grande peso na pauta de exportações brasileiras, perdeu 40% do seu valor; a soja, a laranja e outras commodities encolheram entre 20% e 30%. São cifras bastante significativas. No plano interno, o país vive um limite estrutural. O Brasil conquistou um conjunto de avanços, em particular nos governos de Lula e no primeiro governo de Dilma, mas os processos de expansão das políticas sociais chegaram a um limite, a partir do qual são necessárias mudanças estruturais.
As eternamente adiadas reformas de base não são mais adiáveis.
A resistência das elites e a crise política
Nesta tensão, a resistência das elites mostra-se extremamente forte. É por isso que a crise que se gera é essencialmente política. Não há base para falar numa crise de enormes proporções, ou que o país está quebrado, ou ainda que vai quebrar. Isso não faz o mínimo sentido. Podem até ocorrer ajustes que levem a uma racionalização de gastos do governo, mas isto não anula simplesmente a realidade de que o país está num ciclo de avanços absolutamente impressionante.
Socialmente, o Brasil mudou a sua cara. Entre 1991 e 2010, o brasileiro, que vivia até 65 anos, passou a viver 74 anos; em 2012, já vive 75 anos; ou seja, estamos falando de um país onde os brasileiros vivem 10 anos a mais. A mortalidade baixou de 30 por mil para 15 por mil. Isso resulta de uma convergência de mudanças: essas pessoas passaram a ter uma casa mais decente, a comer, são benefi ciários da expansão do serviço básico de saúde, o SUS, etc. São fatores que convergem para uma expansão do tempo de vida e para a redução da mortalidade infantil – e, convenhamos, dividir pela metade a mortalidade infantil é um gigantesco avanço. Além disso, temos um conjunto de outros números já conhecidos: a criação de 20 milhões de empregos formais e 40 milhões de pessoas que saíram da miséria.
Segundo dados do Atlas das Regiões Metropolitanas elaborado conjuntamente pelo PNUD, Ipea e Fundação João Pinheiro, houve uma redução drástica da pobreza em todas essas regiões e um aumento dos Indicadores de Desenvolvimento Básico (IDB). Mais recentemente foram divulgados os Indicadores de Progresso Social, o IPS, que acompanha 54 indicadores que são o PIB, e coloca o Brasil no 42º lugar entre 130 países, puxado para baixo essencialmente pelo problema da segurança, que é o ponto crítico e está diretamente ligado ao problema da desigualdade.
O sistema financeiro emperra a locomotiva
Escrevi um documento chamado “Bancos: o peso morto da economia brasileira”, em que eu descrevo como os juros internos da economia esterilizam as ações de política econômica social. O Rubens Ricupero e o Bresser Pereira, que foram ministros da Fazenda e entendem disso, aprovaram as minhas anotações. O capitalismo financeiro impõe severas limitações ao momento seguinte desses avanços sociais, ao avanço do Brasil em direção ao futuro. Está em curso um processo de globalização financeira mundial que torna difícil ao país adotar políticas macroeconômicas independentes e as reformas financeiras que são necessárias. Quando se cobra nos crediários mais de 100% de juros, a intermediação financeira está se apropriando da metade da capacidade produtiva da população. O imenso esforço que o Brasil fez de redistribuição e de inclusão no mercado de dezenas de milhões de pessoas, os bancos, os comerciantes com crediários, as administradoras de cartões de crédito capturaram. As instituições de crédito sugaram a capacidade de compra da população, e dessa forma esterilizaram a dinamização da economia pelo lado da demanda. Os juros para pessoas jurídicas são absolutamente escorchantes, o que trava também a economia pelo lado do investimento. Os empresários já tendem a investir pouco quando a economia está travada. Quando, ainda por cima, adquirir equipamentos e financiar empresas custa de 40% a 50% de juros, então esqueça de novos investimentos.
Veja o poder político que esses grupos têm para obrigar o governo americano, o Banco Central Europeu, Bruxelas, a encontrar trilhões de dólares em poucos meses, quando os recursos são escassos para resolver o problema da destruição ou da pobreza.
“A financeirização não é abstrata. Grupos financeiros controlam os conselhos de administração das mais diversas empresas e ditam as políticas das corporações”.
A urgente reforma financeira
Sem dúvida, são urgentes as reformas política e tributária, mas é igualmente central uma reforma financeira em profundidade.
O componente rentista da crise é parte de minha análise. Na minha avaliação, o fator central dessas limitações ao futuro é que não temos mecanismos de canalização adequada dos recursos do país. O Brasil tem uma renda per capita de US$ 11 mil – e isso é um nível de renda de um país rico. O nosso país também domina tecnologias e tem instituições. Não existem razões plausíveis para a economia não funcionar. Contudo, a generalização da inclusão social e a redução dos desequilíbrios internos esbarram em razões estruturais.
O Brasil andou para frente nas últimas duas décadas
No Atlas Brasil 2013 de Indicadores de Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), se compararmos os índices de 1991 e 2010, observamos avanços espantosos. Em 1991 nós tínhamos 85% dos municípios do Brasil que tinham um IDH muito baixo, inferior a 0,50. Em 2010 apenas 32 municípios estavam nessa situação, ou seja, 0,6%. Essa é uma mudança extremamente profunda e estrutural. O Brasil começou a se transformar, na fase anterior ao governo Lula, com a aprovação da Constituição de 1988, que criou regras do jogo democrático que permitiram o início dos avanços.
Foi um avanço também a ruptura com a inflação. Afinal, numa hiperinflação não se consegue fazer administração do setor público.
Tudo isso viabiliza uma série de avanços significativos na década de 1990. A partir do governo Lula isso se sistematiza, e os avanços se tornam extremamente poderosos.
Mundo em explosão
Nós estamos num ano crítico em termos mundiais. Chegamos a limites críticos de destruição do planeta. Em 40 anos, destruímos 52% da vida vertebrada do planeta. O relatório da WWF é dramático: nós estamos esterilizando solo e liquidando a cobertura florestal.
Além desses problemas na área ambiental, persistem também um conjunto deles na área da desigualdade. O relatório da Oxfam sobre a desigualdade é devastador. Nós temos 85 famílias que têm mais patrimônio acumulado do que a metade mais pobre da população, ou seja, 3,5 bilhões de pessoas. Se você junta o ambiental e o social, conclui-se que o mundo está explodindo.
Coffee Party
O Tea Party paralisa os Estados Unidos. Estes mesmos grupos estão querendo um Coffee Party no Brasil. Partem do mesmo fundamentalismo, do mesmo discurso radical conservador sem propostas. O que eles querem, afinal? Aumentar a desigualdade?
“O capitalismo financeiro impõe severas limitações ao momento seguinte dos avanços sociais, ao avanço do Brasil em direção ao futuro”.
O caminho é olhar para dentro…
Se entendermos as transformações que ocorrem interna e externamente – estamos numa crise planetária e numa volatilidade extrema, inclusive dos preços das commodities –, o caminho que temos de trilhar torna-se claríssimo. O Brasil é um país muito grande, de mais de 200 milhões de habitantes, e tem tranquilamente 100 milhões de pessoas que precisam melhorar a situação de vida. Nós temos, portanto, como crescer na fronteira interna. E quando a área externa é extremamente insegura, nada como reforçar a base interna de desenvolvimento. Isso implica manter e aprofundar as políticas de inclusão e de distribuição de renda, mas garantindo que isso ocorra simultaneamente às transformações significativas no sistema financeiro.
Um futuro em suspenso
O caminho para frente é o aprofundamento da luta contra a desigualdade por meio da inclusão produtiva, da expansão dos programas sociais e coisas do gênero. A oposição que devemos fazer nesse momento não é contra a presidente Dilma (Rousseff), mas para que ela avance muito mais e retome os processos que tinham sido anunciados.
Uma crise para travar o ciclo
A imbricação entre a situação internacional e a situação econômica interna com o seu respectivo embasamento político trava as reformas estruturais que são indispensáveis à continuidade do processo.
É um ciclo travado, mas não acho que a direita tem qualquer coisa coerente a propor. Não está conseguindo propor nada de coerente nem nos Estados Unidos, nem na França, nem na Grã-Bretanha, nem em lugar nenhum. Por todo lado está surgindo um Podemos, ou um Syriza (partido grego de esquerda). Os Estados Unidos estão paralisados em termos de capacidade de governo.
Capital financeiro contaminou a produção
O capital financeiro tornou-se hegemônico de uma maneira que desconhecíamos até 2011. Naquele ano, foi divulgado o relatório do primeiro estudo mundial sobre o sistema corporativo internacional, produzido pelo Instituto Federal Suíço de Pesquisa Tecnológica (ETH), que corresponde ao MIT da Europa e tem 31 prêmios Nobel de Tecnologia, a começar por Albert Einstein. Uma fonte absolutamente inatacável.
Segundo o estudo, 737 grupos do planeta controlam 80% do valor das empresas transnacionais. Destes, 147 grupos, dos quais 75% são bancos, controlam 40% do sistema mundial. A financeirização, portanto, não é abstrata, um mecanismo diluído ou misterioso. Esses grupos financeiros controlam os conselhos de administração das mais diversas empresas e ditam as políticas das corporações. Como são grupos financeiros que têm participações acionárias poderosas em empresas produtivas,
eles dizem a essas empresas o que fazer: “Nós queremos uma rentabilidade de tanto, senão tiramos o nosso capital e quebramos a empresa”. Se uma empresa decide adotar uma política ambiental mais sustentável, ou qualquer outra coisa que pode afetar a rentabilidade da empresa, esquece.
Centenas de exemplos de fraudes das mais variadas corporações internacionais, como as cometidas por empresas farmacêuticas, de agrotóxicos ou os próprios bancos, têm o objetivo central de gerar lucros. Essa estrutura mundial de poder foi suficientemente forte para, na crise de 2008, levar trilhões de dólares de governos para socorrer os bancos que haviam se excedido nos processos especulativos e estavam desequilibrados. Um socorro para os grupos financeiros que criaram a crise.
A contaminação da Justiça
O poder das corporações está estampado na votação, pelo Supremo, da ação de inconstitucionalidade do financiamento empre-sarial de campanha. As corporações não votam nem devem ter interesses políticos próprios. É legítimo a Federação de Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) ser um instrumento de participação política das corporações. Mas uma corporação comprar um mandato para um deputado ou senador, financiando-o, certamente isso não é certo. Seis juízes do Supremo, e portanto a maioria, já votaram pela inconstitucionalidade do financiamento empresarial e um único, Gilmar Mendes, ligado a interesses evidentes, pede vistas antes das eleições. Esta única pessoa transformou radicalmente o perfil do Congresso que foi eleito em seguida, pois se tivesse sido proibido o financiamento empresarial antes das eleições, os candidatos não poderiam ter mantido o vínculo com as corporações empresariais. Isso também é uma medida do grau de aprisionamento da política pelo Judiciário, pelas corporações e pela mídia, e coloca como objetivo central das forças progressistas resgatar o processo democrático da órbita do poder econômico.
Crédito a Fernando Henrique, mas em termos
É creditado ao governo Fernando Henrique Cardoso a ruptura com o processo inflacionário, o que é correto. Mas, segundo o The Economist, em 1992 o mundo tinha 44 países com hiperinflação, e todos eles liquidaram esse problema pela razão simples de que não se abriria a eles a possibilidade de participar do sistema financeiro que se internacionalizava se não resolvessem seus processos inflacionários. A globalização financeira, a formação do sistema especulativo, a chamada financeirização era incompatível com economias que tinham moedas não conversíveis, que mudavam de valor no decorrer do dia.
A articulação do rentismo com a mídia
O maior jornal econômico do país, por exemplo, em fevereiro publicou uma matéria que contém um quadro com as projeções de inflação, com o título: “O que os economistas esperam”. E são listadas 21 “apostas” em índices inflacionários feitas por economistas de instituições. Entre eles, não tem nenhum Amir Khair, um Luiz Gonzaga Belluzzo, uma Tânia Bacelar, um Rubens Ricúpero, um Bresser Pereira ou um Márcio Pochmann; sequer um IBGE ou um DIEESE. Apenas de bancos ou consultorias ligadas ao mercado financeiro – e ambos ganham com a inflação. Esses economistas geram expectativas inflacionárias que se autocumprem, pois os agentes econômicos acompanham as expectativas e elevam preventivamente os preços.
Existe um trabalho de chantagem e contaminação pelo aceno do “risco inflacionário” – e todos sabem que a inflação é um golpe mortal em termos políticos. Esse tipo de chantagem segura o governo pelo pescoço. A inflação virou arma ideológica.
Uma crise civilizatória
Não há mais pobres como antigamente. As pessoas hoje sabem que podem ter uma saúde decente para os seus filhos, acesso à educação decente e a outros direitos. Nesse sentido vivemos uma crise civilizatória. Não é simplesmente uma crise global que o mundo enfrenta. O volume de recursos apropriados pelos intermediários financeiros seria suficiente para enfrentar tanto a reconversão tecnológica que o meio ambiente exige, com os investimentos de inclusão produtiva que a dinâmica social determina.
Isso seria conferir uma outra articulação do sistema financeiro, pois ele não é só moeda, mas o direito de alocar os recursos onde eles são necessários. A função da moeda não é a especulação financeira. Essa é a reconversão que temos pela frente, que une a oposição propositiva que queremos criar no Brasil. Daqui saíram US$ 520 bilhões para paraísos fiscais, ou 25% do PIB, dinheiro que daria para financiar Deus e o mundo.
Rentismo, um obstáculo
O rentismo é um conceito que se vincula ao mercado internacional, que gerou uma espécie de elite que vive dos juros, não da produção. E isso tem uma enorme profundidade no país. O San-
tander, por exemplo, que é um grande grupo mundial, tem cerca de 30% de seus lucros originários do Brasil. Isto é, o mercado financeiro impõe drenos e também estruturas políticas de poder que tornam muito difícil a qualquer governo gerar transformações necessárias para romper essa lógica. De, 2013 a 2014, Dilma tentou reduzir a taxa Selic e os juros de acesso de pessoas físicas e jurídicas ao crédito, e a reação foi de pressões políticas muito fortes. E é curioso como as reações se manifestam. Quando se baixa os juros, nas televisões, nas rádios, nos jornais, imediatamente se consulta os chamados economistas que dizem, “é inevitável, a inflação vai subir”. Em regra, esses economistas são todos eles de empresas financeiras.
Crise internacional não é impedimento, mas oportunidade
É esse contexto internacional que torna fundamental a adoção de medidas inclusivas, a expansão do horizonte interno econômico. É vital nos basearmos nos objetivos internos da nossa economia. Nas condições de hoje, apoiar o país no sistema internacional é suicídio. Nessa perspectiva, superdimensionar o problema fiscal pode ser um erro, pois há ralos muito maiores no sistema financeiro. O país tem que resgatar o que vaza por sistemas especulativos e para paraísos fiscais e financiar a inclusão produtiva da maioria da população.
O Brasil não está quebrado, mas sob ataque
O (Luiz Gonzaga) Belluzzo diz que as forças conservadoras estão criando, politicamente, uma crise e eu concordo. O Brasil não está quebrado. A origem desta crise não está em uma crise econômica que gera recessão. É uma crise política criada por uma elite que quer quebrar o sistema, e em grande parte está conseguindo isso.
A rigor, essa é a ação que envolve grandes interesses, em particular interesses internacionais no Pré-Sal e o interesse dos grandes bancos internacionais que querem manter a mamata da Selic elevada, pois é um grande negócio aplicar aqui e ganhar 12% de juros, enquanto os Bancos Centrais da Europa e dos Estados Unidos estão trabalhando com taxas de juros de 0,5%, quando muito 1%.
A tentativa da Dilma de reduzir a Selic a 7% e de abrir os bancos oficiais para obrigar a concorrência foi, para esses interesses, um grito de guerra. Tanto que ela teve que voltar atrás. Mas nós não podemos continuar a trabalhar para encher o bolso de dinheiro dos especuladores financeiros. Acho que esse não é apenas o objetivo da classe trabalhadora, mas dos empresários efetivamente produtivos. Não é possível desenvolver o país quando todo mundo se vê obrigado a pagar uma espécie de royalties sobre o dinheiro, aliás um dinheiro que nem é dos próprios bancos, mas dos nossos depósitos, ou então dinheiro fictício criado por meio de alavancagem.
Ou avança, ou recua. Não dá mais para ficar onde está
O Brasil vive um impasse – e, a partir desse impasse o país avança, e consolida os ganhos das últimas décadas, ou retrocede, e perde o que ganhou. Por isso considero importante unificar o debate. E estou convencido de que há muita gente que quer avançar. Muitas famílias, pela primeira vez, têm os filhos na universidade, muitas delas apenas agora conseguem alimentar os seus filhos – e todas elas são mobilizáveis. As mudanças não acabaram porque 200 mil tomaram a Avenida Paulista. Este país tem base.
Eu acho que o fato de uma parcela desses manifestantes do atraso pedirem a volta da ditadura mostra o tipo de ausência de uma visão propositiva da direita. O que eles querem? Sangrar mais os pobres, aumentar mais a desigualdade, privatizar mais?
A contaminação da política pelo poder econômico
Hoje o país tem um Congresso com uma bancada ruralista, uma bancada dos bancos, uma bancada das grandes empreiteiras, uma bancada das grandes montadoras, e você conta nos dedos quem é da bancada cidadã. A lei aprovada em 1997 que autorizou as corporações a financiarem campanhas foi um golpe terrível para o processo democrático. Não se pode qualificar de democracia o que vivemos no Brasil só porque a gente vota, porque o voto é rigorosamente determinado por uma gigantesca máquina de financiamento que vai se traduzir no tipo de Congresso que temos. Isso coloca a questão da reforma política e, em particular, o financiamento das campanhas, na linha de frente.
Nada para o planeta, tudo para os bancos
A Rio+20 teve uma grande reunião internacional que firmou como um dos objetivo levantar US$ 30 bilhões para salvar o planeta. Não conseguiu. Em 2008, em meses, os governos levantaram trilhões de dólares para salvar o sistema financeiro, se endividaram e passaram a pagar juros para o próprio sistema financeiro que foi socorrido com esse dinheiro. Esse movimento dos governos praticamente destruiu o que restava do legado da social democracia nesses países, do chamado Welfare State, ao reduzirem os direitos sociais.
Fonte: http://outraspalavras.net/brasil/dowbor-ausencia-de-reformas-bloqueou-lulismo/

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