ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE NOSSAS POSTURAS
ÉTICO-POLÍTICAS E PRÁTICAS SINDICAIS (*)
Estes apontamentos, críticas e
sugestões foram sendo construídos a partir de minha vivência profissional e de
minha militância entre os dirigentes sindicais. Nestes quase 15 anos de
atividade como trabalhador em sindicatos e para sindicatos e movimentos sociais
(e consta de minha memória política e trajetória profissional ter trabalhado, e
estou cotidianamente trabalhando, para centenas de sindicatos, quase milhares
de dirigentes e militantes sindicais, dentro e fora do Estado do Rio)
Como militante, como formador
sindical, educador de projetos educacionais desenvolvidos por sindicatos, e de
professor, venho me indagando se os dirigentes sindicais entendem realmente
quais são suas tarefas e suas funções dentro de uma entidade sindical.
São reflexões de críticas e
autocríticas, agudas, duras, fortes, mas fraternas e solidárias, não dirigidas
especificamente a nenhum dirigente sindical, mas como contribuição para que o
movimento sindical reencontre os caminhos pensados por seus generosos
fundadores.
Alguns traços são comuns em
grande parte dos sindicatos, de diferentes categorias, setores produtivos,
ramos, regiões. Traços de uma antropologia sindical,ou de uma psico-sociologia
do dirigente sindical. Resolvi tornar públicas estas reflexões, depois de
socializar este texto em cursos, reuniões, conversar e ler, com alunos (as) da
universidade, colegas, companheiros (as) e amigos (as) militantes,
trabalhadores (as) dirigentes sindicais e de movimentos sociais.
A porta de entrada para o
sindicato, para a maioria dos dirigentes, é a prática, a experiência da luta
direta, dos enfrentamentos. A partir dela muitos trabalhadores e trabalhadoras
saem de seus locais de trabalho e assumem um cargo ou uma função no aparelho
sindical, como dirigente.
Ao chegar à estrutura, muitas
vezes desconhecendo seus processos internos de funcionamento, sua cultura
interna, seu emaranhado burocrático e as microrelações de disputas de poder, de
costumes, enfim, precisam tomar decisões, fazer “as coisas andarem, responder
ao que a categoria cobra” e vão se movimentando na máquina e no movimento,
mesmo sem conhecer o terreno onde estão pisando.
Outros dirigentes sindicais
passam anos, mandatos após mandatos dentro do sindicato sem saber qual o seu
verdadeiro papel, para que foram criados, e a que serve. É bem verdade que a
“culpa” não cabe apenas a ele, mas, principalmente, ao próprio sindicato não
lhe possibilita qualquer tipo de formação, não o qualifica política e
ideologicamente para entender o sindicato como instrumento de transformação
social e defesa dos direitos. Muitos não têm a extensão da importância
histórica e política deste instrumento de classe. São tomados de uma vontade de
acertar, de fazer, que se confunde com um desorganizado voluntarismo militante.
O próprio dirigente, em geral,
também se preocupa muito pouco com isto e, na falta de uma política de
formação, acaba saindo da diretoria do sindicato do mesmo modo que entrou.
Muita tem menosprezo pela formação, acham-na de menor importância. Assumem um praticismo
sem reflexão, vazio de estudo, carregado de palavras de ordem, parecem latas
barulhentas às vezes se movendo na superfície da política, cheios de
preconceitos, de preguiça teórica, e com pouco ou nenhum conhecimento político
e de teoria.
Às vezes constroem um pequeno
latifúndio político em área de domínio, onde se sente dono, todo poderoso,
chefe, mini monarca, aprendiz de déspota. Uma miniatura de sua visão de poder,
do que faria se tivesse em mãos o aparelho de Estado, o governo, o orçamento e
a máquina pública (carros, telefones, computadores, subalternos). Ou é um
simulacro de empresário, com DNA de capitalista circulando nas veias, coração e
mente.
Muitos assumem postura e
práticas mandonistas, arrogantes, burocratizantes, etc. Sem projeto estratégico,
sem metas coletivas definidas, vão se movendo ao formato das ondas, seguindo o
rumo da maré. Quem não tem caminho definido, caminha sem rumo, qualquer caminho
serve, e sem ter certeza onde quer chegar, fica fazendo as mesmas coisas ao
longo do tempo, caem na rotina, na monotonia, no automatismo das “tarefas
cotidianas”, fazendo diariamente tudo quase sempre igual, do amanhecer ao fim
da noite, colocando a vida sindical numa espécie de piloto automático.
Para certos sindicalistas basta
ir à escola, à empresa, ao banco, à loja, ao canteiro de obras, à fábrica
(dependendo do ramo onde atua), falar no carro de som, distribuir um jornal de
vez em quando, fazer uma visita burocrática “à base” e pronto, está com a
“consciência tranqüila do dever cumprido”.
Eis, então o protótipo do
dirigente sindical. São poucos aqueles que lêem jornal diariamente, discutem os
conteúdos do que leram, refletem e comparam, criticam, discutem, analisam a
conjuntura para além das aparências descritas pelas manchetes ou pelas opiniões
dos colunistas. Muitas vezes saem repetindo uma informação pela metade, uma
versão deformada do fato em si. Ouvem pouco, na verdade detestam ouvir, não têm
paciência com os argumentos dos outros.
Poucos se interessam pelo
estudo e aprofundamento de economia, de política internacional, de políticas
públicas, de educação, de meio ambiente, de direitos humanos, de preconceitos,
de ideologia, de cultura, enfim. Nas reuniões de diretoria há pouca prioridade
para o debate de conjuntura, de estratégias políticas de longo prazo, de
reflexão crítica e autocrítica sobre sua própria prática.
Confundem a análise da
conjuntura e da correlação de forças na luta de classes com meros informes,
repasses de decisões de reuniões, relatos de plenários, ou agendamento de
tarefas e planos de lutas. Poucos sindicatos pautam análise de conjuntura em
suas reuniões, quando muitos elas se reduzem a confrontação de posições das
tendências ou marcação de posição sobre “a verdades que temos”, contra “os
equívocos e erros que outros carregam”. Sempre estamos certos, os outros é que
não têm a certeza que temos. Errados são os outros!
A maior parte do tempo se
discute administração, questões internas, burocracia da máquina, cobrança ou
vigilância sobre a prática ou o que pensa ou faz o outro colega de gestão, da
outra corrente, ou da outra empresa, ou da outra fábrica. Quando se tem
correntes diferentes na mesma direção, a demarcação de posição e a luta por
hegemonia interna ficam mais evidentes. Controlar a tesouraria, o talão de cheques,
a conta bancária, as chaves dos carros, e ter domínio pleno da secretaria geral
é o que mais causa disputa na conformação da hegemonia interna da entidade. As
montagens das chapas, a disputa pelos cargos, as negociações dos congressos, os
arranjos das plenárias, a “contagem de garrafinhas” faz desperdiçar enormes
energias políticas e esgarçam os tecidos éticos e políticos das vanguardas e às
vezes a troco de tudo se esvaziar alguns meses depois de assumir o mandato. A
correlação de forças, quando não bloqueia, emperra, tornam verdadeiros
fantasmas a amedrontar o sono dos vivos, que assumiram o mandato e estão
trabalhando! Um dia os fantasmas voltam, para recompor a correlação estática,
inerte e burocrática.
Como cuidam apenas de suas
tarefas individuais, de seu micro espaço de poder, são poucos os que lêem
contratos coletivos, os textos dos dissídios das outras empresas, fábricas,
fazendas, bancos, lojas ou orgãos que não sejam o seu. São sindicalistas de uma
empresa só, de seu local de trabalho só, de sua base, de seu “feudo”, que não
pode ser “abandonado” senão os piratas entram e desapropriam seu trunfo de
pode.
O corporativismo fica evidente,
minha empresa ou meu orgão primeiro. Negam na prática, de forma consciente ou
não, a solidariedade, a visão de classe, a luta geral, a emancipação coletiva,
que originou a árvore do sindicalismo, e deu frutos duradouros, do
internacionalismo proletário, da unidade dos trabalhadores contra o capital e o
Estado burguês. Reduzem tudo ao sindicalismo de conquistas pontuais, de
campanhas salariais, de defesa do assalariamento, de negociação do valor da
venda da força de trabalho.
Quantos lêem pelo menos dois
livros por ano? Há muitos sindicatos que possuem bibliotecas, que o
departamento de formação compra livros, centros de memórias, centro de vídeos,
mas poucos gastam seu precioso tempo lendo, consultando, escrevendo. Muitos
sindicalistas acham desnecessário existir departamento de formação, ou o tratam
com desdém, com menosprezo, quase sempre sem recursos.
Na hora de montar as chapas,
escolhem os “cargos que tem poder”. E a formação, a cultura, as políticas
sociais? ficam para na repartição das sobras. Gênero? Entrega para alguma
mulher da chapa! Quando possuem essa secretaria. Raça? Entrega para algum negro
ou negra, para garantir que respeita a diversidade! Essa política está matando
o sindicalismo combativo, classista e anticapitalista! Formação é visto como
gasto, como custo, como excedente, não como investimento político, como
produção de novos militantes, como instrumento para renovar e reinventar a ação
sindical.
Poucos sindicalistas, ainda bem
que existem muitos, carregam nas pastas, ou nas suas estantes, livros de
análise social, ética, de filosofia política, de direito do trabalho, de
inovações tecnológicas, de ideologia e alienação, de história de seu país, de
cultura, de destruição do meio ambiente, de raça-gênero-classe, de revoltas
populares e movimentos sociais rurais, por exemplo. Enfim, de formação
intelectual mais ampla que o corre-corre do cotidiano?? Um sindicalismo que não
discute estratégia só fica na tática! Um movimento que não se alimenta de
utopias, vive escravo do pragmatismo, submisso à mordaça do possível!
Quantos, depois que entram na
máquina, se afundem na micro física do poder se preocupam em voltar a estudar?
Em fazer uma graduação ou uma pós graduação, ir a uma palestra, um evento
científico, uma conferência de um tema fora de seu âmbito profissional ou de
atuação política, a um bom teatro, uma exposição num museu, a um bom filme.
Umas vezes a desculpa é falta de dinheiro, noutras, a falta de tempo, o excesso
de “tarefas” sindicais. Sempre se tem uma boa desculpa a justificar.
O dirigente – como o próprio
nome já diz – é para dirigir, formular, apontar caminhos, ocupar-se da busca de
alternativas. Mas formular e dirigir o que? Mas quantos têm realmente postura
de dirigente? Tolerância? Paciência? Argumentação? Compromisso ético? Conteúdo
político? e capacidade de negociar e dialogar em situações adversas? em que se
exige uma atitude de dirigente? A ponto de assim ser reconhecido pelos colegas
de trabalho, a base?
Uma das tarefas do dirigente
sindical é organizar o movimento, movimento se produz de teoria e prática
(Lênin, líder da Revolução Russa, dizia que só existe movimento revolucionário
se existir teoria revolucionária, e prática revolucionária! Ta bom, se não
quiser usar o termo “revolucionário”, que se use o termo “crítico”, ou
“anticapitalista”. A verdade é que teoria-prática-movimento é produto de um
processo inseparável, que se retroalimentam.
O papel de direção é
fundamentalmente o de canalizar e potencializar as energias dos trabalhadores,
sentir as necessidade de sua base, viver com ela, dialogar com ela, sem
arrogância, sem pedantismo, sem se sentir dono da verdade, sem autoritarismo,
buscando sempre convencer e trazer para o lado do sindicato, a construção da
consciência é um caminho longo, tortuoso, contraditório, mas só com consciência
e organização coletiva se muda o mundo!
Estar constantemente em contato
com base é um requisito essencial para que se tenha representatividade,
legitimidade, não só para passar informações, mas para ouvir, sentir o que ela
está sentido, pensar o que ela está pensando, pulsar com ela, sentir o pulso
dela, ser intérprete dela, para fazer avançar, evoluir a organização, dar um
agir coletivo à nossa herança capitalista de competir e resolver tudo sozinho.
Só a partir do que sente e
pensa a base é que o dirigente pode transformar em propostas objetivas e
viáveis o que a categoria quer. Só conhecendo as demandas concretas é que
podemos politizá-las, dando um sentido político mais amplo a uma luta isolada e
corporativa, e dessa forma dar conta das demandas, desejos e inquietações dela.
Alguns dirigentes ouvem pouco a
base, se afastam do mundo real, elaboram propostas sem levar em conta a
correlação de forças, sem verificar cautelosamente quem são os aliados táticos
e estratégicos, os aliados imediatos e os históricos, sem conhecer a força e a
fraqueza do inimigo de classe e dos aliados destes. Tomam decisões radicais na
forma, mas impotentes no conteúdo, sem medir prós e contras de uma determinada
conjuntura, que armas possuímos, como disse, radicalizam na forma, muitas vezes
impotentes no conteúdo.
Existe uma dialética na prática
e na teoria dos movimentos, das pessoas, enfim, do processo educativo, que diz
que devemos elaborar mobilizando e mobilizar elaborando. Gramsci, um militante
comunista italiano, chama isso de Práxis, uma síntese entre teoria e prática.
Que se arma da luta prática e do estudo aprofundado. Alguns dirigentes querem
prescindir da base e passam a elaborar apenas abstrações. Dirigente que se
preza não mobiliza ninguém no abstrato ou só porque está com raiva do patrão,
desilusão com o governo, ódio do inimigo, possuído por uma obsessão sem racionalidade
política.
Muitos não ultrapassam o senso
comum, não superam seus preconceitos, olham e tratam os outros com desprezo,
olhando de cima, dando ordens para a categoria e para os que o cercam, muitas
vezes abusando de uma autoridade conferida pelo mandato sindical para assediar
moralmente funcionários sindicais e mesmo sendo intransigente. Mal disfarçam
seu papel de dedicado aprendiz de patrão!
Para ser um bom dirigente é
preciso construir uma cultura de respeito e de valorização pelo que o outro faz.
Ensinar significa transferir o que de bom você possui. Educar para a
solidariedade, para a tolerância, para a vida em coletivo, para a troca e a
parceria.
Outra tarefa importante do
dirigente é praticar a democracia. É contraditório falar em democracia e
atropelar a base, usá-la como massa de manobra, tendo a base por ignorante e
equivocada, atrasada e burra! É contraditório falar em democracia e encaminhar
diferente do que a maioria decidiu, ou interpretar o seu modo o que foi
aprovado com o melhor para o coletivo. Mesmo que os trabalhadores não saibam
verbalizar ou escrever suas reivindicações, eles darão sinais, pistas,
caminhos, se soubermos ouvir, que serão fundamentais para a vitória destas. O
dirigente, como disse anteriormente, e nunca é demais reafirmar, tem que ouvir,
ouvir mais do que falar.
O dirigente sindical tem que
democratizar o espaço sindical, fazendo com que ela seja de total liberdade
para as grandes discussões e propostas da categoria. O sindicalista deve criar
formas e mecanismos que permitam à categoria opinar e discutir.
O sindicato deve se posicionar
sobre vários temas da atualidade e da vida do trabalhador, para isso deve
estimular a existência de plebiscitos, exercício da democracia direta,
consultas, coletivos temáticos, grupos de trabalho, reuniões, assembléias,
debates, seminários, oficinas, congressos.
Quantos sindicatos menosprezam
o planejamento estratégico? Atuam como bombeiros, sempre correndo para apagar
os incêndios, ou fazendo a “política do cachorro louco”, que ficam correndo
atrás do próprio rabo, sem entender que a doença está na cabeça, e se manifesta
no rabo. Erro de diagnóstico, erro de tratamento!
O bom dirigente sindical deve
ser planejador, ter governabilidade sobre o que planeja, executar o que
planeja, planejar o que executa! Não viver apenas em função do dia a dia. Tem
que pensar sua ação no sindicato tendo a dimensão do curto, do médio e do longo
prazo. Entender o que tático, provisório, passageiro, do que é estratégico,
permanente, princípio, meta.
Um dirigente qualificado tem
que estudar as grandes transformações sócio econômicas e política para buscar
entender o que tudo isso repercute no cotidiano do trabalhador, o desanima, o
aliena, o fragiliza, o desespera, enfim. Buscar compreender o que estas mudanças
produziram nas condições de vida e de trabalho de nossa classe. Entender o todo
para agir no específico.
Estudar a história de nossa
classe, como tudo começou e porque começou. O que mudou, porque mudou e como
mudou. As concepções e práticas das gerações de sindicalistas anteriores a nós,
e ver o que herdamos, o que rompemos e o que precisamos alterar, para melhor
agir nos tempos de hoje. Por falar nisso, você planejou seu dia de hoje? Já
estudou hoje?
O dirigente combativo e
consciente não deve ficar aprisionado ao corporativismo, preso aos interesses
imediatos do cotidiano que o cerca, mas buscar traze-los para os interesses
mais amplos da categoria e da classe.Tem dirigente que fica 10 anos no
sindicato e continua corporativismo, só vai ao seu local de trabalho. Não
evoluem. Não compartilham os problemas dos outros setores, parecem defender um
latifúndio, avesso a fazer uma reforma agrária do terreno onde influem
politicamente. Permanecem presos na rotina, na zona de conforto, na mesmice
O dirigente deve ter uma
relação familiar normal, ter tempo para lazer, convier com os amigos, com os
filhos, ir ao jogo de seu time, curtir as manhas de sol de domingo, passear, há
tanta cultura e história para se conhecer e viver na sua cidade, nas
cachoeiras, nas praias. Promover festas, reunir os amigos, lazer,
confraternização, bate papo, cantoria, um pelada de futebol, sem a primazia da
competição, mas pela alegria da comunhão coletiva, do aprendizado de classe.
Alguns estouram a vida por
causa do sindicato, do partido. Carregam sentimentos de culpas. Muitos
dirigentes usam o sindicato e o mandato com mecanismo de fuga, como gangorra
afetiva, bastidor de frustrações, como terapia ocupacional, como desaguadouro
da defasagem profissional.
Tem dirigente sindical mal humorado, carrancudo, sempre armado, com resposta
pronta, que desconfia de tudo e de todos, infeliz, angustiado, extressado,
cuida pouco de si.. Sua ideologia deve te fazer acreditar na vida e num futuro
melhor, é para isso que lutamos. Portando, um futuro que nos torne mais
felizes, num presente de lutas menos sofridas, porque lutar não é sinônimo de
cumprir penitência.
Reafirmo: Uma desgraça que nos
assola: Muitos, nos momentos de disputa eleitoral, brigam ferozmente por um
cargo na chapa, uma vaga na próximadiretoria. Noites e noites de debates para
montar o quebra-cabeça dos cargos. Após a eleição, a posse festiva e tantas
promessas e declarações de princípios, depois desaparecem, quando muito vêm nas
reuniões, e são especialistas em criticar. Quando lhe interessa, assume o
crachá de dirigente, quando não lhe interessa, se esconde e faz de conta que
não é com ele.
Dirigente que se preza faz
avaliações constantes de seu desempenho. O que estou fazendo? Porque estou no
sindicato? Cresci? Produzi? Ajudei o grupo a crescer? Fui menos vaidoso hoje?
Pratiquei a tolerância no trato político? Cumprimentei os funcionários? Minhas
críticas foram construtivas? O movimento cresceu? O sindicato se fortaleceu?
Quantas pessoas eu trouxe para o sindicato com minhas atitudes? Fiz relatórios
aos colegas daquilo que fiz?
A avaliação não deve ser uma
forma de punir, mas como método de crescimento, processual, mediadora,
construtora de laços e de projetos. Aceitar críticas da base. Alguns dirigentes
se dizem apolíticos, estufam o peito, fazem questão de se dizer apartidários,
apolíticos, não entendem que as grandes lutas por transformações sociais que
interessaram os trabalhadores foram dirigidas por partidos políticos operários
e que o sindicato é um instrumento político fundamental para que a classe
trabalhadora conquiste o poder. Misturam a má política, as vaidades, as
deformações e erros humanos com o verdadeiro sentido da política, que é a busca
do bem comum.
Muitos assumem os discursos das
elites e menosprezam a atividade política, despolitizam as lutas, esvaziam-nas
de conteúdos críticos, ficam aprisionados no corporativismo imediatista,
burocratizando e administrando micro poderes e recusando a fazer política, e
sendo levado pela política dos patrões, dos verdadeiros inimigos de classe: Os
capitalistas.
Outros buscam o sindicato como
forma de estabilidade e ter menos cobranças. Deve se perguntar sobre como está
o trabalho do sindicato na categoria, mobilizar as delegacias, comissões de
base ou organização no local de trabalho para se integrar numa política de
frente única e lutar pelos interesses econômicos e políticos dos trabalhadores.
Respeitar a autonomia dos
grupos que se organizam no local de trabalho, mas dialogar sempre com eles.
Muitos dirigentes não convocam a base, com medo que ela cresça e se politize,
ameaçando o poder do dirigente nas futuras eleições sindicais e nas negociações
das campanhas salariais.Enfim, ser um sujeito histórico, estudar, ler,
refletir, e lutar para que os trabalhadores superem suas injustas cadeias de
opressão, exploração, e se tornem também sujeitos históricos.
Marx, aquele pensador alemão,
referência para o movimento operário, para o internacionalismo socialista e os
movimentos revolucionários, que muitos recusam, o neoliberalismo odeia, mas que
continua vivo política e teoricamente, principalmente na análise do capitalismo
contemporâneo e na busca de uma alternativa socialista para os trabalhadores,
tem uma frase que nos deve fazer pensar, hoje: A emancipação dos trabalhadores
será obra dos próprios trabalhadores. Somos sujeitos históricos de nossa
própria história. Vamos revolucionar nossa prática e teoria sindical, na
concepção e na gestão sindical??
(*) - Helder Molina
Historiador
Mestre em Educação
Professor da Faculdade de educação da UERJ
Educador Sindical
Assessor de Formação do Sindpd/RJ
Helder Molina
Professor de História
Educador Sindical