Quem sou eu

Minha foto
Não é a consciência do homem que determina o seu ser, mas, pelo contrário, o seu ser social é que determina a sua consciência.” *Kal Marx “os comunistas nunca devem perder de vista a unidade da organização sindical. (Isto porque) a única fonte de força dos escravos assalariados de nossa civilização, oprimidos, subjugados e abatidos pelo trabalho, é a sua união, sua organização e solidariedade” *Lenin

quinta-feira, 28 de abril de 2016

Qual a tua concepção sobre as relações sociais de gênero na categoria?


Qual a tua concepção sobre as relações sociais de gênero na categoria?


Nossa concepção é baseada em conceitos e na visão critica da contradição do capital X Trabalho. Falar em concepção é não deixar de lado a divisão entre Homem e Mulher no trabalho que está na base social da opressão e da desigualdade. Em primeiro lugar, é preciso destacar que ela é histórica, ou seja, foi sendo constituída, não é imutável. Mas tem princípios que permanecem; o que modificam são as modalidades. Isso nos ajuda a pensar sobre a permanência dessa desigualdade. Consideramos que há dois princípios organizadores das relações sociais de gênero da nossa categoria e divisão sexual do trabalho. Um deles é a separação, essa ideia que separa o que é trabalho de homens e de mulheres. Outro é a hierarquia, que considera que o trabalho dos homens vale mais do que o das mulheres. Precisamos superar essa hierarquia que nasce no seio do capital, que é opressão e desigualdade.
Uma das principais justificativas ideológicas para a divisão sexual do trabalho é a naturalização da desigualdade, que empurra para as relações sociais as práticas de homens e mulheres. Ou seja, atribui a uma essência social como parte da natureza, a construção do masculino e do feminino. Mas é preciso materializar nossa concepção de classe, e a ideologia, a reprodução simbólica, com a existência de uma base material.
Neste sentido, é importante chamar atenção para o fato de que, muitas vezes, o conceito de divisão de gênero do trabalho fica reduzido às estatísticas sobre as diferenças de inserção no mercado de trabalho de homens e mulheres.
Isso não dá conta da complexidade deste conceito, que faz parte de um processo da luta e da organização feminista, e que busca justamente entender como se transforma em desigualdade o trabalho entre homens e mulheres.
A emergência do conceito da divisão sexual do trabalho teve um papel muito importante para questionar o que era a definição clássica de trabalho. As feministas que discutiram a divisão sexual do trabalho estavam no campo do marxismo. Elas problematizaram que o debate de classe não explicava e não dava conta do conjunto da realidade do trabalho. Num primeiro momento, parecia haver uma destinação dos homens ao trabalho chamado produtivo e uma destinação prioritária das mulheres ao trabalho reprodutivo. Mas o que se viu foi muito mais do que isso. As, mulheres, estão simultaneamente nas duas esferas: no trabalho produtivo e no trabalho reprodutivo.
No capitalismo, é considerado produtivo só aquilo que gera troca no mercado, ou seja, aquilo que pode se “mercantilizar”. E aí o trabalho reprodutivo deixa de ser trabalho porque não se troca no mercado.
Ao mesmo tempo, o trabalho mercantil depende do trabalho doméstico e de cuidados, que é feito na casa, realizado pelas mulheres, onde o  machismo é predominante. A abordagem da economia feminista consolidou um enfoque de economia mais amplo, que considera o trabalho de reprodução e outras atividades não monetárias como parte da economia.
Divisão internacional e sexual do trabalho
Um desafio colocado para as mulheres é pensar a nova reconfiguração da divisão internacional e sexual do trabalho e em como uma nova forma da divisão sexual do trabalho estrutura a divisão internacional do trabalho. Por exemplo, em todos os setores “transnacionalizados” que precisam de mão-de-obra intensiva, quem está ali são as mulheres.
O capitalismo se utiliza da mesma forma do trabalho intensivo das mulheres, como foi no final do século XIX, início do século XX, mas agora sobre outras modalidades, como a migração. Em vários países, inclusive na América Latina, as mulheres Paraguaias, Uruguaias, Equatorianas, mais ainda as Bolivianas veem ao nosso país e são submetida ao trabalho degradante, análogo à escravidão nas Indústrias do vestuário que está entre principais envolvidas nos casos de trabalho análogo a escravidão. E, produzem as marcas de confecções vendidas para as grandes redes multinacionais como a C&A, M.Officer e ZARA. E redes locais como a As lojas Marisa, denunciadas em ações fiscais do MTE-Ministério do Trabalho Emprego, MPT-Ministério Público do Trabalho e PF-Policia federal.
Um olhar sobre o conjunto
O conceito de equidade e igualdade. E, de fato, se não pensamos na transformação global da sociedade, no conjunto das relações, muitas vezes o que chamamos de igualdade fica no terreno da equidade ou da equiparação. Por exemplo, em termos de renda, escolaridade, propriedade entre homens e mulheres, quando falamos de igualdade estamos tratando de uma transformação geral de como a sociedade se
organiza e de um questionamento a todas as formas de desigualdade e hierarquia. Isso traz, por exemplo, um outro olhar para a relação reprodução, para o conceito de trabalho, para a dimensão étnico-racial.
A lógica do mercado prevê que as pessoas devem estar o tempo todo disponíveis para o seu trabalho mercantil, enquanto a lógica do cuidado exige acompanhar os ciclos da vida.
Hoje essa sociedade do mercado, no mundo inteiro, se sustenta na utilização do tempo e do trabalho como fontes inesgotáveis e como variáveis de ajuste para manter este modelo funcionando. Em Fortaleza, uma empregada doméstica sai de casa às 6h e volta pra casa às 20h. O que sempre estica é o tempo e o trabalho das mulheres. É visível: em períodos de desemprego na família, as mulheres trabalham mais, fazem um bico, produzem mais bens e serviços dentro de casa, onde exercem a tripla jornada de Trabalho.
Todos esses elementos têm que vir para nossa agenda, até pra gente olhar para uma campanha especifica. Na campanha Igualdade de Oportunidades, por exemplo, o trabalho de cuidados tem que estar posto no debate.
É racional continuar com essas lutas, mas sempre com o objetivo de incidir sobre o maior número possível de mulheres. Ao mesmo tempo, temos que continuar insistindo e colocando no debate essa compreensão do trabalho num sentido mais amplo, não só como assalariadas, mas também a reprodução social, pensando a economia de uma forma ampliada. A economia não está desvinculada do social e do cultural. Temos que repensar nossa sociedade e reconstruir alguns  paradigmas, mexendo nos elementos em geral naturalizados.

E  como você ver a percepção de outros companheiros?

Faltam em boa parte deles, e delas, em especial a elas, acumulo ideológico, conceito e, visão critica, dessa compreensão de gênero e divisão sexual do trabalho.

Domingos Braga Mota
Coordenador de mobilização e ação sindical
Sindicato dos empregados no comercio de Fortaleza
 Secretário nacional de saúde e segurança do trabalhador da CONTRCAS/CUT


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Postagem em destaque

Março das Mulheres | Conheça a verdadeira história do 8 de março

  O 8 de março a LUTA das mulheres como identidade de classe e muitos sentimentos de pertencimento. Como afirma que a origem da data foi pro...