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Não é a consciência do homem que determina o seu ser, mas, pelo contrário, o seu ser social é que determina a sua consciência.” *Kal Marx “os comunistas nunca devem perder de vista a unidade da organização sindical. (Isto porque) a única fonte de força dos escravos assalariados de nossa civilização, oprimidos, subjugados e abatidos pelo trabalho, é a sua união, sua organização e solidariedade” *Lenin

segunda-feira, 23 de julho de 2018

Unir sindicalização com politização é o caminho para derrotar o golpe

Em reunião da direção da Contracs, José Genoíno aponta que não pode haver governo progressista sem que movimentos sociais governem juntos.

Escrito por: Luiz Carvalho Contracs/CUT

Cearense nascido em Quixeramobim, o ex-presidente do Partido dos Trabalhadores José Genoíno se define como um otimista com os pés no chão. E é com eles firmes na terra que o ex-deputado federal por São Paulo durante 25 anos defende politizar o processo de sindicalização como uma saída para que o Brasil possa retomar o caminho progressista.

Dirigentes da Contracs discutiram rumos do movimento sindical participação das entidades nas eleições

“Temos de fazer um trabalho de conscientização, voltar ao local de trabalho, um processo coletivo e de mobilização, que dialogue com o povo. O movimento sindical, se não fizer isso, se liquida. O capitalismo não quer negociar, só negociará se perceber que os sindicatos têm força”, definiu.
O ex-parlamentar esteve nesta sexta-feira (20) em Mongaguá (SP) para participar da reunião da direção da Contracs (Confederação do Trabalhadores no Comércio e Serviços) em sua análise da conjuntura brasileira, demonstrou enxergar um aspecto positivo no formato do golpe, que teve como objetivo colocar o PT nas cordas.
“Esse processo criou politização da população porque perceberam que só o PT apanha. E é por isso que Lula está preso. Lula é a representação simbólica do anti-golpe, se soltá-lo ele se elege ou elege quem apoiar. Com a prisão dele, o que está em jogo é completar o processo de aumento da subordinação do Brasil ao sistema financeiro internacional, completar a privatização de Caixa Econômica, Banco do Brasil, fazer reforma da Previdência”, apontou.
Onde errou
Um dos parlamentares presentes no processo de elaboração da Constituição Federal de 1988, ele lembrou que o PT, apesar de assinar a carta, criticou em voto simbólico cinco pontos. Ao abordar esse tema, ressaltou ainda que foram temas não aprofundados durante os governos petistas, mas que precisam ser tratados em uma futura gestão.

São eles a relação com a propriedade, a reforma do Poder Judiciário, a reforma do Conselho de Segurança Pública, fazer da tortura crime contra a humanidade e a regulação da comunicação.
Em relação ao último ponto, a mídia hegemônica, Genoíno aponta o papel dela para apontar direções e determinar valores, por isso a importância de estabelecer regras para seu funcionamento, combater o monopólio e garantir o contraponto em temas, como por exemplo, a defesa da soberania nacional.
“Temos a entrega da base de Alcântara, da Embraer e se privatizarem também o projeto de submarino nuclear, a soberania estará entregue. Para dizer sim ou não numa negociação com atores internacionais, é preciso ter força, algo que o Brasil está perdendo”, falou Genoíno.
Ao retomar o tema da sindicalização com politização, ele apontou os prejuízos que não executar ambos os processos causam.
“Uma das coisas mais difíceis da esquerda é mexer com corações e mentes. Nosso erro foi fazer ProUni, Bolsa Família, Pronaf e não mexer com corações e mentes. Mostrar que só um governo popular e progressista pode tocar projetos assim. É o mesmo que fazer a luta sindical e não mostrar que sem sindicato não se garante conquistas. Você perde a disputa consciencial.”

Lula como ideia – Ao final, ele tratou do apoio a Lula e falou que o grande apoio ao ex-presidente se traduz em defender seus valores como princípios para a luta.

“A maior solidariedade a Lula é ser capaz de transformar o exemplo dele em ideia e é uma ideia. O que aprendemos no governo e que temos de usar como princípio é que sem mobilização popular a gente não garante conquistas e não faz transformações. Temos que apostar na mobilização, na resistência popular e na unidade das forças de esquerda e Lula também defendia isso”, determinou.

sexta-feira, 11 de maio de 2018

PORQUE SER SINDICALISTA?

ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE NOSSAS POSTURAS
ÉTICO-POLÍTICAS E PRÁTICAS SINDICAIS (*)


Estes apontamentos, críticas e sugestões foram sendo construídos a partir de minha vivência profissional e de minha militância entre os dirigentes sindicais. Nestes quase 15 anos de atividade como trabalhador em sindicatos e para sindicatos e movimentos sociais (e consta de minha memória política e trajetória profissional ter trabalhado, e estou cotidianamente trabalhando, para centenas de sindicatos, quase milhares de dirigentes e militantes sindicais, dentro e fora do Estado do Rio)
Como militante, como formador sindical, educador de projetos educacionais desenvolvidos por sindicatos, e de professor, venho me indagando se os dirigentes sindicais entendem realmente quais são suas tarefas e suas funções dentro de uma entidade sindical.
São reflexões de críticas e autocríticas, agudas, duras, fortes, mas fraternas e solidárias, não dirigidas especificamente a nenhum dirigente sindical, mas como contribuição para que o movimento sindical reencontre os caminhos pensados por seus generosos fundadores.
Alguns traços são comuns em grande parte dos sindicatos, de diferentes categorias, setores produtivos, ramos, regiões. Traços de uma antropologia sindical,ou de uma psico-sociologia do dirigente sindical. Resolvi tornar públicas estas reflexões, depois de socializar este texto em cursos, reuniões, conversar e ler, com alunos (as) da universidade, colegas, companheiros (as) e amigos (as) militantes, trabalhadores (as) dirigentes sindicais e de movimentos sociais.
A porta de entrada para o sindicato, para a maioria dos dirigentes, é a prática, a experiência da luta direta, dos enfrentamentos. A partir dela muitos trabalhadores e trabalhadoras saem de seus locais de trabalho e assumem um cargo ou uma função no aparelho sindical, como dirigente.
Ao chegar à estrutura, muitas vezes desconhecendo seus processos internos de funcionamento, sua cultura interna, seu emaranhado burocrático e as microrelações de disputas de poder, de costumes, enfim, precisam tomar decisões, fazer “as coisas andarem, responder ao que a categoria cobra” e vão se movimentando na máquina e no movimento, mesmo sem conhecer o terreno onde estão pisando.
Outros dirigentes sindicais passam anos, mandatos após mandatos dentro do sindicato sem saber qual o seu verdadeiro papel, para que foram criados, e a que serve. É bem verdade que a “culpa” não cabe apenas a ele, mas, principalmente, ao próprio sindicato não lhe possibilita qualquer tipo de formação, não o qualifica política e ideologicamente para entender o sindicato como instrumento de transformação social e defesa dos direitos. Muitos não têm a extensão da importância histórica e política deste instrumento de classe. São tomados de uma vontade de acertar, de fazer, que se confunde com um desorganizado voluntarismo militante.
O próprio dirigente, em geral, também se preocupa muito pouco com isto e, na falta de uma política de formação, acaba saindo da diretoria do sindicato do mesmo modo que entrou. Muita tem menosprezo pela formação, acham-na de menor importância. Assumem um praticismo sem reflexão, vazio de estudo, carregado de palavras de ordem, parecem latas barulhentas às vezes se movendo na superfície da política, cheios de preconceitos, de preguiça teórica, e com pouco ou nenhum conhecimento político e de teoria.
Às vezes constroem um pequeno latifúndio político em área de domínio, onde se sente dono, todo poderoso, chefe, mini monarca, aprendiz de déspota. Uma miniatura de sua visão de poder, do que faria se tivesse em mãos o aparelho de Estado, o governo, o orçamento e a máquina pública (carros, telefones, computadores, subalternos). Ou é um simulacro de empresário, com DNA de capitalista circulando nas veias, coração e mente.
Muitos assumem postura e práticas mandonistas, arrogantes, burocratizantes, etc. Sem projeto estratégico, sem metas coletivas definidas, vão se movendo ao formato das ondas, seguindo o rumo da maré. Quem não tem caminho definido, caminha sem rumo, qualquer caminho serve, e sem ter certeza onde quer chegar, fica fazendo as mesmas coisas ao longo do tempo, caem na rotina, na monotonia, no automatismo das “tarefas cotidianas”, fazendo diariamente tudo quase sempre igual, do amanhecer ao fim da noite, colocando a vida sindical numa espécie de piloto automático.
Para certos sindicalistas basta ir à escola, à empresa, ao banco, à loja, ao canteiro de obras, à fábrica (dependendo do ramo onde atua), falar no carro de som, distribuir um jornal de vez em quando, fazer uma visita burocrática “à base” e pronto, está com a “consciência tranqüila do dever cumprido”.
Eis, então o protótipo do dirigente sindical. São poucos aqueles que lêem jornal diariamente, discutem os conteúdos do que leram, refletem e comparam, criticam, discutem, analisam a conjuntura para além das aparências descritas pelas manchetes ou pelas opiniões dos colunistas. Muitas vezes saem repetindo uma informação pela metade, uma versão deformada do fato em si. Ouvem pouco, na verdade detestam ouvir, não têm paciência com os argumentos dos outros.
Poucos se interessam pelo estudo e aprofundamento de economia, de política internacional, de políticas públicas, de educação, de meio ambiente, de direitos humanos, de preconceitos, de ideologia, de cultura, enfim. Nas reuniões de diretoria há pouca prioridade para o debate de conjuntura, de estratégias políticas de longo prazo, de reflexão crítica e autocrítica sobre sua própria prática.
Confundem a análise da conjuntura e da correlação de forças na luta de classes com meros informes, repasses de decisões de reuniões, relatos de plenários, ou agendamento de tarefas e planos de lutas. Poucos sindicatos pautam análise de conjuntura em suas reuniões, quando muitos elas se reduzem a confrontação de posições das tendências ou marcação de posição sobre “a verdades que temos”, contra “os equívocos e erros que outros carregam”. Sempre estamos certos, os outros é que não têm a certeza que temos. Errados são os outros!
A maior parte do tempo se discute administração, questões internas, burocracia da máquina, cobrança ou vigilância sobre a prática ou o que pensa ou faz o outro colega de gestão, da outra corrente, ou da outra empresa, ou da outra fábrica. Quando se tem correntes diferentes na mesma direção, a demarcação de posição e a luta por hegemonia interna ficam mais evidentes. Controlar a tesouraria, o talão de cheques, a conta bancária, as chaves dos carros, e ter domínio pleno da secretaria geral é o que mais causa disputa na conformação da hegemonia interna da entidade. As montagens das chapas, a disputa pelos cargos, as negociações dos congressos, os arranjos das plenárias, a “contagem de garrafinhas” faz desperdiçar enormes energias políticas e esgarçam os tecidos éticos e políticos das vanguardas e às vezes a troco de tudo se esvaziar alguns meses depois de assumir o mandato. A correlação de forças, quando não bloqueia, emperra, tornam verdadeiros fantasmas a amedrontar o sono dos vivos, que assumiram o mandato e estão trabalhando! Um dia os fantasmas voltam, para recompor a correlação estática, inerte e burocrática.
Como cuidam apenas de suas tarefas individuais, de seu micro espaço de poder, são poucos os que lêem contratos coletivos, os textos dos dissídios das outras empresas, fábricas, fazendas, bancos, lojas ou orgãos que não sejam o seu. São sindicalistas de uma empresa só, de seu local de trabalho só, de sua base, de seu “feudo”, que não pode ser “abandonado” senão os piratas entram e desapropriam seu trunfo de pode. 
O corporativismo fica evidente, minha empresa ou meu orgão primeiro. Negam na prática, de forma consciente ou não, a solidariedade, a visão de classe, a luta geral, a emancipação coletiva, que originou a árvore do sindicalismo, e deu frutos duradouros, do internacionalismo proletário, da unidade dos trabalhadores contra o capital e o Estado burguês. Reduzem tudo ao sindicalismo de conquistas pontuais, de campanhas salariais, de defesa do assalariamento, de negociação do valor da venda da força de trabalho.
Quantos lêem pelo menos dois livros por ano? Há muitos sindicatos que possuem bibliotecas, que o departamento de formação compra livros, centros de memórias, centro de vídeos, mas poucos gastam seu precioso tempo lendo, consultando, escrevendo. Muitos sindicalistas acham desnecessário existir departamento de formação, ou o tratam com desdém, com menosprezo, quase sempre sem recursos.
Na hora de montar as chapas, escolhem os “cargos que tem poder”. E a formação, a cultura, as políticas sociais? ficam para na repartição das sobras. Gênero? Entrega para alguma mulher da chapa! Quando possuem essa secretaria. Raça? Entrega para algum negro ou negra, para garantir que respeita a diversidade! Essa política está matando o sindicalismo combativo, classista e anticapitalista! Formação é visto como gasto, como custo, como excedente, não como investimento político, como produção de novos militantes, como instrumento para renovar e reinventar a ação sindical.
Poucos sindicalistas, ainda bem que existem muitos, carregam nas pastas, ou nas suas estantes, livros de análise social, ética, de filosofia política, de direito do trabalho, de inovações tecnológicas, de ideologia e alienação, de história de seu país, de cultura, de destruição do meio ambiente, de raça-gênero-classe, de revoltas populares e movimentos sociais rurais, por exemplo. Enfim, de formação intelectual mais ampla que o corre-corre do cotidiano?? Um sindicalismo que não discute estratégia só fica na tática! Um movimento que não se alimenta de utopias, vive escravo do pragmatismo, submisso à mordaça do possível!
Quantos, depois que entram na máquina, se afundem na micro física do poder se preocupam em voltar a estudar? Em fazer uma graduação ou uma pós graduação, ir a uma palestra, um evento científico, uma conferência de um tema fora de seu âmbito profissional ou de atuação política, a um bom teatro, uma exposição num museu, a um bom filme. Umas vezes a desculpa é falta de dinheiro, noutras, a falta de tempo, o excesso de “tarefas” sindicais. Sempre se tem uma boa desculpa a justificar.
O dirigente – como o próprio nome já diz – é para dirigir, formular, apontar caminhos, ocupar-se da busca de alternativas. Mas formular e dirigir o que? Mas quantos têm realmente postura de dirigente? Tolerância? Paciência? Argumentação? Compromisso ético? Conteúdo político? e capacidade de negociar e dialogar em situações adversas? em que se exige uma atitude de dirigente? A ponto de assim ser reconhecido pelos colegas de trabalho, a base?
Uma das tarefas do dirigente sindical é organizar o movimento, movimento se produz de teoria e prática (Lênin, líder da Revolução Russa, dizia que só existe movimento revolucionário se existir teoria revolucionária, e prática revolucionária! Ta bom, se não quiser usar o termo “revolucionário”, que se use o termo “crítico”, ou “anticapitalista”. A verdade é que teoria-prática-movimento é produto de um processo inseparável, que se retroalimentam. 
O papel de direção é fundamentalmente o de canalizar e potencializar as energias dos trabalhadores, sentir as necessidade de sua base, viver com ela, dialogar com ela, sem arrogância, sem pedantismo, sem se sentir dono da verdade, sem autoritarismo, buscando sempre convencer e trazer para o lado do sindicato, a construção da consciência é um caminho longo, tortuoso, contraditório, mas só com consciência e organização coletiva se muda o mundo!
Estar constantemente em contato com base é um requisito essencial para que se tenha representatividade, legitimidade, não só para passar informações, mas para ouvir, sentir o que ela está sentido, pensar o que ela está pensando, pulsar com ela, sentir o pulso dela, ser intérprete dela, para fazer avançar, evoluir a organização, dar um agir coletivo à nossa herança capitalista de competir e resolver tudo sozinho.
Só a partir do que sente e pensa a base é que o dirigente pode transformar em propostas objetivas e viáveis o que a categoria quer. Só conhecendo as demandas concretas é que podemos politizá-las, dando um sentido político mais amplo a uma luta isolada e corporativa, e dessa forma dar conta das demandas, desejos e inquietações dela.
Alguns dirigentes ouvem pouco a base, se afastam do mundo real, elaboram propostas sem levar em conta a correlação de forças, sem verificar cautelosamente quem são os aliados táticos e estratégicos, os aliados imediatos e os históricos, sem conhecer a força e a fraqueza do inimigo de classe e dos aliados destes. Tomam decisões radicais na forma, mas impotentes no conteúdo, sem medir prós e contras de uma determinada conjuntura, que armas possuímos, como disse, radicalizam na forma, muitas vezes impotentes no conteúdo.
Existe uma dialética na prática e na teoria dos movimentos, das pessoas, enfim, do processo educativo, que diz que devemos elaborar mobilizando e mobilizar elaborando. Gramsci, um militante comunista italiano, chama isso de Práxis, uma síntese entre teoria e prática. Que se arma da luta prática e do estudo aprofundado. Alguns dirigentes querem prescindir da base e passam a elaborar apenas abstrações. Dirigente que se preza não mobiliza ninguém no abstrato ou só porque está com raiva do patrão, desilusão com o governo, ódio do inimigo, possuído por uma obsessão sem racionalidade política.
Muitos não ultrapassam o senso comum, não superam seus preconceitos, olham e tratam os outros com desprezo, olhando de cima, dando ordens para a categoria e para os que o cercam, muitas vezes abusando de uma autoridade conferida pelo mandato sindical para assediar moralmente funcionários sindicais e mesmo sendo intransigente. Mal disfarçam seu papel de dedicado aprendiz de patrão!
Para ser um bom dirigente é preciso construir uma cultura de respeito e de valorização pelo que o outro faz. Ensinar significa transferir o que de bom você possui. Educar para a solidariedade, para a tolerância, para a vida em coletivo, para a troca e a parceria.
Outra tarefa importante do dirigente é praticar a democracia. É contraditório falar em democracia e atropelar a base, usá-la como massa de manobra, tendo a base por ignorante e equivocada, atrasada e burra! É contraditório falar em democracia e encaminhar diferente do que a maioria decidiu, ou interpretar o seu modo o que foi aprovado com o melhor para o coletivo. Mesmo que os trabalhadores não saibam verbalizar ou escrever suas reivindicações, eles darão sinais, pistas, caminhos, se soubermos ouvir, que serão fundamentais para a vitória destas. O dirigente, como disse anteriormente, e nunca é demais reafirmar, tem que ouvir, ouvir mais do que falar.
O dirigente sindical tem que democratizar o espaço sindical, fazendo com que ela seja de total liberdade para as grandes discussões e propostas da categoria. O sindicalista deve criar formas e mecanismos que permitam à categoria opinar e discutir.
O sindicato deve se posicionar sobre vários temas da atualidade e da vida do trabalhador, para isso deve estimular a existência de plebiscitos, exercício da democracia direta, consultas, coletivos temáticos, grupos de trabalho, reuniões, assembléias, debates, seminários, oficinas, congressos.
Quantos sindicatos menosprezam o planejamento estratégico? Atuam como bombeiros, sempre correndo para apagar os incêndios, ou fazendo a “política do cachorro louco”, que ficam correndo atrás do próprio rabo, sem entender que a doença está na cabeça, e se manifesta no rabo. Erro de diagnóstico, erro de tratamento!
O bom dirigente sindical deve ser planejador, ter governabilidade sobre o que planeja, executar o que planeja, planejar o que executa! Não viver apenas em função do dia a dia. Tem que pensar sua ação no sindicato tendo a dimensão do curto, do médio e do longo prazo. Entender o que tático, provisório, passageiro, do que é estratégico, permanente, princípio, meta.
Um dirigente qualificado tem que estudar as grandes transformações sócio econômicas e política para buscar entender o que tudo isso repercute no cotidiano do trabalhador, o desanima, o aliena, o fragiliza, o desespera, enfim. Buscar compreender o que estas mudanças produziram nas condições de vida e de trabalho de nossa classe. Entender o todo para agir no específico.
Estudar a história de nossa classe, como tudo começou e porque começou. O que mudou, porque mudou e como mudou. As concepções e práticas das gerações de sindicalistas anteriores a nós, e ver o que herdamos, o que rompemos e o que precisamos alterar, para melhor agir nos tempos de hoje. Por falar nisso, você planejou seu dia de hoje? Já estudou hoje?
O dirigente combativo e consciente não deve ficar aprisionado ao corporativismo, preso aos interesses imediatos do cotidiano que o cerca, mas buscar traze-los para os interesses mais amplos da categoria e da classe.Tem dirigente que fica 10 anos no sindicato e continua corporativismo, só vai ao seu local de trabalho. Não evoluem. Não compartilham os problemas dos outros setores, parecem defender um latifúndio, avesso a fazer uma reforma agrária do terreno onde influem politicamente. Permanecem presos na rotina, na zona de conforto, na mesmice
O dirigente deve ter uma relação familiar normal, ter tempo para lazer, convier com os amigos, com os filhos, ir ao jogo de seu time, curtir as manhas de sol de domingo, passear, há tanta cultura e história para se conhecer e viver na sua cidade, nas cachoeiras, nas praias. Promover festas, reunir os amigos, lazer, confraternização, bate papo, cantoria, um pelada de futebol, sem a primazia da competição, mas pela alegria da comunhão coletiva, do aprendizado de classe.
Alguns estouram a vida por causa do sindicato, do partido. Carregam sentimentos de culpas. Muitos dirigentes usam o sindicato e o mandato com mecanismo de fuga, como gangorra afetiva, bastidor de frustrações, como terapia ocupacional, como desaguadouro da defasagem profissional.
Tem dirigente sindical mal humorado, carrancudo, sempre armado, com resposta pronta, que desconfia de tudo e de todos, infeliz, angustiado, extressado, cuida pouco de si.. Sua ideologia deve te fazer acreditar na vida e num futuro melhor, é para isso que lutamos. Portando, um futuro que nos torne mais felizes, num presente de lutas menos sofridas, porque lutar não é sinônimo de cumprir penitência.
Reafirmo: Uma desgraça que nos assola: Muitos, nos momentos de disputa eleitoral, brigam ferozmente por um cargo na chapa, uma vaga na próximadiretoria. Noites e noites de debates para montar o quebra-cabeça dos cargos. Após a eleição, a posse festiva e tantas promessas e declarações de princípios, depois desaparecem, quando muito vêm nas reuniões, e são especialistas em criticar. Quando lhe interessa, assume o crachá de dirigente, quando não lhe interessa, se esconde e faz de conta que não é com ele.
Dirigente que se preza faz avaliações constantes de seu desempenho. O que estou fazendo? Porque estou no sindicato? Cresci? Produzi? Ajudei o grupo a crescer? Fui menos vaidoso hoje? Pratiquei a tolerância no trato político? Cumprimentei os funcionários? Minhas críticas foram construtivas? O movimento cresceu? O sindicato se fortaleceu? Quantas pessoas eu trouxe para o sindicato com minhas atitudes? Fiz relatórios aos colegas daquilo que fiz?
A avaliação não deve ser uma forma de punir, mas como método de crescimento, processual, mediadora, construtora de laços e de projetos. Aceitar críticas da base. Alguns dirigentes se dizem apolíticos, estufam o peito, fazem questão de se dizer apartidários, apolíticos, não entendem que as grandes lutas por transformações sociais que interessaram os trabalhadores foram dirigidas por partidos políticos operários e que o sindicato é um instrumento político fundamental para que a classe trabalhadora conquiste o poder. Misturam a má política, as vaidades, as deformações e erros humanos com o verdadeiro sentido da política, que é a busca do bem comum.
Muitos assumem os discursos das elites e menosprezam a atividade política, despolitizam as lutas, esvaziam-nas de conteúdos críticos, ficam aprisionados no corporativismo imediatista, burocratizando e administrando micro poderes e recusando a fazer política, e sendo levado pela política dos patrões, dos verdadeiros inimigos de classe: Os capitalistas.
Outros buscam o sindicato como forma de estabilidade e ter menos cobranças. Deve se perguntar sobre como está o trabalho do sindicato na categoria, mobilizar as delegacias, comissões de base ou organização no local de trabalho para se integrar numa política de frente única e lutar pelos interesses econômicos e políticos dos trabalhadores.
Respeitar a autonomia dos grupos que se organizam no local de trabalho, mas dialogar sempre com eles. Muitos dirigentes não convocam a base, com medo que ela cresça e se politize, ameaçando o poder do dirigente nas futuras eleições sindicais e nas negociações das campanhas salariais.Enfim, ser um sujeito histórico, estudar, ler, refletir, e lutar para que os trabalhadores superem suas injustas cadeias de opressão, exploração, e se tornem também sujeitos históricos.
Marx, aquele pensador alemão, referência para o movimento operário, para o internacionalismo socialista e os movimentos revolucionários, que muitos recusam, o neoliberalismo odeia, mas que continua vivo política e teoricamente, principalmente na análise do capitalismo contemporâneo e na busca de uma alternativa socialista para os trabalhadores, tem uma frase que nos deve fazer pensar, hoje: A emancipação dos trabalhadores será obra dos próprios trabalhadores. Somos sujeitos históricos de nossa própria história. Vamos revolucionar nossa prática e teoria sindical, na concepção e na gestão sindical??
(*) - Helder Molina
Historiador
Mestre em Educação
Professor da Faculdade de educação da UERJ
Educador Sindical
Assessor de Formação do Sindpd/RJ 
Helder Molina
Professor de História
Educador Sindical

domingo, 8 de abril de 2018

Discurso da maior liderança Politica do país Lula da Silva.



Hoje Lula é um preso político. Em mais de 40 anos de atuação política o ex-presidente Lula teve sua vida virada e revirada pelos órgãos de investigação e nunca encontrado nada que pudesse manchar a sua história e a sua honestidade. Foi somente com um processo forjado, sem provas, repleto de irregularidades e ilegalidades que fabricaram essa condenação.
Essa sentença de prisão injusta é o aprofundamento do golpe de 16 de abril de 2016, que culminou com o impeachment sem crime de responsabilidade da presidenta Dilma.

Ao longo das últimas quatro décadas, Lula tem enfrentado uma brutal campanha difamatória da grande imprensa sem que isso tenha abalado a sua popularidade junto aos trabalhadores e trabalhadoras e ao povo pobre o país.

Hoje, sem dúvida, o companheiro Lula seria eleito novamente presidente em primeiro turno para retomar e ampliar o projeto democrático e popular, revertendo as desastrosas políticas dos golpistas de retirada de direitos trabalhistas, que arrocham salários, geram desemprego e trabalho informal, que entregam o nosso patrimônio público às multinacionais afetando a soberania nacional.

Domingos Braga Mota
Direto do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC em São Bernardo do Campo SP.

quinta-feira, 15 de março de 2018

Brasil lamenta execução da ativista de direitos humanos Marielle Franco

Marielle, que denunciava a violência policial no Rio, foi assassinada com 4 tiros na cabeça, no centro do Rio. Em nota, o Tortura Nunca Mais diz que “trata-se de um crime de terrorismo que busca nos silenciar"

 A vereadora Marielle Franco (Psol) foi morta a tiros na noite desta quarta-feira (14), no bairro do Estácio, região central do Rio de Janeiro, que está sob intervenção militar na segurança pública do Estado. Reações de solidariedade e revolta estão vindo do Brasil inteiro. Tem atos e eventos marcados para todo o dia de hoje. 

Marielle, que denunciava a violência policial no Rio e era reconhecida ativista dos direitos humanos, em especial da população mais pobre, estava dentro de um carro acompanhada de um motorista, que também foi morto, e de uma assessora, que sobreviveu.

Não há sinal de assalto e são poucas as informações sobre a autoria do assassinato, mas as evidências indicam claramente que Marielle e seu motorista foram executados. As marcas dos tiros, concentradas na parte posterior da janela do banco traseiro, onde ela viajava, indicam que havia um alvo determinado e premeditado. E, quatro dos nove tiros dirigidos contra a vereadora atingiram sua cabeça. 

Marielle estava indo para casa, no bairro da Tijuca, zona norte, voltando de um evento chamado "Jovens negras movendo as estruturas", na Lapa, quando teve o carro emparelhado por outro veículo. 

Antes de seu primeiro mandato como vereadora, Marielle, de 38 anos, vivia e atuava na comunidade da Maré, zona norte do Rio. Ela era socióloga, com mestrado em Administração Pública. 

Revolta e solidariedade à família, parentes e amigos
Em nota, o Grupo Tortura Nunca Mais diz que considera o assassinato de Marielle “a primeira execução política da Intervenção Militar no Estado do Rio de Janeiro. Entendemos que o país está sob um Estado de Exceção em que as forças fascistas estão agindo sem qualquer limite e avançando sobre a nossa sociedade”.
“Trata-se de um crime de terrorismo que busca nos silenciar!”, diz o Tortura Nunca Mais.
A ex-presidenta Dilma Rousseff disse, também em nota, repudia a morte da ativista e de Anderson Pedro Gomes, seu motorista. “Um ato covarde praticado contra uma lutadora social incansável”.
Dilma diz esperar que as investigações apontem os responsáveis por este crime abominável e lamenta esses “tristes dias para o país onde uma defensora dos direitos humanos é brutalmente assassinada”.

A ex-presidenta encerra a nota conclamando a sociedade e a militância a continuar resistindo: “Ela lutava por tempos melhores, como todos nós que acreditamos no Brasil. Devemos persistir e resistir nesse caminho”.

A direção estadual do PT afirmou em nota que Marielle era vereadora combativa e "militante por direitos humanos e igualdade social" e que é "preciso que as forças de segurança sejam rápidas e eficientes na apuração das circunstâncias deste crime". Assinada pelo presidente do partido no Rio de Janeiro, Washington Quaqua, a mensagem presta solidariedade à família e ao integrantes do Psol.

A legenda pela qual Marielle se elegeu com a quinta maior votação do município em 2016, com mais de 46 mil votos, reforça a hipótese de crime político. 

"Não podemos descartar a hipótese de crime político, ou seja, uma execução. Marielle tinha acabado de denunciar a ação brutal e truculenta da PM na região do Irajá, na comunidade de Acari. Além disso, as características do crime, com um carro emparelhando com o veículo onde estava a vereadora, efetuando muitos disparos e fugindo em seguida, reforçam essa possibilidade. Por isso, exigimos apuração imediata e rigorosa desse crime hediondo", diz a nota do Psol. Marielle era entusiasta da indicação da chapa Guilherme Boulos e Sônia Guajajara para disputar a presidência da República.

Saiba Mais

·                     Morte de Marielle Franco repercute na imprensa internacional
O PCB do Rio de Janeiro ressaltou em mensagem que o assassinato "amplifica mais fortemente a chaga da violência urbana a que está exposta a população pobre e negra brasileira". 
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) emitiu mensagem de pesar e dor pelo assassinato de Marielle e do motorista que a acompanhava. "Marielle, uma amiga do MST e militante destacada na defesa dos direitos humanos e da igualdade social, deixa um legado de lutas em favor da classe trabalhadora", diz o movimento.

Há duas semanas, Marielle havia assumido a relatoria da Comissão da Câmara de Vereadores do Rio, criada para acompanhar a intervenção federal na segurança pública do estado. Ela vinha se posicionando publicamente contra a medida.

A parlamentar denunciou em suas redes sociais, no fim de semana, uma ação de policiais militares na favela do Acari. "O 41º Batalhão da Polícia Militar do Rio de Janeiro está aterrorizando e violentando moradores de Acari. (…) Acontece desde sempre e com a intervenção ficou ainda pior", escreveu.
A PM do Rio confirmou a operação e argumentou que criminosos atiraram contra os policiais e houve confronto.
Atos e eventos agendados em protesto contra a #execução de Marielle Franco: 

O PCB do Rio de Janeiro ressaltou em mensagem que o assassinato "amplifica mais fortemente a chaga da violência urbana a que está exposta a população pobre e negra brasileira". 
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) emitiu mensagem de pesar e dor pelo assassinato de Marielle e do motorista que a acompanhava. "Marielle, uma amiga do MST e militante destacada na defesa dos direitos humanos e da igualdade social, deixa um legado de lutas em favor da classe trabalhadora", diz o movimento.

Há duas semanas, Marielle havia assumido a relatoria da Comissão da Câmara de Vereadores do Rio, criada para acompanhar a intervenção federal na segurança pública do estado. Ela vinha se posicionando publicamente contra a medida.

Marielle, que denunciava a violência policial no Rio e era reconhecida ativista dos direitos humanos, em especial da população mais pobre, estava dentro de um carro acompanhada de um motorista, que também foi morto, e de uma assessora, que sobreviveu.
Não há sinal de assalto e são poucas as informações sobre a autoria do assassinato, mas as evidências indicam claramente que Marielle e seu motorista foram executados. As marcas dos tiros, concentradas na parte posterior da janela do banco traseiro, onde ela viajava, indicam que havia um alvo determinado e premeditado. E, quatro dos nove tiros dirigidos contra a vereadora atingiram sua cabeça. 
Marielle estava indo para casa, no bairro da Tijuca, zona norte, voltando de um evento chamado "Jovens negras movendo as estruturas", na Lapa, quando teve o carro emparelhado por outro veículo. 

Antes de seu primeiro mandato como vereadora, Marielle, de 38 anos, vivia e atuava na comunidade da Maré, zona norte do Rio. Ela era socióloga, com mestrado em Administração Pública.
Revolta e solidariedade à família, parentes e amigos, em nota, o Grupo Tortura Nunca Mais diz que considera o assassinato de Marielle “a primeira execução política da Intervenção Militar no Estado do Rio de Janeiro. Entendemos que o país está sob um Estado de Exceção em que as forças fascistas estão agindo sem qualquer limite e avançando sobre a nossa sociedade”.
“Trata-se de um crime de terrorismo que busca nos silenciar!”, diz o Tortura Nunca Mais.

SOLIDARIEDADE Nota de Pesar pelo assassinato da vereadora Marielle Franco

O Sindicato dos Comerciários de Fortaleza, através do seu Coletivo de Mulheres, se solidariza com companheiros, amigos e familiares da vereadora do Rio Janeiro pelo PSOL, Marielle Franco, brutalmente assassinada na noite desta quarta-feira, 14/3.

Marielle era reconhecidamente uma ativista dos direitos humanos, em especial da população mais pobre, das favelas, movimento negro, além de defensora dos direitos das mulheres e minorias. Ela foi assassinada a tiros, juntamente com seu motorista, quando voltava de um evento chamado “Jovens Negras Movendo as Estruturas”. Não houve sinais de assalto e as suspeitas são de que eles foram executados.

Muito nos entristece essa notícia, pois em pleno mês de março, mundialmente conhecido como o mês da defesa e valorização dos direitos das mulheres, que uma ativista tão atuante seja brutalmente assassinada dessa maneira. Entretanto, o Coletivo de Mulheres Comerciárias considera que a luta pelos direitos humanos e das mulheres não pode cessar diante desta tragédia, que encontra semelhanças infelizes em cada comunidade pobre e periférica do Brasil.

Que o exemplo de luta de Marielle continue a inspirar a todos(as) aqueles e aquelas que lutam por justiça social, direitos humanos e em defesa das minorias.

Companheira Marielle Franco, Presente!
Fonte: Sindcomerciários

terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

Lula lidera disparado #EleiçãoSemLulaÉFraude

Quem julga é o povo. Se não tiver tapetão e democracia brasileira for respeitada, Lula ganha eleições para presidente este ano. Ele é o preferido por 37% dos brasileiros, segundo Datafolha.

Apesar de todos os ataques e perseguições da mídia e parte do Poder Judiciário nos últimos anos, Lula continua imbatível e lidera o primeiro turno das eleições para presidente da República deste ano em todos os cenários em que seu nome é colocado.
Pesquisa Datafolha divulgada nesta quarta-feira (31) mostra que os percentuais de intenção de voto em Lula variam de 34% a 37% no primeiro turno e que ganharia de todos os adversários por ampla margem no segundo turno. 
E se a crise democrática for confirmada e a Justiça tirar Lula do páreo, o nome indicado pelo ex-presidente também fica a frente dos demais - 27% dos eleitores afirmam que votariam com certeza em um nome indicado por Lula; e 17% afirmam que talvez votem.
As intenções de voto em Jair Bolsonaro, o segundo colocado, variam de 16% a 20%, no máximo - ele tem 22% dos votos entre os homens e apenas 10% entre as mulheres - e perde para os brancos e nulos, caso Lula seja impedido de participar do pleito.
Crise democrática
O diretor do instituto Datafolha, Mauro Paulino, analisando a possibilidade de Lula ser retirado da disputa diz que “a possível inelegibilidade do ex-presidente aprofunda a crise de representação no cenário político e lança ainda mais incertezas sobre o pleito deste ano e seus desdobramentos”.
Isso, diz ele, “aprofundaria a crise democrática”.
Se Lula for proibido pela Justiça de disputar a eleições este ano os votos brancos e nulos ganham a disputa. A taxa de brasileiros que pretendem votar em branco ou anular o voto cresce mais de dez pontos percentuais e passa a ser a resposta da maior parte dos brasileiros - alcança 32% do total dos eleitores, se não puderem votar em Lula. Bolsonaro perderia para os brancos e nulos, com 20%.
A pesquisa foi realizada entre os dias 29 e 30 de janeiro, após a condenação em segunda instância do ex-presidente Lula no julgamento que ficará marcado pela rapidez, imparcialidade e falta de provas que expôs a politização da Justiça brasileira, em especial a 8ª Turma do TRF-4 que não só confirmou como ampliou a pena injusta imposta pelo juiz Sérgio Moro, de Curitiba.

terça-feira, 21 de novembro de 2017

SP: Marcha da Consciência Negra reforça luta contra o golpe e o racismo

Passeata também enfrentou ação de boicote de Dória na Avenida Paulista.

Organizações do movimento negro enfrentaram a típica garoa paulistana e a truculência do prefeito João Dória (PSDB) para tomar as ruas da capital na 14ª Marcha da Consciência Negra nesta segunda-feira (20).

Minutos antes de os manifestantes partirem do vão livre do Masp, Doria tentou impedir a saída do carro de som, mas fracassou. A caminhada seguiu até o Teatro Municipal e, mesmo sob ameaça de multa, os movimentos empunharam a bandeira da luta contra o racismo, o genocídio e por um projeto político para o povo preto, temas da mobilização deste ano.

Passado o momento de tensão, o dia foi marcado por celebração com atividades culturais, batucadas, rodas de capoeira e poesia de um povo que segue resistindo contra o avanço do racismo e da discriminação.

Segundo a organização, a marcha reuniu 15 mil pessoas que lembraram o impacto do golpe sobre a população negra, a maior prejudicada por reformas, como a trabalhista, que retiram direitos básicos e que estão na pauta do governo golpista de Michel Temer (PMDB) e aliados do PSDB.
Para a secretária de Combate ao Racismo da CUT-SP, Rosana Aparecida da Silva, as mudanças propostas por Temer, rejeitado por 97% da população, é um desastre especialmente para quem mais precisa do Estado.

“Sabemos que as reformas feitas, como a trabalhista, e o congelamento dos investimentos públicos irão nos afetar diretamente, já que a população negra é a quem tem menores salários. Para as mulheres negras e os jovens que estão no topo desta desigualdade, isso é trágico. É uma situação que se agrava ainda mais com a falta de investimentos em políticas públicas.”

Diante deste cenário de retrocessos, o professor de História, representante da Uneafro Brasil e colunista do portal da Carta Capital, Douglas Belchior, avaliou que o genocídio dos negros também tende a se aprofundar na medida em que aumentam a crise social e a pobreza.

“O racismo é um instrumento de dominação do povo brasileiro por parte das elites históricas, escravocratas e racistas. E, à medida que aumentam as crises social e econômica, em que aumenta a pobreza, o racismo é o grande signo de atuação e justificativa para repressão desse povo. Ela serve à repressão que precisa dar conta de controlar as massas empobrecidas.”

Para Rosana, o caminho é a unidade e a mobilização nos locais de trabalho e nas ruas. “Marchar é resistir ao racismo estrutural e estruturante no Brasil”, ressaltou a dirigente.
Fundador do Movimento Negro Unificado (MNU), em julho de 1979, Milton Barbosa lembrou que mesmo diante das derrotas e dos retrocessos é preciso reconhecer que nos últimos anos de governos progressistas, avanços ocorreram no Brasil em programas de ação afirmativa, como as cotas raciais. E explicou que a luta contra o racismo é internacional.

“Todos os países que foram estruturados na escravidão e no colonialismo têm o racismo na base de sua sociedade e isso precisa ser combatido. Esse papo de cordialidade no Brasil, não é verdade. É um racismo violento que vivemos, que mata jovens negros todos os dias nas periferias.
Ao lado do filho Nicholas, a dirigente do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e região, Ana Marta Lima, destacou que marchas como a da Consciência Negra representam uma experiência de conscientização política. “Continuamos na luta mesmo diante do ódio e do racismo que aumentam no Brasil."
Além da marcha na capital, outras ações ocorreram nas cidades de Campinas, Presidente Prudente e Guarulhos.

Violências vividas
Como milhares de outras brasileiras, a psicóloga Cátia Cristina Cripriano, 46 anos, já sentiu na pele a discriminação racial e conta que, apesar de parecer velada em algumas situações, fez parte do seu cotidiano de mulher negra.

Só que por conta de um racismo disfarçado, Cátia explica que só tomou consciência disso no movimento negro.
“Fui percebendo o racismo velado, entendendo porque não conseguia alcançar algumas coisas como eu gostaria por conta de uma autoestima baixa. Compreendi que minha autoestima foi destruída desde que eu era criança, o que me fez trabalhar isso em mim desde então”, afirma ela, que se formou em Psicologia aos 40 anos e hoje é aluna da especialização em Direitos Humanos da Universidade Federal do ABC.

A violência vivida por Cátia e outras tantas ainda desconhecidas podem ser explicadas a partir da compreensão do que foram os 380 anos de escravidão que influenciam, até os dias de hoje, a sociedade brasileira, avalia o professor Thiago Rubens da Silva, que leciona História do Brasil a estudantes da região da Brasilândia, zona norte de São Paulo, e coordena cursos comunitários pré-vestibulares.
 “Hoje é um dia de luta, de protestos contra o governo ilegítimo de Temer (PMDB) e o governo de Geraldo Alckmin (PSDB). Inclusive temos denunciado em organismos internacionais o genocídio que acontece nas periferias do estado.”

Também foram realizadas marchas em diversas cidades do interior paulista, Na foto, Campinas.
  

Assista como foi a manifestação em São Paulo:





MST promove jornada de luta contra ameaças de despejos em 20 áreas no Sul e Sudeste do Pará

As famílias sem terra ocuparam rodovias em diversos municípios nesta terça-feira (21/11) e protestaram contra a Vale

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) deslanchou nesta terça-feira (21) uma nova jornada de luta e resistência contra os 20 despejos já anunciados em áreas de ocupação nas regiões sul e sudeste do Pará e que devem ocorrer até o final de dezembro, segundo determinação do Judiciário paraense. Houve o trancamento por algumas horas de rodovias importantes nos municípios de Marabá e Canãa dos Carajás. Os sem terra também se juntaram a entidades sindicais e sociais para protestar em frente à sede da Vale S/A, em Parauapebas.  
Em Marabá, as famílias dos acampamentos Dalcidio Jurandir e Hugo Chávez ocuparam a BR 155, que corta vários municípios do Sudeste paraense, próximo ao acampamento Helenira Resende. Os três acampamentos estão na lista das áreas que sofrerão despejos.  
Em outro ponto, durante a madrugada, cerca de 500 sindicalistas e sem-terra ocuparam a rodovia que dá acesso ao maior projeto mineral do mundo, o projeto Ferro Carajás S11D, da Vale, localizado no município de Canaã dos Carajás. Os manifestantes reivindicam que a empresa retire todas as liminares de despejo que hoje ameaçam centenas de famílias.  
No final da manhã, os trechos ocupados foram liberados, mas os agricultores permanecerão acampados nas margens das rodovias. Segundo Ulisses Manaçás, liderança nacional do MST, a intenção é manter os protestos por três dias. 
As ações de despejo devem atingir nove mil pessoas que vivem nas 20 áreas de ocupações há quase 10 anos e já estão com suas vidas consolidadas e produzindo. As áreas também já estão dotadas de infraestrutura, como energia elétrica e escolas.  
As liminares foram expedidas pela Vara Agrária de Marabá e pelo Tribunal de Justiça do Estado. A operação atende aos pedidos dos fazendeiros que exigem do Governo do Estado e do Judiciário o cumprimento dos despejos.
Em frente à sede da Vale S/A, em Parauapebas, o MST se somou ao ato cívico e cultural que tinha como objetivo, além de denunciar os crimes do latifúndio e da mineradora na região, também mostrar que o movimento popular e sindical está atento às futuras votações no Congresso Nacional das medidas provisórias que mudam as regras do setor da mineração e prejudicam a população local: a MP  789/17 (trata sobre e altera as legislações relativas à Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais, os royalties); a MP 790/17 (altera o código de mineração e outras legislações relativas a gestão mineral); e a MP 791/17, que cria a Agência Nacional de Mineração (ANM), em substituição ao atual Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM).
 Escrito por: Fátima Gonçalves / CUT-PA 

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