As famílias sem terra ocuparam rodovias em diversos municípios nesta terça-feira (21/11) e protestaram contra a Vale
O Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem Terra (MST) deslanchou nesta terça-feira (21) uma nova jornada de
luta e resistência contra os 20 despejos já anunciados em áreas de ocupação nas
regiões sul e sudeste do Pará e que devem ocorrer até o final de dezembro,
segundo determinação do Judiciário paraense. Houve o trancamento por algumas
horas de rodovias importantes nos municípios de Marabá e Canãa dos Carajás. Os
sem terra também se juntaram a entidades sindicais e sociais para protestar em
frente à sede da Vale S/A, em Parauapebas.
Em Marabá, as famílias dos
acampamentos Dalcidio Jurandir e Hugo Chávez ocuparam a BR 155, que corta
vários municípios do Sudeste paraense, próximo ao acampamento Helenira Resende.
Os três acampamentos estão na lista das áreas que sofrerão despejos.
Em outro ponto, durante a
madrugada, cerca de 500 sindicalistas e sem-terra ocuparam a rodovia que dá
acesso ao maior projeto mineral do mundo, o projeto Ferro Carajás S11D, da
Vale, localizado no município de Canaã dos Carajás. Os manifestantes
reivindicam que a empresa retire todas as liminares de despejo que hoje ameaçam
centenas de famílias.
No final da manhã, os trechos
ocupados foram liberados, mas os agricultores permanecerão acampados nas
margens das rodovias. Segundo Ulisses Manaçás, liderança nacional do MST, a
intenção é manter os protestos por três dias.
As ações de despejo devem
atingir nove mil pessoas que vivem nas 20 áreas de ocupações há quase 10 anos e
já estão com suas vidas consolidadas e produzindo. As áreas também já estão
dotadas de infraestrutura, como energia elétrica e escolas.
As liminares foram expedidas
pela Vara Agrária de Marabá e pelo Tribunal de Justiça do Estado. A operação
atende aos pedidos dos fazendeiros que exigem do Governo do Estado e do
Judiciário o cumprimento dos despejos.
Em frente à sede da Vale S/A,
em Parauapebas, o MST se somou ao ato cívico e cultural que tinha como
objetivo, além de denunciar os crimes do latifúndio e da mineradora na região,
também mostrar que o movimento popular e sindical está atento às futuras votações
no Congresso Nacional das medidas provisórias que mudam as regras do setor da
mineração e prejudicam a população local: a MP 789/17 (trata sobre e
altera as legislações relativas à Compensação Financeira pela Exploração de
Recursos Minerais, os royalties); a MP 790/17 (altera o código de mineração e
outras legislações relativas a gestão mineral); e a MP 791/17, que cria a
Agência Nacional de Mineração (ANM), em substituição ao atual Departamento
Nacional de Produção Mineral (DNPM).
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